O Fim
e o Começo
[Parte 1]
[Parte 1]
Foi no ano de 2138 D.C que o termo DMMORPG não apenas existia, mas
também foi se tornando mais comum.
Começando com o
nome completo, Dive Multiplayer Online Role Playing Game é descrito como um
jogo interativo em que você consegue jogar em um mundo virtual, como se fosse a
vida real, por uma conexão direta a um console dedicado a uma nano-interface de
neurônios - uma rede de nano-computadores intercerebrais composta a partir da
quintessência do cibernético e da nanotecnologia.
Era como se você
entrasse no jogo pra valer.
Em meio a uma infinidade de
DMMORPGs que foram desenvolvidos, um único título se destacava acima dos
demais.
Yggdrasil.
Foi um jogo que um
desenvolvedor japonês altamente respeitado fez doze anos atrás, no ano de 2126.
Não importa qual DMMORPG era
comparado, Yggdrasil era um jogo que oferecia uma imersão de alto nível de
liberdade aos jogadores.
O número de classes que formam
o banco de dados do jogo passa facilmente de 2000, quando você coloca as
classes normais e classes finais.
Todas as classes tem um level máximo de 15, significando que o
jogador precisa de pelo menos 7 ou mais classes para alcançar a capacidade
máxima de 100.
Logo mais, você era capaz de
testar uma variedade de classes durante o tempo que você achasse necessário
para se sentir satisfeito. Apesar de ter sido ineficiente, pois era possível
ter 100 profissões de level 1 se você
quisesse.
Em outras palavras, era um
sistema onde é impossível ter algum personagem completamente idêntico ao seu, a
menos que você faça isso de propósito.
Esse nível de liberdade também
era aplicado ao visual. Se você usasse o "Creator Tools" (Ferramentas de Criação), que era vendido
separadamente, conseguiria alterar a aparência das armas e armaduras, dados
pessoais, visual do personagem e um detalhado esquema de opções para a casa do
jogador.
O que aguardava os jogadores
que partiam em aventuras em um mundo colossal como esse: Nove Mundos,
consistindo em Asgard, Alfheim, Vanaheim , Nidavellir, Midgard, Jotunheim,
Nifheim, Helheim, e Muspelheim.
Um vasto mundo, inúmeras
classes, e uma customização completa de personagem.
Isto acendia uma chama nos
espíritos artísticos dos jogadores japoneses e causou um fenômeno que foi
chamado mais tarde de "Popularidade visual".
Com tamanha explosão de
popularidade, a situação chegou a um ponto em que Yggdrasil e DMMORPG eram
considerados a mesma coisa no Japão.
—Infelizmente, isto é uma historia da
geração passada.
*
Uma grande mesa redonda
brilhante de obsidiana estava no centro do salão da guilda, cercada por 41
cadeiras luxuosas.
Mas a maioria delas estava
vaga.
Apenas duas silhuetas eram
visíveis agora onde todos os membros uma vez usaram para sentar
Um deles usava um vestido
elaborado, um manto negro adornado com bordas de ouro e violeta. A decoração em
volta de seu pescoço era um tanto que excessiva, mas, estranhamente, era
adequada.
No entanto, a cabeça que
deveria estar acima do excesso de colares não era nada menos que um crânio,
desprovido de carne ou pele. E havia um brilho negro avermelhado nas orbitas
ocas, havia também algo como uma auréola negra brilhante em cima de sua cabeça.
O outro indivíduo, sentado em
outra cadeira, também não era humano. Era um pedaço de gosma preta. Sua
superfície, uma reminiscência de alcatrão de carvão, tremia e nunca mantinha
uma forma consistente, nem mesmo por um segundo.
O primeiro indivíduo era um
Overlord que se destacava mesmo no topo entre os Elder Liches. Um mago que se tornou um morto-vivo para buscar a
magia final. O último era um Elder Black Ooze, uma raça com poderosas
habilidades ácidas que estava perto de ser o mais forte entre os tipos de
Slime.
Mas eles não eram monstros.
Eram avatares de pessoas.
As raças selecionáveis em
Yggdrasil eram divididas em três diferentes categorias: Raça clássica de
humanoides como Humanos, Anões e Elfos; raça demi-humana com diferentes
aparências como Goblins, Orcs e Ogros, favorecendo o poder físico; e as raças
Heteromórficas que possuíam habilidades de monstros e os maiores status que
qualquer outra raça, mas possuíam vários tipos de restrições. Se você incluir as
raças de alto tier para esses três
grupos, o número total de raças é de 700.
Overlord e Elder Black Ooze
são raças de alto tier Heteromórficas que os jogadores são capazes de
conseguir.
Entre essas duas pessoas, o
Overlord falava sem mexer a boca. Apesar de ser o melhor DMMORPG da geração
passada, era tecnologicamente impossível mudar as expressões de acordo com a
conversa.
"Wow, Já se passou um
longo tempo 'Meromero-sama'. Mesmo sendo o último dia para Yggdrasil,
honestamente, eu não esperava alguém aparecendo."
"Eu concordo. Faz muito
tempo 'Momonga-sama'."
O Elder Black Ooze respondeu
com a voz de um homem adulto, mas em comparação com o Overlord, não havia
nenhum traço que pudesse chamar de vigor ou vontade de viver.
"É a primeira vez desde
que você mudou de emprego na vida real, então, como tem sido? Não foi há tipo,
dois anos?"
"Ah... Parece que está
certo. Wow~ Foram realmente bons tempos... Nossa, cara... meu senso de tempo
está louco, já que eu venho fazendo horas extras noturnas todos os dias
atualmente."
"Isso não é realmente
perigoso? Você está bem?"
"Fisicamente? Estou um
completo bagaço. Mas não tanto para eu ter que visitar um médico, apesar de
estar quase ao ponto de ir. Eu realmente quero sair correndo. Mas, eu tenho que
ganhar dinheiro pra poder comer, então eu estou trabalhando para minha querida
vida enquanto sou tratado como um escravo."
"Wow...."
O Overlord — Momonga,
inclinou sua cabeça para trás e fez um gesto irritado.
"Realmente, é
insuportável."
A voz sombria de Meromero,
carregada com um incrível senso de realidade, foi até Momonga e o atingiu em
cheio.
Suas queixas sobre o trabalho
do mundo real continuaram em ritmo acelerado.
Histórias sobre subordinados
imprudentes, planos que foram completamente alterados no fim da noite,
criticando seu superior por falhar em cumprir suas cotas, dias varando a noite
fazendo um trabalho de merda, um anormal aumento de peso por causa do seu
biorritmo arruinado, e o aumento de número de remédios a cada dia que passa.
Eventualmente, a conversa
virou um monólogo sobre como a gripe de Meromero explodiu como uma represa
quebrada.
Tem um monte de pessoas que
evitam falar sobre a realidade em um mundo virtual. O sentimento de não querer
misturar o mundo real com o virtual é algo compreensível.
Entretanto, as duas pessoas
aqui não pensam dessa maneira.
A guilda — uma equipe formada,
organizada e operada por uma assembleia de jogadores, isso pertence a Ainz Ooal Gown e há duas regras para
entrar.
Primeiro, você tem que ser um
membro da sociedade. Segundo, você tem que ser de alguma raça Heteromórfica.
Devido à natureza da guilda,
teve muitos casos onde o trabalho na vida real virou tópico, e isso era aceito
pelos membros da guilda. Pode-se dizer que a conversa que esses dois estão
tendo é algo do cotidiano de Ainz Ooal
Gown.
Depois de um bom tempo ter
passado, as queixas de Meromero haviam acabado.
".... Perdoe-me pelas
minhas queixas infinitas. Eu não tenho muitas chances de desabafar do outro
lado."
Meromero mexeu a cabeça para
baixo como se estivesse se curvando. Em resposta a isso, Momonga rapidamente
respondeu.
"Está tudo bem,
Meromero-sama. Eu que pedi para você vir, mesmo estando exausto.”
Comparado com mais cedo, um
leve riso teve um pouco mais de vigor vindo de Meromero
"Muito obrigado mesmo,
Momonga-sama. Estou grato que entrei hoje para nos encontrarmos."
"Estou contente de ouvir
você dizer isso."
".... Mas eu temo que é
hora de eu ir..."
O tentáculo de Meromero
moveu-se no ar como se estivesse tocando alguma coisa. Ele estava operando o
menu.
"Ah, você está certo.
Está ficando bem tarde."
"Desculpe-me,
Momonga-sama."
Momonga suspira baixo para
esconder as emoções que estavam dentro dele.
"Eu entendo. É uma
pena.. honestamente, tempos divertidos passam tão rápido."
"Eu realmente queria
ficar com você até o final, mas estou exausto."
"Você deve estar muito
desgastado. Por favor, saia do jogo e tome algum descanso."
"Realmente me desculpe.
Momon- não, Guildmaster, o que você
vai fazer?"
"Estou planejando ficar
online até eu ser desconectado quando o serviço acabar. Ainda tem um tempo...
Quem sabe outra pessoa pode aparecer."
"Vai ser assim então?
Francamente, eu não esperava que esse lugar ainda existisse."
Naquele tipo de momento, é
realmente uma boa coisa que seja impossível a mudança de expressões faciais.
Porque se houvesse, ele teria visto a careta em uma única olhada. Momonga
fechou sua boca pra reprimir suas emoções escondidas, que poderiam ser
reveladas por sua voz.
Ele fazia, desesperadamente,
manutenções na guilda, porque eles haviam criado juntos, então, é natural para ele,
ficar sobrecarregado com sentimentos indescritíveis quando ouviu tais palavras
serem ditas por um de seus companheiros. Mas esses sentimentos desapareceram
pelo que Meromero disse em seguida.
"Como um Guildmaster, você tem guardado esse
lugar para que nós possamos retornar a qualquer momento. Obrigado."
"... Todos nós criamos
esse lugar juntos. Esse é o trabalho do Guildmaster, fazer as manutenções e
supervisionar de modo que qualquer um possa voltar!"
"Foi graças a sua
presença que fomos capazes de desfrutar esse jogo ao máximo... Na próxima vez
que nos encontrarmos, eu tenho certeza que seria legal se fosse em Yggdrasil
II."
"Eu já tinha ouvido
falar sobre uma sequência... Mas eu realmente espero que isso aconteça"
"Vamos nos ver de novo
quando o momento chegar! Então, estou realmente com muito, muito sono agora,
então eu vou sair... estou grato que pude encontrar você antes do fim. Tenha um
bom jogo."
"..."
Por um momento, Momonga ficou
sem fala, entretanto, ele deu suas palavras finais de imediato.
"Eu também tive bons
momentos graças a você. Tenha um bom jogo".
Um emoticon sorridente apareceu sobre a cabeça de Meromero com um
brilho. Como não há habilidade de expressão em Yggdrasil, jogadores utilizam emoticons para expressar seus
sentimentos. Momonga operou seu menu e selecionou o mesmo emoticion.
Então, as palavras finais de
Meromero foram ouvidas.
"Vamos nos ver de novo
em algum lugar diferente."
— O ultimo dos três membros
da guilda que apareceu hoje, foi embora.
Apagando todos os traços de
visitante, o silêncio retorna para o salão da guilda. O silêncio envolto de
memórias e emoções.
Olhando a cadeira que Meromero
estava sentado poucos segundos atrás, Momonga fala as palavras que ele iria
dizer no fim.
"Embora eu entenda que
você está cansado, e hoje sendo o último dia do jogo e você já estando aqui,
não poderia ficar até o final?"
Mas claro, não houve resposta.
Meromero já havia deslogado para o mundo real.
''Haah...''
Momonga soltou um suspiro que
estava no fundo do seu coração.
Ele não conseguia dizer tais
palavras.
O fato de Meromero estar
sempre cansado era suficientemente evidente pela sua maneira de falar e sua
breve conversa. Mas Meromero viu o e-mail que ele mandou e apareceu hoje, para
o dia final de Yggdrasil. Ele deveria agradecer por pelo menos ele aparecer.
Querer mais do que isso seria estar além de um sem-vergonha, um incômodo.
Momonga encarou a cadeira em
que Meromero estava sentado momentos atrás e, então, ele olhou em volta. O que
ele viu foi as 39 cadeiras onde seus antigos camaradas se sentavam. Depois de
uma olhada rápida em volta, seus olhos retornaram para o lugar de Meromero mais
uma vez.
"Vamos nos encontrar em
um lugar diferente..."
Vamos nos encontrar algum dia.
Até mais.
Ele tinha ouvido essa frase
várias vezes. Mas o exemplo deles de realmente manter suas palavras quase nunca
acontecera.
Ninguém havia retornado a
Yggdrasil.
"Apenas onde e quando
iremos nos encontrar novamente..."
Os ombros de Momonga
balançavam intensamente. Então, seus verdadeiros sentimentos que haviam sido
engarrafados por um longo tempo se revelaram.
"— Não brinque
comigo!"
Com um grito furioso, ele
bateu suas mãos na mesa. Julgando a ação como um ataque, o sistema calculou as
inúmeras variáveis do ataque das mãos de Momonga e a defesa estrutural da mesa,
e foi mostrado o resultado aonde Momonga havia acertado com o número
"0".
"Esse lugar é a Grande
Tumba de Nazarick que todos nós construímos juntos! Como todos vocês podem
desistir tão facilmente?!"
O que seguiu depois de sua
imensa fúria foi a desolação.
"... Não, não foi isso.
Eles não desistiram. Eles simplesmente tiveram que escolher entre
"realidade" e "fantasia". Ah, não há o que fazer sobre
isso, e não há nenhuma traição. Essa deve ter sido uma escolha difícil para
eles..."
Momonga murmurava como se
tentasse convencer a si mesmo, então, levantou de seu assento. Ele andou em
direção à parede com um único cajado pendurado nela.
Tendo um Caduceu[1] do deus grego Hermes, o
cajado se entrelaçava em sete serpentes. Cada uma das serpentes tinha um tipo
de joia dentro de suas bocas, cada joia tinha uma cor diferente. O cabo do
cajado era transparente, parecia um cristal, e estava emitindo uma luz branca.
O cajado de qualidade suprema
era uma 'Arma da guilda', cada guilda pode possuir apenas uma arma desse tipo,
e, este item, pode-se dizer que é o símbolo de Ainz Ooal Gown.
Originalmente, o líder da
guilda deveria carregar com ele, então, por que estava pendurado na parede como
um tipo de decoração?
Isso acontece porque a própria
existência dele simboliza a guilda.
A destruição da arma da guilda
significava a desolação total da guilda. Por essa razão, as armas da guilda
são, em muitos casos, guardadas no lugar mais protegido, onde suas poderosas
habilidades nunca veriam a luz do dia. Até mesmo uma guilda proeminente como
Ainz Ooal Gown não é uma exceção. Por causa disso, o cajado nunca foi usado por
Momonga apesar de ter sido feito sob encomenda para ele, ao invés disso, foi
colocado na parede.
Momonga estendeu a mão para
pegar o cajado, mas parou no meio do caminho. E mesmo nesse momento, mesmo com
os servidores de Yggdrasil prestes a serem desligados, ele sentiu hesitação no
ato de rebaixar as memórias gloriosas que eles tinham feito juntos.
Os dias que eles gastaram
juntos para se aventurar repetitivamente para criar a arma da guilda.
Esses bons e velhos tempos se
dividindo em times e coletando materiais como se fosse uma competição,
discutindo sobre como a aparência deveria ser, combinando as ideias de todos e
fazendo de pouco em pouco.
Esses eram os dias felizes de
Ainz Ooal Gown, foi o tempo em que nós éramos os mais gloriosos.
Teve uma pessoa que foi tão
longe com seu corpo sobrecarregado de trabalho para ajudar. Teve também uma
pessoa que ria dizendo que conseguiu uma licença remunerada. Aqueles eram
tempos em que gastávamos o dia todo coletando, criando e se exaltando sobre
histórias inúteis. Aqueles eram dias que planejávamos nossas aventuras e a
coleta de tesouros. Aqueles eram tempos que nós montávamos grupos e
capturávamos castelos de guildas inimigas. Aqueles eram dias que nós
destruíamos todo tipo de Chefes escondidos que podíamos achar. Nós encontramos
incontáveis tipos de recursos desconhecidos. Nós colocamos vários monstros na
base e destruíamos os jogadores que invadiam.
Mas, agora, não há ninguém.
37 de 41 pessoas saíram, e
assim, apenas três permaneceram como membros da guilda no nome, Momonga não
podia lembrar-se da última vez que eles apareceram com exceção de hoje. Momonga
abriu o menu e acessou as informações oficiais, em que ele procurou pelo rank
da guilda. Em um ponto eles haviam parado no rank 9 de mais ou menos 800
guildas, mas, agora, eles caíram para o rank 29.
Ainda assim, isso não é tão ruim
em comparação com a classificação de 48 quando eles estavam na sua pior época.
A razão pela qual a guilda
conseguiu manter o rank não é pelo esforços de Momonga, mas sim graças aos
itens deixados para trás pelos seus antigos companheiros, as relíquias do
passado.
Entretanto, mesmo a guilda
estando em ruínas agora, houve um tempo em que ela brilhava.
— O fruto desses tempos.
A arma da guilda: O Cajado de
Ainz Ooal Gown.
Momonga não queria pegar a
arma que estava ligada a memórias gloriosas nesses tempos de ruínas,
entretanto, um sentimento contrário queimava dentro dele.
Todo esse tempo, Momonga
colocava a importância da votação por maioria.
Embora ele estivesse a posição
de Guildmaster, o que ele realmente fazia era trabalhos variados, como contatar
pessoas.
Esse é o motivo de que, no
momento que não há ninguém por perto, o pensamento de usar sua autoridade como
líder da guilda passou pela sua mente pela primeira vez.
"Essa roupa não tem rank
suficiente."
Murmurando para si mesmo,
Momonga operou o menu para equipar seu avatar com armamentos que beneficiavam
sua posição de Guildmaster. Armamentos em Yggdrasil eram classificados de
acordo com os atributos. Quanto mais atributos, maior será o rank da arma.
Começando de baixo, os ranks são: Lesser,
Minor, Medium , Major , Greater, Legacy, Relic e Legendary. Mas, agora
mesmo, Momonga estava equipado até os dentes com equipamento do maior rank de
todos — Divine.
Em seus dedos sem carne havia
nove anéis, cada um continha um poder diferente. Logo mais, seu colar, luvas,
botas, capa e amuletos eram todos de rank Divine. Apenas o valor deles
sozinhos... cada um deles era uma obra-prima de tremendo valor.
Um vestido brilhante pendia
das ombreiras , e uma aura ondulante vermelha e escura subiu de seus pés. Além
disso, a aura era turbulenta e sinistra, mas isso não era uma skill de Momonga.
Ele simplesmente havia envolvido o manto em um efeito de [Chaotic Aura] já que
havia espaço sobrando em sua capacidade de dados visuais. Mas tocá-lo era
completamente inofensivo.
Inúmeros ícones apareceram no
campo de visão de Momonga, indicando que suas habilidades haviam aumentado.
Tendo mudado sua armadura da
cabeça aos pés, Momonga assentiu satisfeito com seu equipamento condizente com
o de um Guildmaster. Então, estendeu sua mão e pegou o Cajado de Ainz Ooal
Gown.
No momento em que segurou o
cajado em sua mão, ele soltou um vórtice de uma aura vermelha e escura. Às
vezes isso formava o rosto de um humano em agonia e sumia. Era tão vívido como
se você pudesse ouvir suas vozes de dor.
"....Malditos
detalhes."
O cajado supremo, que ele
nunca tinha segurado após finalmente completarem, estava nas mãos do dono
original.
Verificando os ícones
indicando que os atributos dele aumentaram drasticamente de novo, ele também
sentiu um pouco de solidão.
"Devemos ir, símbolo da
nossa guilda? Não, não é assim...Vamos indo, símbolo da nossa
guilda."
[Parte
2]
Momonga saiu da sala chamada de Tábula Redonda.
Qualquer membro usando o anel da guilda entraria automaticamente nesse
quarto caso houvesse circunstâncias especiais. Se houvesse qualquer outro
membro voltando, eles definitivamente deveriam aparecer aqui. Entretanto,
Momonga sabia bem que os outros membros não iriam voltar. Durante os últimos
momentos da Grande Tumba de Nazarick, apenas Momonga restou.
Reprimindo suas turbulentas emoções, Momonga entrou silenciosamente no
grandioso hall de entrada, um mundo
de grandeza e brilho, que lembra um castelo gigante revestido em mármore.
Havia
lustres suspensos no teto, uniformemente colocados, que estavam emitindo um
brilho suave e agradável. O piso liso do largo corredor refletia as luzes dos
lustres acima, brilhando luminosamente como um mosaico de estrelas brilhantes.
Se as portas ao longo do corredor forem abertas, o mobiliário de luxo no
interior dos quartos iria atrair os olhares de muitos.
Se os
jogadores que ouviam o nome Nazarick viessem aqui, eles com certeza iriam ficar
paralisados com a beleza desse lugar considerado tão infame.
Depois
de tudo, A Grande Tumba de Nazarick se tornou a maior organização de ofensiva
militar com o maior número de jogadores na história do servidor. Uma aliança
entre oito guildas, guildas afiliadas, jogadores mercenários e NPCs
mercenários, sendo no total de mil e quinhentas pessoas, tentaram entrar nesse
lugar e foram aniquilados. O evento sobre esse lugar se tornou uma lenda.
A
Grande Tumba de Nazarick originalmente tem 6 andares, mas passou por uma enorme
reconstrução depois de ser ocupada por Ainz Ooal Gown. Agora, ela possui 10
andares, cada um com sua própria característica.
Andar 1~3 ─── Catacumbas
Andar 4 ─── Lago Subterrâneo
Andar 5 ─── Geleira
Andar 6 ─── Selva
Andar 7 ─── Vulcão Subterrâneo
Andar 8 ─── Deserto
Andar 9 ─── Suíte Real
Andar 10 ─── Sala do Trono
Os
últimos dois andares eram a base de Ainz Ooal Gown, uma das guildas no top 10
em Yggdrasil.
Os
passos de Momonga ecoavam na passagem pela Suíte Real, seguido pela batida de
seu cajado. Após algumas voltas no largo corredor, Momonga viu uma mulher vindo
em sua direção.
Ela
tinha um cabelo loiro sedoso até os ombros e características bem definidas.
Ela
vestia uma roupa de empregada, incluindo um avental e uma longa saia. A sua
altura era de 1,70m, ela tinha um corpo esbelto com grandes seios que ameaçavam
pular pra fora de suas roupas. Entretanto, ela dava uma virtuosa e elegante
impressão.
Assim
como as outras duas que se aproximavam uma da outra, as empregadas pararam ao
lado de Momonga e o reverenciaram respeitosamente. Em resposta, ele calmamente
estendeu sua mão.
A
expressão das empregadas não mudava; suas faces mostravam o mesmo rosto sem
sorriso de antes. Não há expressões faciais em Yggdrasil. Mas, mesmo assim, há
uma diferença entre a mudança de expressões dos jogadores e as dessas
empregadas. A empregada é um 'Non-Player Character' (NPC). Dentro do jogo, a
inteligência artificial deles, apenas se move de acordo com a programação de
cada um. Em outras palavras, eles são o mesmo que manequins vivos, e até mesmo
a reverência para Momonga era só uma ação pré-programada.
O
agradecimento de mais cedo pode ser visto como uma perda de tempo, mas Momonga
tem uma razão para ele não tratar elas com desrespeito.
Todas
as 41 empregadas NPCs trabalhando na Grande Tumba de Nazarick eram baseadas em
diferentes ilustrações de um membro da guilda, que havia criado fora de seu
trabalho essa obra de arte e agora era um mangaka que publicava seus trabalhos
mensalmente.
Momonga não olhava apenas para a aparência das empregadas, mas também
para o uniforme surpreendentemente elaborado. Especialmente, o bordado
requintado no avental, que era um detalhe a ser admirado.
Sendo
que isso foi criado por uma pessoa que sempre dizia "A melhor arma de uma
empregada é seu uniforme", o nível de detalhes nas roupas era além do
normal. Momonga não podia evitar a sensação de nostalgia quando se lembrou como
o membro da guilda que foi responsável pelo visual dela iria começar a gritar
pela sua tarefa.
"Ah... Certo. Desde então, ele sempre dizia coisas como 'Uniformes
de empregada são justiça!'.... Falando no diabo, a heroína do mangá que ele
desenha atualmente também é uma empregada. Você ainda está fazendo seus
assistentes sofrerem com sua excessiva atenção aos detalhes,
Whitebrim-san?"
Como
seu programa de comportamento, foram criadas pelo Meromero-san e outros cinco
programadores. Em outras palavras, as empregadas foram criadas pelo trabalho
duro e esforços conjuntos dos antigos membros da guilda, então, ignorar ela era
um pouco fora de questão uma vez que o Cajado de Ainz Ooal Gown também era
parte dessas preciosas memórias.
Enquanto Momonga estava pensando sobre essas coisas, a empregada
inclinava a cabeça como se perguntasse o que havia de errado. Quando uma pessoa
ficava perto dela por muito tempo, ela automaticamente adotava essa posição.
Relembrando do passado, Momonga estava impressionado pela atenção nos mínimos
detalhes de Meromero. Provavelmente deve haver mais algumas outras posições
escondidas na programação. Embora ele desejasse ver todas as posições, não
havia muito tempo faltando.
Os
olhos de Momonga se direcionaram para um relógio holograma semiesférico exibido
em seu pulso esquerdo e confirmando a hora atual.
De
fato, não há muito tempo para perder.
"Obrigado pelo seu trabalho duro."
Momonga disse essa frase de despedida cheia de sentimentos e deixou a
empregada. E claro, ela, por outro lado, não respondeu. Mesmo assim, Momonga
acreditava que essa despedida estava correta, uma vez que hoje é o ultimo dia.
Deixando a empregada para trás, Momonga foi em frente.
Em pouco tempo, uma escada gigante com um
luxuoso carpete vermelho cobrindo o ambiente estava diante dele. Momonga
caminhou lentamente para baixo na escada e chegou ao décimo andar ─── o andar
mais baixo na Grande Tumba de Nazarick.
O
lugar que ele chegou era um hall de entrada espaçoso com alguns servos
esperando por ele
O
primeiro servo chamou sua atenção, era um mordomo idoso vestido elegantemente
em seu uniforme tradicional.
Seu
cabelo era inteiramente branco, assim como sua imaculada barba. Mas esse senhor
era reto como uma flecha e forte como uma espada de metal. Ele tinha rugas
visíveis em seu rosto obscuro, o que fazia parecer que ele tinha uma aparência
gentil, mas seus olhos eram afiados como uma águia atrás de sua presa.
Atrás
do mordomo, como sombras, havia seis empregadas com o equipamento completamente
diferente da empregada de antes.
As
mãos e pés estavam cobertas com manoplas e grevas decoradas com ouro, prata e
metais negros. Vestidas com armaduras em seus uniformes de empregadas
modificados, todas elas tinham tiaras brancas em vez de elmos. Cada empregada
estava segurando um tipo diferente de arma, estabelecendo uma imagem de
empregada guerreira.
Seus
estilos de cabelos também eram um pouco diferentes uma da outra: Coques, rabo
de cavalo, cabelo solto, tranças, ondulados, etc. Mas havia algo que todas elas
tinham em comum, sua beleza magnífica.
Em
adicional, as empregadas eram divididas em tipos como esportiva, divertida,
tradicional, entre outras personalidades.
Mesmo
sendo somente NPCs, seu criador fez com que elas fossem divertidas e únicas, e
seu único propósito era lutar contra intrusos.
Em
Yggdrasil, guildas que tem posse de uma base equivalente a um castelo, ou algo
melhor, ganham um grande número de benefícios especiais.
Um
desses benefícios são os NPCs que guardam a base.
Os
monstros Mortos-vivos na Grande Tumba de Nazarick entram nessa categoria. Eles
são chamados de 'Spawn NPCs' e possuem um level máximo de 30 e respawnam
automaticamente sem custo após certo período de tempo, mas não sendo possível
mudar suas aparências e programar sua IA (Inteligencia Artificial), eles não
são um desafio tão grande contra jogadores invasores.
Por
outro lado, outro benefício era o poder de criar um NPC original. Quando uma
guilda toma uma base com um rank de castelo, ela pode criar NPCs com nível
total de 700. Já que o nível máximo era 100, você podia criar no máximo cinco
níveis 100, e quatro níveis 50, por exemplo.
Quando
estivesse criando um NPC original, além de sua aparência e IA, era possível
mudar suas armaduras e armas. Isso dava a possibilidade da guilda criar NPCs
muito mais poderosos e colocá-los para protegerem lugares importantes.
Não
havia necessidade de criar esses NPCs exclusivamente para combate. Outra guilda
que ocupava um castelo, o Grandioso Reino dos Gatos, transformou todos seus
NPCs em gatos ou outras criaturas felinas. Pode-se dizer que a guilda tinha o
direito exclusivo de criar a imagem e a atmosfera de seu castelo.
"Hmm."
Olhando para o mordomo e para as empregadas que se curvaram perante a
sua presença, ele levou sua mão ao queixo. Já que ele sempre usava teleporte
para se mover de sala em sala, Momonga não vinha para cá com frequência, o que
o fez olhar para eles com um sentimento parecido com o de nostalgia.
A mão
de Momonga operou o console, abriu uma página que só era acessível aos membros
da guilda e ativou uma das opções. Enquanto ele o fez, o nome dos servos apareceu
em cima de suas cabeças.
"Ah, então esse é o nome dele."
Momonga tinha se esquecido do nome dele. Ele sorriu cruelmente enquanto
relembrava das disputas dele com seus companheiros para decidir o nome desse
NPC.
Sebastian, o mordomo que também era o administrador da casa.
As
seis empregadas próximas a Sebastian estavam sob comando direto dele; a unidade
de combate chamada de "Pleiades". Além disso, Sebastian tinha vários
servos e mordomos assistentes sob sua supervisão.
Em sua
descrição havia mais detalhes sobre o NPC, mas Momonga não estava no clima para
dar uma olhada. Havia pouco tempo sobrando até o desligamento do servidor, e
ele queria se sentar em algum outro lugar.
Todos
os NPCs (incluindo as empregadas) continham detalhes complexos já que havia
membros o suficiente que gostavam de elaborar as definições. Graças ao fato de
que havia vários ilustradores, designers gráficos e programadores na Ainz Ooal
Gown, eles podiam ficar obcecados com os visuais e se divertirem.
Originalmente, Sebastian e as empregadas eram a última linha de defesa
contra intrusos. Contudo, como eles eram capazes de lidar com qualquer inimigo
que chegasse até aqui, seu verdadeiro objetivo era ganhar tempo. Mas já que
ninguém nunca conseguiu chegar tão longe, eles não receberam ordens e ficaram
esperando eternamente nesse lugar.
Pegando seu cajado, Momonga sentiu pena desses NPCs, embora esse
pensamento fosse tolo. NPCs eram simplesmente parte do banco de dados e o único
motivo de acreditar que tinham emoções era por causa do excelente design de
suas IA.
Contudo —
"Como líder da guilda, está na hora de começar a dar ordens a esses
NPCs."
Enquanto se ridicularizava por seu comentário arrogante, Momonga deu uma
ordem:
"Sigam-me."
Sebastian e as empregadas respeitosamente se curvaram, mostrando que
aceitaram a ordem.
O ato
de movê-los desse local mostrava desrespeito pelo o que os membros da guilda
tinham em mente no começo. Ainz Ooal Gown era uma guilda que enfatizava o voto
da maioria. Era proibido que uma pessoa bagunçasse com tudo que todos criaram
por pura teimosia.
Mas
hoje era o dia em que tudo terminaria. Momonga acreditou que todos o perdoariam
se fosse em tal dia.
Ponderando esses tipos de coisas, Momonga guiou o som de vários passos.
Eventualmente, eles chegaram em um salão gigante, com formato de domo.
Um grande cristal de quatro cores no teto estava emitindo raios brancos de luz.
Havia 72 alcovas nas paredes, a maioria delas com estátuas.
Cada
estátua imitava a aparência de um demônio, e havia 67 deles.
Essa
sala era chamada de "A Chave Menor de Salomão", também conhecida como
Lemegeton. Foi tirado do título de um grimório famoso.
As
estátuas, modeladas com base nos Setenta e Dois Demônios de Salomão, eram, na
verdade, golems feitos com metais mágicos raros. A razão para ter somente 67
golems ao invés de 72 era porque o criador ficou doente e cansado do projeto.
O
cristal de quatro cores no teto era na verdade um monstro. Se um inimigo
invadisse esse lugar, ele invocaria elementais de alto nível de terra, água,
fogo e vento, e lançaria uma ofensiva com várias magias em área.
Combinando tudo, isso tinha o poder para acabar facilmente com dois
grupos completos, que totalizaria 12 jogadores de nível 100.
Sem
dúvidas, essa sala era a última linha de defesa que protegia o coração de
Nazarick.
Momonga passou pelo Lemegeton com seus servos e chegou à frente de um
grande portão do outro lado.
Com
mais de cinco metros, essa majestosa porta dupla tinha uma deusa
meticulosamente esculpida no painel esquerdo e um demônio no painel direito. A
imagem era tão vívida que parecia que eles iriam pular da porta e atacar.
Embora
parecesse que eles podiam se mexer, Momonga sabia que eles não conseguiam.
— Se eles chegarem até aqui, vamos dar aos
heróis majestosas boas-vindas. Vários jogadores estão dizendo que somos
demônios e coisas parecidas, então por que não esperar por eles lá dentro como
chefes finais?
Era
porque essa proposta foi aprovada com o voto da maioria. E quem propôs foi...
"Urbet-san... "
Dentre
todos os membros, Urbet Alain Odle era a pessoa mais obcecada com a palavra
'demônio'.
“Bem,
ele era estranho afinal de contas...”
Olhando ao redor pelo salão, isso estava evidente para Momonga.
"....
Essas estátuas não vão me atacar, não é mesmo?"
Suas
palavras estavam cheias de ansiedade e ele estava certo de tê-la.
Nem
mesmo Momonga entendia completamente todo o trabalho desse labirinto. Não seria
surpresa se alguns membros tivessem deixado algo estranho como presente de
despedida. A pessoa que fez esta porta era esse tipo de pessoa.
Teve
uma vez em que eles ativaram um poderoso golem feito por ele, e acabou que a IA
de combate dele estava bugada, fazendo com que atacasse tudo ao redor. Contudo,
Momonga continuou cético e acreditou que o 'erro' foi intencional.
"Luci★Fer-san, se algo
assim acontecer hoje, de todos os dias, eu vou ficar muito puto..."
Momonga cuidadosamente tocou na porta — mas suas preocupações foram sem
sentido. Condizendo com sua grandeza, a porta abriu lentamente, embora
automaticamente.
A
atmosfera mudou de repente.
O
ambiente até agora lembrava um templo tranquilo e solene, mas a vista à sua
frente ultrapassou até mesmo isso. Era como se a mudança de ambiente estivesse
o esmagando.
O
interior era enorme: um espaço grande o suficiente para centenas de pessoas e
com lugar de sobra, e o teto, tão alto que você tinha que olhar completamente
para cima. As paredes brancas, decoradas com ornamentos de ouro. Pendurados no
teto, linhas de candelabros luxuosos forjados de gemas cor de arco-íris que
exalavam um brilho fantástico. Do teto ao chão, um total de 41 estandartes
gigantes com diferentes padrões decoravam as paredes.
Havia
uma pequena escadaria que tinha aproximadamente 10 degraus na parte mais funda
da sala, ostentada com prata e ouro, e no topo havia um trono majestoso que
parecia ter sido cortado de um cristal gigante. Na parede atrás dele havia um
estandarte gigante vermelho escuro bordado com o brasão da guilda.
Esse
era o local mais fundo e importante da Grande Tumba de Nazarick — a Sala do
Trono.
"Oh..."
Até
mesmo Momonga estava admirado com a magnitude da sala. Ele estava convicto de
que em tamanho, devia estar em 1º ou 2º no rank de Yggdrasil.
Essa
sala era perfeita para encarar os momentos finais.
Momonga pisou no salão; era tão vasto que parecia que iria engolir cada
som de seus passos, e então, ele voltou seus olhos para a NPC em pé ao lado do
trono.
Usando
um vestido de branco puro, ela era uma mulher linda com o rosto de uma deusa.
Contrastando com seu vestido, ela tinha um cabelo lustroso e totalmente
preto até sua cintura.
Embora
sua íris dourada e pupila dividida verticalmente fossem peculiares, ela era de
uma beleza impecável. Contudo, no lado esquerdo e direito de sua cabeça, havia
dois chifres grossos e curvados, e na sua cintura, asas negras de anjo.
Provavelmente por causa da sombra causada pelos chifres, seu sorriso de deusa
parecia como uma máscara que escondia seu verdadeiro eu.
Ela
tinha um colar dourado de aranha que cobria seus ombros e peito. Vestindo luvas
de seda, sua mão delicada estava segurando um objeto estranho que parecia ser
um cajado. Devia ter 45 centímetros de altura, estendendo de sua ponta, uma
esfera negra flutuava no ar.
Seu
nome, Momonga não tinha esquecido.
Seu
nome era Albedo, a Supervisora dos Guardiões dos Andares da Gramde Tumba de
Nazarick. Ela era uma NPC que supervisionava os 7 Guardiões dos andares, e isso
significava que ela estava acima de todos os outros NPCs na Grande Tumba de
Nazarick. Era por essa razão que lhe era permitido ficar na Sala do Trono.
Momonga olhou para Albedo com seus olhos afiados e ponderou:
"Eu sabia que ela tinha um item de classe Mundial, mas como é que
ela tem 2 agora?"
Em
toda Yggdrasil, há apenas 200 itens de Classe mundial.
Cada
item tem sua habilidade única, e alguns são poderosos o suficiente para
destruir o balanceamento do jogo. Mas é claro, não são todos os itens de classe
mundial que possuem um poder tão desbalanceado.
Mesmo
assim, se o jogador conseguir adquirir um item de classe Mundial, a reputação
do jogador em Yggdrasil iria subir para o máximo possível.
Ainz
Ooal Gown possuía onze desses itens, e também era a guilda com maior quantidade
de itens de classe Mundial em posse. Comparado com outras guildas, havia uma
enorme distância entre elas, sendo que a guilda após eles só possuía três.
Com a
aprovação dos membros da guilda, Momonga possuía um desses itens Mundiais. O
resto deles estava guardado dentro de Nazarick, a maioria está descansando
dentro da sala do tesouro sob a proteção de Avatares.
Só
havia uma explicação sobre como Albedo estava segurando um tesouro secreto sem
Momonga saber. Isso foi dado a ela pelo membro da guilda que a criou.
Ainz
Ooal Gown era uma guilda que enfatizava o voto majoritário. Era proibido para
uma pessoa mover o tesouro que todos haviam trabalhado juntos como bem desejar.
Após
um ligeiro desagrado, Momonga pensa em pegar de volta.
Mas
hoje era o último dia, e depois de levar em conta o quanto Albedo era
importante para seu antigo companheiro, ele decidiu ignorar esse problema.
"Pare Aqui."
Chegando às escadas que levavam para o trono, Momonga solenemente
ordenou que Sebas e as Pleiades parassem de segui-lo.
Logo
quando ele começa a subir a escada, ele ouve os passos, eles ainda estavam
seguindo-o. Momonga não podia segurar um pequeno sorriso... Mas é claro, a
expressão de seu crânio não havia mudado.
NPCs
não entendiam outros comandos que não estivessem em sua programação original.
Você tem que usar palavras específicas em ordem para que eles aceitem o
comando. Ele havia se esquecido disso, afinal, Momonga não ordenava NPCs por um
bom tempo.
Depois
que os membros saíram da guilda, Momonga caçava sozinho e ganhava fundos para
manter Nazarick. Ele não construiu nenhum tipo de amizade com outros jogadores,
ele, na verdade, evitava-os. Ele também evitava áreas perigosas que os membros
da guilda usavam com frequência.
Dia
após dia, ele constantemente ganhava dinheiro e colocava na sala de tesouros
até a hora de sair. E evitava o máximo o contato com NPCs.
"Modo de Espera."
Os
passos pararam.
Depois
de Momonga dar o comando correto, ele terminou de subir e ficou de frente para
o trono.
Momonga olhava sem discrição para Albedo, que estava parada próxima a
ele. Ele raramente visitava esse lugar no passado, então nunca havia prestado
nenhuma atenção especial nela antes.
"Eu penso qual será o tipo de configurações que ela tem."
A
única coisa que Momonga se lembrava sobre Albedo era a sua posição como
Supervisora de todos os guardiões e que ela era o NPC mais forte da Grande
Tumba de Nazarick.
Movido
pela curiosidade, Momonga operava o menu e lia as configurações detalhadas de
Albedo.
Uma
enorme quantidade de texto estava a sua frente. Seu comprimento era equivalente
a um poema épico. Parecia que se ele lesse tudo aquilo lentamente, iria tomar
todo o tempo restante para o servidor fechar.
Com o
sentimento de ter pisado em uma mina terrestre, o rosto imóvel de Momonga
começou a tremer. No fundo de seu coração ele desejava repreender a si mesmo
por esquecer que o membro que criou Albedo era uma pessoa extremamente
meticulosa.
Mas já
que ele começou a ler, ele decidiu que iria até o fim. Sem prestar atenção no
conteúdo, ele passou toneladas de textos em um flash.
Depois
de pular todos os textos enormes, Momonga finalmente chegou até a última parte
das configurações dela. Mas depois de ler o que estava escrito no final, sua
linha de pensamento veio a uma parada súbita.
[Ela
também é uma vadia.]
Ele
havia perdido suas palavras.
"... Huh? Mas que merda é essa?!"
Momonga não podia evitar de gritar. Com a dúvida em sua mente, ele releu
varias vezes, mas ainda continuava com a mesma sentença. Após varias vezes
pensando no assunto, ele não conseguia pensar em nenhuma outra interpretação.
"Uma vadia... Isso significa que ela tem desejos sexuais
excessivos?"
Cada
um dos quarenta e um membros da guilda cuidou das configurações de pelo menos
um NPC. Mas será que alguns deles tinham decidido uma configuração dessas para
si mesmo? Momonga estava desnorteado. Talvez ele fosse capaz de achar algum
significado diferente após ele ler cuidadosamente o texto completo.
Mas
com todos os membros da guilda, havia algumas pessoas que eram capazes de virem
com uma configuração tão estranha e característica. Uma dessas pessoas era
'Tabula Smaragdina', o criador de Albedo.
"Ah, ele era louco por dupla personalidade não era? Mas mesmo
assim..."
— Mas mesmo assim isso não é exagerar?
Todo
NPC feito por um membro era parte do legado do clã. Momonga sentiu pena de
Albedo, que era a mais poderosa de todos os NPCs, tendo esse tipo de
configuração.
"Hmm..."
Será
que está tudo bem para ele modificar um NPC
que um membro da guilda tinha criado com tanto carinho? Depois de pensar
um pouco, Momonga chegou a uma conclusão.
"Vamos mudar isso."
Agora
que ele tinha a arma da guilda em sua posse, ele realmente era o Guildmaster.
Deve estar tudo bem se ele usar esse seu direito. A hesitação de Momonga foi
vencida com a lógica sem razão de que ele deveria consertar os erros de membros
da guilda.
Momonga esticou sua mão que estava com o cajado. Normalmente ele deveria
usar uma ferramenta de edição para mudar as configurações, mas como agora ele
estava usando seus privilégios como líder da guilda, ele conseguia acessar
diretamente. Operando o menu, ele apagou imediatamente a sentença.
"Isso está bom por agora."
Olhando o espaço em branco nas configurações de Albedo, Momonga pensou
por um momento.
—Talvez eu deveria colocar alguma coisa
aqui...
"Não, isso é bobagem."
Rindo
da ideia que veio a sua mente, ele escreveu no teclado do menu uma única
sentença: 'Ela também está apaixonada por Momonga.'
"Nossa, isso realmente é vergonhoso."
Escondendo seu rosto com suas mãos, Momonga se sentia extremamente
envergonhado com sua ação. Era como programar a perfeita namorada, que está completamente
apaixonada. Mesmo que ele quisesse reescrever isso, ele decidiu deixar assim
mesmo. Hoje era o último dia do jogo e o sentimento de vergonha logo iria
desaparecer. E no fim, a parte que ele apagou e adicionou tinham o mesmo
tamanho. Se tivesse alguma parte em branco sobrando, Momonga não conseguiria
evitar se sentir mal sobre isso.
Sentando no trono, envergonhado e, ainda assim, satisfeito, Momonga
olhava em volta da sala e percebeu que Sebas e as empregadas estavam em pé
imóveis. Até mesmo quando eles estavam juntos no mesmo lugar, ele ainda se
sentia um pouco desolado.
—Eu acho que tem um comando para isso.
Momonga se lembrou de um comando que ele nunca havia usado no passado.
Ele levantou sua mão e lentamente a moveu para baixo.
"Ajoelhem-se."
Albedo, Sebas e as Pleiades simultaneamente se ajoelharam.
Tudo está pronto.
Momonga levantou sua mão esquerda para olhar o relógio holográfico.
23:55:48
Bem na hora para os momentos finais.
Provavelmente o
GM iria começar a gravar e soltar fogos de artifícios do lado de fora. Mas
sentado aqui dentro relembrando, completamente isolado do mundo de fora, não
havia jeito de Momonga saber disso.
Momonga se
inclinou para trás no trono e observava calmamente o teto.
Lembrando-se de
como essa base lendária tinha destruído uma grande força de expedição no
passado, Momonga pensou que talvez alguns jogadores tentariam invadir Nazarick
no dia final.
Ele estava
esperando. Ele aceitaria o ultimo desafio como Guildmaster.
Mesmo
que ele tenha mandado e-mails para seus antigos companheiros, quase nenhum
apareceu.
Ele estava
esperando. Para dar boas vindas a eles uma última vez como Guildmaster.
Agora nós somos uma relíquia do passado...
Momonga pensava
dentro de seu coração.
A
guilda agora era uma concha vazia, mas ele teve um ótimo tempo nessa corrida.
Ele olhava para
os grandes estandartes pendurados no teto, um total de quarenta e um. Um
estandarte para cada membro da guilda, com seu próprio desenho.
Momonga levantou seu dedo ossudo e apontou para um dos estandartes.
"Eu."
Então
ele moveu o seu dedo para o próximo estandarte. Aquele pertencia a um membro de
Ainz Ooal Gown... Não, era um dos jogadores mais fortes de Yggdrasil. O
fundador da guilda e aquele que uma vez juntou todos nós, o 'First Nine'.
"Touch Me".
O
próximo estandarte que ele apontou era a pessoa que era um professor de
universidade na vida real, ele também era a pessoa mais velha na Ainz Ooal
Gown.
"Shi-juuten Suzaku."
Seu
dedo movia-se mais rápido, apontando para um estandarte que pertencia a um dos
três membros mulheres da guilda.
"Azuki Mochi."
Momonga suavemente recitava os nomes dos donos dos estandartes.
"Meromero, Perorontino, Simmering Teapot, Tabula Smaragdina,
Takemikazuchi, Variable Talisman, Genjiro—"
Relembrar o nome dos 40 companheiros não era algo difícil para Momonga.
O nome
de seus amigos ainda estava em sua mente.
Momonga, cansado, voltou a sentar direito no trono.
"É, foi realmente divertido..."
Nos
meses que vieram, Momonga gastava quase um terço do salário em compras de cash.
Não era necessariamente um preço alto, ele só fazia isso porque não tinha
outros interesses, então, ele gastava parte de seu dinheiro em Yggdrasil.
O jogo
tinha um sistema onde players podiam gastar em tickets para participarem em uma
espécie de loteria e em troca teriam a chance de ganhar um item raro, e Momonga
gastava parte de seu dinheiro nisso. Depois de várias vezes comprando, ele
havia conseguido pegar vários tipos diferentes de itens raros. Mas depois de ouvir
que um membro da guilda havia conseguido vencer a loteria usando apenas o
dinheiro do almoço, Momonga estava verde de inveja.
Sendo
que todos os membros de Ainz Ooal Gown eram trabalhadores membros da sociedade,
todos haviam gastado dinheiro para comprar cash, mas Momonga estava em uma
competição para si mesmo.
Ele
estava muito empenhado. Ir a aventuras era interessante, mas andar livremente
com seus amigos era sua maior fonte de diversão.
Para
Momonga, que não tinha amigos ou família no mundo real, suas memórias do tempo
que gastou com seus companheiros em Ainz Ooal Gown era tudo o que tinha.
Hoje,
a guilda iria desaparecer.
Com
seu coração cheio de pesar e arrependimentos, ele cerrou sua mão que segurava o
cajado. Momonga era apenas uma pessoa normal, ele não tinha nenhum tipo de
poder financeiro ou contatos que poderiam mudar esse fato. Ele apenas podia
esperar silenciosamente o tempo acabar para todos os jogadores do servidor.
O
relógio holográfico estava marcando 23:57. O servidor ira fechar as 0:00.
O
tempo estava passando. Esse mundo virtual vai acabar e eu vou retornar para a
minha vida diária.
Isso é
óbvio. Pessoas não podem viver no mundo virtual, então todo mundo tem que sair
cedo ou tarde.
Amanhã
eu tenho que levantar às 4 da manhã. Eu preciso ir dormir imediatamente depois
que o servidor desligar, para que isso não afete meu trabalho.
23:59:35,
36,
37....
Momonga contava devagar os segundos.
23:59:48
49
50...
Momonga fechou seus olhos.
23:59:58
59—
Com o relógio contando os segundos que
faltavam, ele esperava pelo fim de seu mundo de fantasia...
E, eventualmente, seria forçado a sair...
00:00:00...
1,
2,
3...
".... Hã?" Momonga abriu seus
olhos. Ele não tinha voltado para o seu
quarto. Ele ainda estava sentado na sala do Trono em Yggdrasil. "O que
está acontecendo?"
O tempo estava correto. Agora mesmo ele
deveria ter sido forçado a deslogar com o fechamento do servidor.
0:00:38
Já passou do tempo que haviam anunciado e,
ao menos que seja um erro no sistema, era impossível algo errado acontecer.
Momonga olhou em volta confuso, procurando
uma explicação.
"Será que adiaram o fechamento? Ou será
que eles adiaram o fim por não serem capazes de fechar o servidor?"
Várias explicações vieram a sua cabeça, mas
nenhuma delas parecia ser a resposta correta.
A explicação mais provável era que eles
atrasaram o fechamento do servidor por causa de um erro no sistema.
Se esse era o caso, o GM deveria mandar um
aviso agora. Momonga rapidamente tentou achar alguma notícia sobre o fechamento
no chat do jogo — mas ele parou abruptamente.
Não havia menu.
"Mas que....?"
Embora Momonga se sentisse ansioso e
confuso, ele estava um pouco surpreso com sua calma. Ele tentou todas as
funções possíveis no jogo: 'Forçar Acesso Ao Sistema', 'Chat', 'Chamar GM, '
Logout', e por assim vai.
Nada funcionava, era como se ele tivesse
sido completamente removido do sistema.
"...Mas que merda está acontecendo
aqui?!" Seu grito furioso ecoou por toda Sala do Trono e, então,
desapareceu.
Para tal coisa acontecer no último dia,
quando tudo supostamente era para acabar... Será que os desenvolvedores estão
na verdade brincando com todo mundo?
A voz de Momonga era furiosa e ele se sentia
frustrado de não ser capaz de conhecer seu glorioso final. Normalmente, não
deveria haver resposta para seu grito furioso.
Entretanto...
"Está tudo bem, Momonga-sama?" Era
a primeira vez que Momonga ouvia essa sutil voz feminina.
Embora estivesse em choque, Momonga começou
a olhar em volta em procura do dono dessa voz. Quando ele achou quem era, ficou
sem palavras.
A pergunta veio de um NPC — Albedo.
[Parte
3]
Situada
na fronteira entre o Império Baharuth e o Reino de Re-Estize, no sul das
montanhas Azellerisia, havia uma vasta floresta chamada 'A Grande Floresta de
Tove'. Em volta dessa floresta, havia o vilarejo de Carne.
O
vilarejo de Carne tinha uma população de 120 pessoas, que eram divididas em 25
famílias. Para uma vila na fronteira do Reino de Re-Estize, esse número não era
incomum.
A
principal fonte de renda dos aldeões vinha da floresta e de suas plantações,
sendo que quase não há visitantes, exceto por alguns farmacêuticos procurando
por ervas e o coletor de impostos que vinha uma vez por ano. Era uma vila
parada no tempo.
Os
aldeões ficavam ocupados desde o momento que acordavam com o nascer do sol. Era
uma vila sem uma luz mágica, a 'Continual Light', eles trabalhavam desde o
amanhecer até o anoitecer, era esse tipo de vida.
A
primeira tarefa de Enri Emmott era ir ao poço e pegar água. Essa era a tarefa
da garota até que o reservatório de sua família estivesse cheio. Durante isto,
sua mãe prepararia o café da manhã, e a família com quatro pessoas comeria
junta.
O café
da manhã consistia de cevada de trigo fervido ou mingau de trigo, assim como
vegetais fritos. Às vezes, eles também comiam frutas. Depois de comer com sua
família, sua irmã de 10 anos saía para a floresta pegar lenha, ou ajudar no
trabalho no campo. No centro do vilarejo—assim que o sino do meio-dia tocava,
todos descansavam na praça para almoçar juntos.
O
almoço consistia de pão preto velho e sopa de carne moída. Depois disso, eles
continuavam a trabalhar no campo e, assim que o sol se punha, todos retornavam
para casa para jantar.
Assim
como o almoço, no jantar também havia pão preto, junto de sopa de ervilha. Se
os caçadores do vilarejo conseguissem pegar algum animal, também haveria carne.
Depois do jantar, todos usavam as luzes da cozinha e conversavam alegremente,
enquanto remendavam roupas rasgadas.
Eles
iam dormir por volta das 8 da noite.
Enri
Emmot nasceu 16 anos atrás, e, até hoje, nunca havia deixado o vilarejo. Ela
estava se perguntando, será que seus dias
seriam o mesmo para sempre?
Assim
como qualquer outro dia, Enri levantou da cama e foi para o poço pegar água.
Normalmente, ela precisava ir e voltar 3 vezes do poço para encher o
reservatório de água.
"Certo."
Enri
levantou suas mangas e mostrou uma pele branca que chamava a atenção por não
ter muito contato com o sol. Trabalhar no campo deixou seus braços magros, mas
musculosos.
Embora
o jarro cheio de água fosse pesado, Enri o pegou facilmente.
Se o
jarro estivesse cheio até a boca, ela teria que fazer menos viagens, o que
faria com que ela terminasse a tarefa mais rápido, certo?
Mas não
deve ser tão pesado para ela carregar. Enquanto pensava isso, Enri começou a
voltar para casa. Durante o caminho, ela escutou um barulho e depois de se
virar na direção do som, seu coração ficou cheio de pavor.
O som
que ela escutou era o barulho de madeira sendo quebrada. Seguido por um grito—
"Um grito?"
Parecia-se com o choro de um pássaro estrangulado, mas definitivamente
não era um pássaro que estava fazendo esse som. Enri não conseguia evitar em
ficar estremecida. Ela não queria acreditar. Devia ser sua imaginação, aquele
definitivamente não era o grito de uma pessoa.
Muitos
pensamentos horríveis passaram por sua cabeça.
Ela
tinha de se apressar, já que o grito parecia ter vindo da direção em que ficava
sua casa.
Ela
largou o jarro de água, já que era impossível para ela correr enquanto carregava
algo tão pesado.
Embora
ela quase tenha tropeçado em seu vestido, ela rapidamente recuperou seu
equilíbrio.
O som
veio de novo.
O
coração de Enri tremeu.
Aquele
era definitivamente um grito de uma pessoa, não havia erro.
Ela
continuou correndo, correndo e correndo.
Nunca
na sua vida ela tinha corrido tão rápido, ela correu até tropeçar sobre suas
pernas.
O som
de um cavalo e de pessoas gritando.
Tudo
ficava cada vez mais claro.
Em
frente aos seus olhos, de muito longe, ela podia ver um estranho vestido
completamente com uma armadura, apontando uma espada aos moradores do vilarejo.
No
chão, havia uma pessoa com uma ferida fatal.
"Morjina-san..."
Em tal
pequeno vilarejo ninguém era tratado como estranho, todos eram parte da
família. Então, Enri reconheceu aquela pessoa assassinada a sua frente.
Embora
ele às vezes fosse barulhento, ele era uma boa pessoa e não merecia morrer
desta forma. Pensando em parar — ela mordeu seus lábios e continuou.
A pequena
distância de transportar a água, agora, parecia uma eternidade. O vento trouxe
os sons de gritos e xingamentos aos seus ouvidos. Finalmente, ela avistou sua
casa.
"Papai! Mamãe! Nimu!"
Enquanto gritava por sua família, Enri abriu a
porta e viu todos estáticos com rostos cheios de medo.... Contudo, assim que
Enri entrou pela porta, suas expressões instantaneamente relaxaram,
demonstrando alívio.
"Enri! Você está bem!"
Seu
pai, com mãos fortes do trabalho no campo, agarrou Enri.
"Ahh, Enri..."
Sua mãe
confortavelmente a abraçou.
"Certo, Enri também voltou, agora, vamos fugir, rápido!"
Agora
mesmo, a situação da família Emmott é crítica. Eles estavam preocupados por
Enri não ter voltado para casa, fazendo com que eles perdessem a chance de
escapar. Eles estavam sob perigo iminente.
Mas
suas preocupações logo se transformaram em realidade.
No
momento em que eles queriam fugir, a silhueta de uma pessoa entrou pela porta.
De pé em frente da luz do sol, havia uma pessoa completamente protegida por uma
armadura, carregando o brasão do Império de Baharuth. Em sua mão, ele estava
segurando a bainha de uma espada.
O
Império de Baharuth está constantemente em guerra com seu vizinho, o Reino de
Re-Estize. Mas invasões desse jeito só ocorriam perto da cidade fortaleza de
E-Rantel, eles nunca chegaram a este vilarejo antes.
A vida
pacata deste vilarejo foi interrompida abruptamente.
Pelas
aberturas em seu elmo, havia o sentimento de olhos frios que contavam o número
de pessoas da família de Enri. Olhando em seus olhos, ela ficou apavorada.
O
cavaleiro pegou sua espada, dava para ouvir o rangido pela maneira que ele a
pegou.
No
momento em que ele estava prestes a entrar na casa—
"Huargh!"
"Ergh!"
—Seu pai correu até o cavaleiro, fazendo com
que os dois saíssem da porta.
"Corram!"
"Seu...!"
Havia
sangue escorrendo pelo rosto de seu pai, um machucado causado pelo impacto.
Tanto
seu pai quanto o cavaleiro estavam lutando um contra o outro no chão. O
cavaleiro estava segurando a lâmina de seu pai, ao mesmo tempo em que este
segurava a espada do cavaleiro.
Vendo
seu pai sangrar, a mente de Enri ficou vazia: ela não sabia se ajudava seu pai
ou fugia dali.
"Enri! Nimu!"
O grito
de sua mãe lhe trouxe de volta. Enri viu sua mãe balançando sua cabeça com uma
triste expressão.
Enri
pegou a mão de sua irmã e fugiu. Embora cheia de culpa e hesitação, ela decidiu
correr rapidamente para a floresta.
O som
de cavalos, gritos, metais batendo e o cheiro de fumaça.
De
todos os cantos do vilarejo, essas situações adentraram pelos ouvidos, olhos e
nariz de Enri. De onde exatamente eles
vinham? Enri desesperadamente lutou para descobrir enquanto corria. Correr
até o limite de seu corpo, ou se esconder em algum canto de uma casa. Medo
ameaçava tomar conta de seu corpo e as fortes batidas de seu coração não eram
só causadas pela sua corrida. Com tudo isso, a sensação de uma pequena mão
segurando a sua dava-lhe a motivação para correr.
—A vida de sua irmã.
Sua
mãe, que estava correndo em sua frente, parou de repente perto de um canto e
deu meia volta. Ela estava voltando correndo, sinalizando Enri para correr na
outra direção.
Pensando no porquê de sua mãe fazer tal coisa, Enri franziu seus lábios
e sufocou suas lágrimas que estavam prestes a sair. Ela pegou a mão de sua irmã
e correu, não desejando estar nesse lugar mais do que o necessário. Com medo do
que ela poderia ver.
*
"Momonga-sama, algum problema?"
Albedo repetiu a pergunta. Momonga não sabia
como responder. Por tantas coisas incompreensíveis terem acontecido ao mesmo
tempo, sua mente ficou branca.
"Desculpe."
Momonga só conseguiu se levantar e
estupidamente olhar para Albedo.
"Há algo errado?"
O rosto lindo de Albedo estava inspecionando
lentamente Momonga. Uma fragrância entrou pelo seu nariz. Aquela fragrância
trouxe o pensamento de Momonga de volta, enquanto ele lentamente voltava para a
realidade.
"Não... Não há... Não, nada."
Momonga não era o tipo de pessoa que usava
honoríficos quando falava com bonecas. Mas... depois de escutar a pergunta de
Albedo, ele, sem intenção, respondeu usando eles. Por causa de suas ações e
forma de falar, não havia como ignorar seu comportamento humano.
Embora Momonga pudesse ver claramente como
Albedo estava agindo de maneira anormal, ele ainda era incapaz de entender o
que estava acontecendo. Nesse tipo de situação, tudo que ele podia fazer era
tentar reprimir seus sentimentos transbordantes de medo e surpresa, mas como
Momonga era uma pessoa normal, ele não conseguiu fazer.
Assim que Momonga quis começar a gritar, a
lembrança de um membro da guilda lhe veio à mente.
—Tumulto é a falha de um país, você deve sempre manter um jeito lógico
de pensar. Fique calmo, planeje adiante e não perca seu tempo pensando em
coisas insignificantes, Momonga-san.
Pensando nisso, Momonga se acalmou.
Momonga agradeceu ao Zhuge Liang da Ainz
Ooal Gown – A Garota do Vestido Moe.
"... Alguma coisa aconteceu com
você?"
O rosto encantador de Albedo perguntou
enquanto ficava perto, fazendo com que Momonga quase sentisse a fragrância que
ela estava emitindo. Embora ele finalmente tenha se acalmado, ele quase se
perdeu de novo naquele instante.
"... A função para chamar o GM parece
ter falhado."
Para Albedo com aqueles olhos de cachorro
sem dono, Momonga não resistiu e respondeu a NPC.
Nunca em toda sua vida Momonga teve algo
assim com um ser do sexo oposto, ainda mais com uma mulher assim.
Embora ele soubesse que ela era só uma NPC,
considerando o quão humanas eram suas expressões e ações, Momonga não conseguiu
evitar em ficar com o coração palpitante.
Mas as batidas constantes de seu coração
foram suprimidas para voltar para um estado mais calmo. Embora Momonga
estivesse perturbado por suas palpitações repentinas, ele se lembrou das
palavras sábias confiadas a ele por um de seus companheiros.
Mas esse realmente é o caso?
Momonga sacudiu sua cabeça, agora não é hora
de pensar sobre isso.
"... Por favor, perdoe-me por ser
incapaz de responder a pergunta de Momonga-sama sobre o GM. Perdoe-me por ser
incapaz de alcançar suas expectativas, se houver algo que eu possa fazer para
compensar por meu erro, eu felizmente aceitarei a ordem. Por favor, dê-me sua
próxima ordem."
... Esses dois estavam conversando um com o
outro, não havia dúvidas sobre isso.
Percebendo isso, Momonga estava surpreso
demais para falar.
Impossível. Isso é definitivamente
impossível.
Esse NPC conseguia falar. Não, é possível
usar comandos de voz automáticos que permitam que NPCs falem, porque havia
vários gritos e saudações para os jogadores baixarem.
Contudo, conversar propriamente com um NPC
era impossível. Até agora a pouco, Sebastian só era capaz de entender comandos
simples.
Então, o que pode ter acontecido para que
isso seja possível? Foi só Albedo que mudou?
Com um movimento de sua mão, Momonga deu a
Albedo ordens para se afastar, o que ela fez com um rosto cheio de
arrependimento. Momonga, então, virou seus olhos para as cabeças do mordomo e
das seis empregadas.
"Sebas! Pleiades!"
"Sim!"
Dizendo com uma sincronia perfeita, todos
levantaram suas cabeças.
"Venham para frente do trono."
"Sim, meu senhor."
De novo, com uma sincronia perfeita, eles se
moveram até o trono.
Assim que chegaram, eles se ajoelharam.
Naquele momento, duas coisas ficaram claras.
Primeiro, mesmo sem usar comandos
específicos, NPCs são capazes de entender comandos simples.
Segundo, Albedo não era a única capaz de
falar.
No mínimo, todos os NPCs na sala do trono
estavam estranhos.
Enquanto Momonga pensava sobre isso, ele não
conseguia apagar a sensação de que havia algo de errado com Albedo, que ainda
estava de pé ao seu lado. Querendo esclarecer isso, Momonga olhou para Albedo
com um olhar afiado.
"—Aconteceu alguma coisa? Eu fiz algo
de errado...?"
" ...!"
Finalmente percebendo o que estava errado,
ele era incapaz de dizer algo e só conseguiu suspirar surpreso.
Uma sensação estranha veio das mudanças de
expressões. Bocas se mexendo, até mesmo saindo som-
".... Será... que é...!"
Momonga rapidamente colocou sua mão em sua
boca e tentou fazer um som.
Sua
boca estava se mexendo.
Era comum em DMMORPGs ser impossível a boca
se mexer e falar ao mesmo tempo.
A aparência de expressões faciais era
basicamente estática, e se isso fosse verdade, então ainda não deveria ter
expressões faciais nesse design.
E também, o rosto de Momonga era só uma
caveira, sem língua e garganta. Olhando para baixo, em direção as suas mãos,
tudo que ele viu foi uma mão esquelética sem nenhuma pele. Ele nem mesmo tinha
órgãos internos, então, como ele era capaz de falar?
"Impossível..."
Momonga, de repente, sentiu todo seu senso
comum sendo desintegrado, ao mesmo tempo que se sentiu inquieto. Reprimindo a
vontade de gritar, seu coração de repente voltou a ficar calmo. Momonga bateu
com força em um dos braços do trono, mas como ele imaginava, não havia sinal de
dano.
".... O que eu deveria fazer.... Há
alguma ideia boa...?"
Sem nenhum entendimento da situação atual,
ele começou a ficar irritado pois não havia ninguém ali que pudesse o ajudar.
Então a coisa mais importante a se fazer
agora é procurar por pistas.
"–Sebas."
Erguendo sua cabeça, Sebastian tinha uma
expressão sincera, como se fosse uma pessoa de verdade.
Dar
ordens a ele não deveria ser um problema, certo? Embora eu não saiba o que vá
acontecer. Será que todos os NPCs nesse lugar são leais a mim? Esses com
certeza não são mais os NPCs que todos criamos juntos.
Se sentindo apreensivo com sua mente nadando
em perguntas, Momonga suprimiu suas emoções. De qualquer forma, o melhor
candidato para procurar era Sebastian. Apesar de Albedo estar próxima dele, Momonga
tomou a decisão de usar Sebastian.
Enquanto pensava em como parecer um chefe
importante dando ordens para seus subordinados, Momonga demonstrou uma atitude
superior e ordenou:
"Saia da Grande Tumba de Nazarick e
procure nos arredores. Se existe algum ser inteligente ou amigável, convide-os
para cá. Negociações devem ser feitas para agradar o outro. Olhe num raio de 1
quilômetro e tente evitar lutas."
"Sim, Momonga-sama. Eu farei como
ordenado."
Em Yggdrasil, era impossível para os NPCs
deixarem a área que foram criados para proteger. Contudo, agora mesmo isso foi
subvertido.
Não, isso só poderia ser determinado assim
que Sebastian saísse da Grande Tumba de Nazarick.
".... Leve uma integrante da Pleiades
com você. Se houver uma situação em que você deva recuar, traga-me as
informações."
Com isso, o primeiro passo foi dado.
Momonga soltou o Cajado de Ainz Ooal Gown.
O cajado não caiu no chão, mas começou a
flutuar, como se houvesse alguém o segurando no ar. Embora totalmente inconsistente
com as leis da física, isso é o que geralmente acontece no jogo. Situação em
que itens flutuavam no ar assim que eram largados não eram raras em Yggdrasil.
Os espíritos que apareciam no cajado
mostravam uma expressão triste e envolveram a mão de Momonga, mas ele não deu
bola. Esse tipo de acontecimento não era estranho... contudo, esse tipo de
efeito não era surpreendente, então, Momonga girou seus dedos e dissipou os
espíritos.
Momonga cruzou seus braços em contemplação.
O próximo passo seria-
".... Contatar a empresa do jogo."
Considerando a situação anormal de Momonga,
aquela que mais saberia sobre sua situação deveria ser a empresa.
O problema era falar com a empresa.
Normalmente alguém usaria o 'Shout' ou 'Chamar GM', funções que estabelecem
contato imediato, mas aqueles métodos parecem ter falhado.
"Message?"
Essa era a magia de mensagem do jogo.
Normalmente, só era usável em alguns lugares
e situações, mas, agora mesmo, poderia ser uma boa opção. Enquanto essa magia
podia ser usada para se comunicar com outros jogadores, era desconhecido se
poderia ser usada para chamar um GM.
E, nessa situação anormal, não havia garantia
de que esta magia funcionaria.
".... Mas...!"
Ainda valia a pena investigar.
Momonga era totalmente um mago. Se ele fosse
incapaz de usar magia, não só seu combate, mas até sua mobilidade e método para
conseguir informação seriam reduzidos significativamente. Numa situação como
essa, onde tudo era incerto, era importante confirmar se ainda era possível
usar magia. E isso deve ser descoberto rápido.
Então, será que havia algum lugar em que ele
poderia usar magia – Momonga olhou ao redor da sala do trono e sacudiu sua
cabeça.
Embora essa fosse uma situação de
emergência, ele não queria que a Sala do Trono fosse sua cobaia.
Enquanto pensava em um local melhor, certo
lugar lhe veio à mente.
Além de suas próprias habilidades, havia
outra coisa que ele queria confirmar.
Sua autoridade.
Ele precisava descobrir se sua autoridade
como líder da Ainz Ooal Gown ainda existia.
Embora todos os NPCs a sua frente
demonstrassem lealdade, havia vários NPCs na Grande Tumba de Nazarick que eram
igualmente fortes a Momonga. Ele precisava confirmar se eles ainda eram leais a
ele.
Contudo –
Momonga olhou para Sebastian e as empregas
que estavam ajoelhadas, depois para Albedo, ao seu lado.
Albedo tinha um leve sorriso em seu rosto.
Enquanto pudesse ser descrito como muito lindo, também parecia um sorriso
perturbado que escondia alguma coisa, o que deu um mau pressentimento a
Momonga.
Será que a lealdade da NPC não tinha mudado?
Se for essa a realidade, depois de conhecer um superior incapaz, os empregados
perderiam a confiança nele, então as reações dos NPCs seriam a mesma, não é? Ou
será que eles nunca irão trair alguém enquanto eles forem programados para tal?
Se sua lealdade pudesse ser abalada, então,
o que poderia ser feito para restaurá-la? Dar recompensas? Havia várias coisas
de valor no baú da guilda. Mesmo se usar esses tesouros fosse deixar seus
companheiros tristes, já que essa era uma situação de emergência em relação à
sobrevivência da Ainz Ooal Gown, eles entenderiam. Só era incerto quantos
incentivos deveriam ser dados.
Além disso, será que uma posição superior
deveria ser considerada como ser superior? Mas, agora mesmo, que poder é
considerado superior, ainda não está claro para ele. Parecia que se ele
continuasse nesse raciocínio, ele começaria a entender as coisas.
"–Poder?"
Momonga abriu a sua mão esquerda, e o Cajado
de Ainz Ooal Gown automaticamente voou para sua mão.
"O poder para ficar acima de
todos?"
As sete gemas incorporadas ao cajado
brilharam levemente, como se pedissem ao seu mestre para usar seu poder.
".... Esqueça, vamos pensar sobre isso
em outra hora."
Momonga soltou o cajado e ele caiu no chão.
Recapitulando, enquanto você agisse como um
líder, seria improvável que os outros fossem hostis com você. Independentemente
se fosse um humano ou animal, enquanto você não mostrasse sinais de fraqueza, o
inimigo não mostraria suas garras e não atacaria.
De maneira imponente, Momonga gritou:
"Pleiades, escutem. Fora a empregada
que está com Sebas, o resto de vocês irá para o nono andar e o protegerá de
qualquer invasão do oitavo andar."
"Sim, Momonga-sama."
As empregadas ao lado de Sebastian
respeitosamente responderam, mostrando entendimento de suas ordens.
“Imediatamente!"
"Entendido, meu lorde!"
Depois de dar sua resposta, Sebastian e as
empregadas se curvaram perante Momonga, levantaram-se ao mesmo tempo e saíram.
Mais uma vez, as portas gigantes estavam
fechadas.
Sebastian e as empregadas desapareceram no
outro lado.
O fato deles não terem recusado a ordem era
um bom sinal.
Momonga sentiu como se um peso tivesse saído
de suas costas e olhou para a pessoa que ficou com ele. Essa pessoa era Albedo,
que estava sorrindo enquanto perguntava:
"O que você quer que eu faça,
Momonga-sama?"
"Ah, hmm.... Já sei." Momonga se
levantou de seu trono, e segurando seu cajado com uma mão disse:
"Venha até mim."
"Como quiser."
Respondendo com um sorriso, Albedo veio para
frente. Embora Momonga ainda estivesse atento à varinha com a bola flutuante
que Albedo carregava, ele momentaneamente esqueceu que aquilo estava ali. Antes
que ele percebesse isso, Albedo já estava perto o suficiente dele para
abraçá-lo.
Que
cheiro bom – o que diabos estou pensando?!
Esse pensamento foi instantaneamente
dispensado no momento em que Momonga cogitou aquilo, essa não era a hora para
fantasias, afinal de contas.
Momonga se esticou para tocar a mão de
Albedo.
"..."
"Hã?"
A expressão de Albedo estremeceu com dor.
Momonga ficou chocado e rapidamente puxou sua mão de volta.
O que aconteceu? Será que eu a deixei
desconfortável?
Várias memórias ruins lhe vieram à cabeça –
como se os céus tivessem caído – mas Momonga achou a resposta rapidamente.
".... Ah–"
A classe requerida para ser Undead Overlord
era a Skeleton Mage, que tinha uma habilidade que dava dano ou aplicava efeitos
negativos quando o usuário tocava outra pessoa. Será esse o motivo da reação
dela?
Mesmo se for o caso, ainda há algumas dúvidas.
Em Yggdrasil, os monstros e NPCs que nasciam
na Grande Tumba de Nazarick eram todos registrados sob a guilda Ainz Ooal Gown.
Enquanto fossem da mesma guilda, mesmo se atacassem uns aos outros, nada
aconteceria.
Será que ela não era mais da guilda? Ou será
que agora é possível machucar membros da guilda?
–A possibilidade de ser a última é alta.
Percebendo isso, Momonga se desculpou com
Albedo:
"Desculpe-me. Eu me esqueci de retirar
o efeito negativo dessa habilidade."
"Por favor, não se importe comigo,
Momonga-sama. Esse grau de dor não é nada significante. E também, se for
Monoga-sama, não importa que tipo de dor.... Ahn!"
"Oh... hmm... é mesmo.... Não,
perdoe-me."
Momonga não tinha ideia de como reagir
depois de ver Albedo cobrir seu rosto timidamente com a mão depois de dar um
gemido, e começou a gaguejar.
Realmente tinha sido por causa do efeito
negativo de contato.
Momonga rapidamente desviou o olhar, e
tentou descobrir como parar o efeito da habilidade – e, de repente, entendeu o
método.
Para Momonga, usar as habilidades do Undead
Overlord era simples e natural como respirar.
Estando diante de tais circunstâncias
anormais, Momoga não resistiu e riu.
Depois de tantas situações estranhas, ficar
afobado por causa de algo assim era bobo.
Hábitos podem ser terríveis.
"Eu vou te tocar."
"Ah."
Depois de desativar a habilidade, ele foi
tocar a mão de Albedo. Embora algumas palavras tivessem vindo à mente – Ah, tão magra – Ah, tão branca – e
outras ideias do tipo, todos os desejos masculinos foram completamente
ignorados já que ele só queria sentir o pulso dela.
–Estava pulsando.
A batida de um coração. Se isso era um ser
biológico, isso era ótimo.
É claro, se isso fosse um ser biológico.
Depois de soltar, Momonga olhou para o
próprio pulso e só viu ossos brancos sem pele. Já que não havia vasos
sanguíneos, obviamente não havia pulso. É claro, ser um Undead Overlord
significava que ele era imortal, além do alcance da morte, é claro que não
haveria pulso.
Deixando isso de lado, Momonga olhou para
Albedo.
Momonga vê Albedo com olhos molhados
emergindo de sua sombra. Com rosto corado, provavelmente por causa da súbita
elevação da temperatura corporal. Ver a aparência de Albedo deixou Momonga
atordoado.
".... Como isso aconteceu?"
Ela não era um NPC? Só uma informação
eletromagnética? Como era possível ela ser como uma pessoa viva, que tipo de IA
era capaz disso? Mais importante, o mundo de Yggdrasil parecia ter virado o
mundo real...
Impossível.
Momonga sacudiu sua cabeça em negação.
Tamanha situação fantástica nunca aconteceria. Mas assim que uma ideia fosse
fixada profundamente, não poderia ser removida facilmente. Se sentindo um pouco
desconfortável com a mudança de Albedo, Momonga estava perdido sobre o que
fazer.
Agora.... Seria o último passo. Enquanto ele
fosse capaz de confirmar isso, todas as suas premonições se tornariam um fato.
Confirmar sua suspeita sobre isso ser realidade ou não.
Então, isso era algo totalmente necessário.
Mesmo se ela decidisse usar a arma que tinha em mãos...
"Albedo... posso- posso tocar seus
peitos?"
"Hã?"
A atmosfera congelou instantaneamente.
Albedo abriu seus olhos em surpresa.
Até mesmo Momonga ficou embaraçado. Embora
não tivesse como evitar isso, ele também não entendia por que estava dizendo
isso. Realmente, perguntar algo assim com uma voz alta era muito vulgar. Não,
usar sua autoridade como superior para cometer assédio, isso era o fundo do
poço.
Mas em sua situação desesperadora, ele tinha
de fazer isso.
Momonga forçadamente se convenceu, ele se
estabilizou mentalmente e com a dignidade de um conquistador disse:
"Não deve se importar, não é?"
Não se sentindo nem um pouco digno.
Ouvindo o pedido trêmulo de Momonga, Albedo
parecia que explodiria de alegria.
"É claro, Momonga-sama. Por favor,
acaricie-os como desejar."
Albedo avançou com seus peitos bem
desenvolvidos na frente de Momonga. Se ele fosse capaz de engolir sua saliva,
ele o teria feito várias vezes.
Alcançando com sua mão, ele tocou os peitos
coberto pelo traje cerimonial. Havia uma anormal sensação de tensão e
excitação, e, em sua cabeça, ele estava calmamente o observando. Pensando que
ele era extremamente estúpido por ter pensado em tal método e colocado em
ação.
Ele sorrateiramente olhou para Albedo e
percebeu que seus olhos estavam brilhando, seus peitos também pareciam dizer
"Vamos lá!".
Incerto se era por causa de sua excitação ou
vergonha, as mãos de Momonga estavam tremendo diante da pressão, mas ele se
resolveu e estendeu suas mãos.
Momonga primeiro sentiu a superfície um
pouco dura do vestido e então sentiu algo muito macio por baixo.
"Unn... Ahh..."
No momento em que Albedo começou a gemer
levemente, Momonga parou seu experimento.
Levando tudo que sabia em conta, Momonga se
deparou com duas possíveis explicações para essa situação.
Primeiro, isso poderia ser um novo DMMORPG.
Significando que com o fim de Yggdrasil, um Yggdrasil 2 tinha sido lançado.
Mas depois desse experimento, as chances de
isso ser um novo jogo eram inexistentes.
Porque um jogo proibia ações 18+, ou até
mesmo ações qualificadas como 15+. Assim que acontecesse uma violação, uma
punição severa seria aplicada: os nomes dos acusados seriam anunciados no site
oficial e as contas em questão seriam deletadas.
A razão por trás dessa atitude era que se os
registros dessas ações 18+ viessem a público, poderiam violar o Ato de Ordem
Social. Em geral, o fato deste tipo de comportamento ser considerado ilegal não
era surpresa.
Se isso fosse dentro do mundo de um jogo, a
empresa teria colocado alguma forma de prevenir jogadores de tais ações. Se um
GM ou a empresa estivesse monitorando o jogo, eles instantaneamente evitariam
esse tipo comportamento. Mas não havia sinais disso acontecendo aqui.
E, de acordo com o básico sobre DMMORPG e
leis de computadores, na ausência de ter obtido uma licença, forçar jogadores a
ficar em um mundo de um jogo é classificado como sequestro sob a lei de
sequestro (se quiser deixar isso melhor:
é tipificado pela lei de sequestro). Se jogadores fossem forçados a jogar a
demo de um jogo, esse tipo de ação seria avistada instantaneamente por
promotores, especialmente se fosse impossível de sair do jogo. Não seria
surpresa se a empresa fosse sentenciada à prisão. Se tal situação ocorresse e a
desconexão forçada falhasse, os jogadores também seriam capazes de gravar uma
semana de jogo com um programa, que era obrigatório por lei. Com isso você era
capaz de facilmente relatar as violações da empresa. Se Momonga sumisse por uma
semana, alguém de sua empresa notaria algo estranho e mandaria alguém para sua
casa procurar por ele. Enquanto a polícia investigasse a interface dedicada,
eles deveriam ser capazes de resolver o problema.
Que tipo de empresa arriscaria ser presa
cometendo tal crime? É claro, é possível dizer que isso era a primeira
experiência do jogo, ou dizer que eles atualizaram o jogo. Mas, para uma
empresa de jogos, tomar esse risco não era vantajoso.
Pensando dessa forma, então, a única
possibilidade para explicar essa situação era considerar que isso é uma
pegadinha de mau gosto, sem nenhuma ligação com a empresa. Se fosse isso, esse
tipo de pensamento devia mudar, caso contrário, seria impossível chegar a uma
conclusão.
O problema era sua confusão sobre como
enfrentar isso. Também havia outra possibilidade...
... que
o mundo virtual se tornou a nova realidade.
Impossível.
Momonga imediatamente rejeitou essa ideia.
Como pode algo assim acontecer... mas, por outro lado, quanto mais tempo
passava, mais parecia ser a única explicação para o que aconteceu.
E também – Momonga pensou sobre a doce
fragrância vindo de Albedo. De acordo com a Lei Digital, dois dos cinco
sentidos, paladar e tato, deviam ser totalmente excluídos. Embora houvesse um
sistema de comidas e bebidas no jogo, normalmente só existiam como itens
consumíveis. As restrições ao tato eram para evitar que jogadores acreditassem
que esse era o mundo real. Por causa dessas limitações, o uso da realidade
virtual na indústria do sexo não era muito popular.
Mas, agora, todas essas restrições se foram.
Isso teve um impacto dramático em Momonga,
trazendo perguntas como "Mas e meu trabalho amanhã?" ou "O que
vai acontecer daqui pra frente?"
Todas essas perguntas eram preocupações
menores para serem deixadas de lado.
" .... Se o mundo virtual se tornou o
real... considerando a quantidade de dados, isso é completamente
impossível..."
Momonga limpou sua garganta que não deveria
ser capaz de fazer som. Embora sua mente não conseguisse aceitar a situação, em
seu coração ele já havia entendido. E sua mão finalmente largou dos peitos de
Albedo.
Depois de acariciá-los por um bom tempo,
Momonga finalmente foi capaz de entender a situação. A razão de ele ter a
tocado por tanto tempo não era porque ele achou aquilo extremamente macio e não
queria soltar....... Definitivamente não.
"Desculpe-me, Albedo."
"Woo ah..."
Albedo estava ofegante com um rosto
vermelho, com uma intensidade como se seu corpo estivesse soltando fumaça. Ela
timidamente perguntou a Momonga: "Eu terei minha primeira vez aqui?"
Depois de Albedo se deixar levar e perguntar
algo assim, Momonga foi incapaz de segurar um grito de surpresa:
"... O quê?"
A mente de Momonga ficou vazia
repentinamente, deixando-o incapaz de entender o sentido da pergunta.
Primeira vez? O quê? Como assim? E por que
ela parece tão tímida?
"Devo perguntar o que fazer com minhas
roupas?"
"... Hã?"
"Devo me despir? Ou isso atrapalhará o
senhor, Momonga-sama? Se fizermos com roupas, mais tarde elas... ficariam
sujas... Não, se Momonga-sama quer que eu vista essas roupas, então não tenho
objeções."
Seu cérebro finalmente entendeu as palavras
de Albedo. Não, ainda era questionável se Momonga ainda tinha um cérebro
debaixo de sua caveira.
Entendendo as intenções de Albedo, seu
coração estava hesitante:
"Já chega, Albedo."
"Hã? Sim, meu lorde."
"Agora não.... Não, agora não é hora
para essas coisas."
"Por favor, desculpe-me! Nós obviamente
estamos enfrentando uma situação emergencial e eu só estava pensando em meus
próprios desejos."
Albedo começou a se ajoelhar em perdão, mas
Momonga a parou.
"Não, isso é tudo culpa minha, eu te
perdoo Albedo. Além disso... eu tenho outro pedido para você."
"Não importa o que aconteça, eu
obedecerei."
"Notifique os guardiões dos andares, eu
quero que todos me encontrem na arena do sexto andar. Daqui uma hora. Eu mesmo
falarei com Aura e Mare, então você não precisa falar com esses dois."
"Sim, meu senhor. Eu repetirei: fora os
dois guardiões do sexto andar, informar os outros guardiões que eles devem se
reunir na arena dentro de uma hora."
"Correto, agora vá."
"Sim."
Albedo rapidamente deixou a Sala do Trono.
Vendo Albedo recuar, Momonga suspirou depois
de ela deixar a Sala do Trono:
".... O que foi que eu fiz.... Embora
aquilo fosse uma piada.... Se eu soubesse disso antes eu nunca teria feito.
Eu... maculei a NPC criada por Tabula Smaragdina."
Só havia um motivo por trás da reação de
Albedo.
Quando ele mudou a descrição de Albedo, ele
mudou para "Ela também está apaixonada por Momonga".
Era por isso que Albedo teve aquela reação.
".... Ah .... Droga…!"
Momonga murmurou para si mesmo, o legado que
era Albedo, um legado que Tabula Smaragdina tinha criado com muito suor, foi
modificado sem permissão e terminou com esse tipo de personagem.
Momonga sentiu como se tivesse estragado a
obra de arte de alguém e ficou depressivo.
Mas o rosto de Momonga era só uma caveira,
sendo assim, era impossível ver seu rosto distorcido enquanto deixava o trono.
Ele disse a si mesmo para deixar de lado esse problema por enquanto. Ele tinha
outros problemas para resolver e eles demandavam prioridade.
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