Overlord: Volume 01, Capítulo 4

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Conflito
Parte 1

A casa do chefe do vilarejo era perto da praça, e, logo após a entrada, havia uma larga e aberta sala de trabalho próxima a uma cozinha. Nesta sala vazia havia uma mesa pobre com várias cadeiras ao redor. Ainz estava sentado em uma das cadeiras e observava o interior. Brilhando através da janela, o sol iluminava cada canto da casa. Mesmo sem o uso da [Visão Noturna], era possível ver claramente os arredores.

Ainz olhou para a mulher que estava de pé na cozinha e para as várias ferramentas pela casa. Nenhum aparelho mecânico podia ser visto em toda a casa. Quando Ainz começou a pensar que a ciência e a tecnologia eram menos desenvolvidas neste mundo, ele imediatamente percebeu que suas expectativas eram um pouco ingênuas.

Mesmo com magia, a ciência não necessariamente avançaria rapidamente. Para se esquivar do Sol, Ainz cautelosamente moveu sua mão na mesa. A mesa começou a ficar bamba, mesmo as luvas de metal não sendo tão pesadas assim. A cadeira também fez um barulho alto, reagindo à mudança do peso de Ainz. No verdadeiro sentido da palavra, pobre.

Para desfazer isso, Ainz inclinou seu cajado contra a mesa. O cajado refletia a luz do Sol, que criava várias reflexões brilhantes. Embora ele estivesse em uma casa de um vilarejo acabado, ele, ainda assim, encontrou-se rodeado pelas ilusões de um mundo fabuloso. Ainz se lembrou das expressões maravilhadas dos aldeões.

Ao se deparar com o cajado de alto nível que Ainz e seus companheiros tinham criado, os aldeões estavam admirados, fazendo com que Ainz ficasse muito orgulhoso. Contudo, este sentimento fugaz imediatamente se transformou em um nível de felicidade normal, fazendo com que Ainz enrugasse suas sobrancelhas inexistentes.

Ele realmente não gostava de sua postura forçada. Contudo, se ele fosse muito desatento, faria com que os problemas futuros se tornassem mais difíceis para ele. Refletindo sobre isto, Ainz se preparou para o desafio a frente:

'Eu tinha que negociar com o chefe do vilarejo sobre a recompensa por ter salvado o vilarejo.'

O verdadeiro objetivo de Ainz era juntar informações em vez de ouro, mas pedir diretamente por informações levantaria suspeitas.  Embora este pequeno vilarejo não devesse ser muito problemático, Ainz ainda estava preocupado com as autoridades do território. Se tais pessoas soubessem que Ainz frequentemente se encontrava com os aldeões para conseguir informações sobre este mundo, elas iriam manipulá-lo imediatamente.

'Estou sendo muito cauteloso? ' Ainz sentiu como se esta situação fosse parecida com a de sair correndo para atravessar a rua. Havia a chance de ele se envolver em um acidente fatal a qualquer momento. Em outras palavras, havia uma chance de ele se encontrar com os guerreiros mais fortes do mundo.  Força era relativa. Ainz pode ser mais forte que todos que encontrou neste vilarejo, contudo, isso não significa que ele é o mais forte do mundo.

E também, agora mesmo, Ainz era um morto-vivo, e julgando pela reação da garota, a opinião geral sobre os mortos-vivos era bem óbvia. Ele precisava de conhecimento sobre sua situação e ele tinha que ser cuidadoso, já que ele poderia ser atacado a qualquer hora por humanos que o odiassem.

"Eu o fiz esperar." O chefe do vilarejo sentou na cadeira na frente de Ainz, e sua esposa ficou atrás dele.

O chefe tinha uma pele negra e muscular e um rosto cheio de rugas. De relance, era possível notar que seu corpo robusto foi feito depois de muito trabalho pesado. Metade de seu cabelo já estava branco. Embora suas roupas de algodão estivessem manchadas de sujeira, elas não fediam.  Pelo olhar cansado em seu rosto, dava para dizer que ele tinha mais de quarenta anos. Sua verdadeira idade, contudo, era difícil de discernir.  Aparentemente, os eventos de hoje o fizeram envelhecer alguns anos. A mulher dele parecia ser tão velha quanto ele.

Embora ela, previamente, tivesse o charme de uma magra e delicada beleza, muitos anos de trabalho na fazenda acabaram quase que completamente com isto. Seu rosto estava cheio de sardas. Agora, ela era somente uma magrela, tiazona, com um cabelo preto despenteado até os ombros. Mesmo se fosse vista sob a luz do Sol, sua cor ainda seria desbotada.

"Por favor."

A esposa colocou um copo humilde na mesa. Albedo não foi servida, pois ainda estava patrulhando o vilarejo.  Ainz levantou sua mão recusando o copo com água fervida.  Ele não sentia sede e não podia tirar sua máscara. Mas já que ele viu o trabalho duro colocado no preparo da água, ele deveria ter recusado antes.

A propósito, o trabalho duro se refere à tarefa de ferver a água.  Ela começou com uma pedra. Fazendo várias faíscas nos pedaços finos de madeira, ela, então, deixou o fogo crescer. Demorou um pouco para que ela conseguisse manter o fogo do fogão, e então, teve que esperar até que a água estivesse fervida.  Ela não usava eletricidade, mas sim, um fogo feito à mão para ferver a água. Esta foi a primeira vez que Ainz viu algo do tipo e ele ficou muito impressionado no processo. No mundo original de Ainz, todos usavam gás para cozinhar, então, o que ela acabou de fazer devia ser muito mais difícil.

Sobre a tecnologia, Ainz queria aproveitar a situação para reunir um pouco de informação. Pensando desta forma, Ainz, mais uma vez, encarou o chefe.

"Embora você tenha fervido a água especialmente para mim, eu sinto muito."

"O senhor é muito gentil, não precisa se desculpar."

Ainz, que está gentilmente curvando sua cabeça em perdão, fez o casal ficar preocupado. Eles não conseguiram imaginar que a pessoa comandando o "Cavaleiro da Morte" iria curvar sua cabeça para pedir desculpas.

Mas esta ideia não era nem um pouco esquisita para Ainz. Mostrar uma atitude amigável antes de começarem as negociações era definitivamente algo bom.  É claro, ele podia sempre lidar com isto do mesmo jeito que fez com as irmãs, usando [Confundir Humanoide] ou alguma outra magia para arrancar informação e depois usar uma magia de alto nível para mudar suas memórias. Mas isso só deveria ser usado como último recurso, porque o consumo de MP para tal era muito alto.

Ainz se lembrou da sensação de usar MP: Seu corpo ficava estranhamente cansado, como se tivesse perdido algo.  Depois que ele colocou as luvas e a máscara, ele tinha de usar uma gigantesca quantidade de MP para mudar simplesmente 10 segundos de memórias.

"Então, vamos ao ponto; a discussão sobre minha recompensa."

"Sim. Contudo, antes de começarmos... Muito obrigado!"

O chefe se curvou em agradecimento, sua cabeça quase tocava a mesa. Sua esposa o seguiu e também se curvou:

"Se não fosse pelo senhor, todos estaríamos mortos. Nós estamos muito gratos!"

Ainz estava surpreso por receber tal gratidão sincera.  Lembrando-se de sua vida anterior como Suzuki Satoru, ele nunca tinha recebido tal agradecimento...  Não, as duas garotas de antes também o agradeceram assim. Era que ele simplesmente não tinha salvado ninguém antes, e, agora, ele se sente como se tivesse feito a coisa certa.

Ele não desgostava de receber tal tipo de agradecimento sincero, mesmo quando ele era humano, embora ele ainda se sentisse constrangido— talvez isto fosse um resto de sua humanidade.

"Por favor, levantem seus rostos. Como eu disse antes, isto não é nada com que vocês devam se preocupar. Porque eu não estava ajudando de graça."

"Nós sabemos disso, mas, por favor, deixe-nos agradecê-lo mesmo assim. Por causa da sua ajuda, várias pessoas sobreviveram."

"Enquanto me pagarem mais. Primeiro, vamos discutir sobre a recompensa. Como chefe do vilarejo, você deve estar bem ocupado."

"Nada é mais importante do que passar tempo com o nosso salvador, contudo, seguir meus princípios seria minha forma de respeito mais sincero."

O chefe lentamente ergueu seu rosto e Ainz rapidamente começou a usar seu inexistente cérebro.

Não depender da magia, mas sim da conversa para conseguir informações.

'Que problemático.'

Quanto efeito suas experiências passadas com vendas teriam nesta situação? Ainz esperava que ele fosse capaz de usar pelo menos metade de suas antigas habilidades. Tendo se preparado mentalmente, ele disse:

"Então, eu irei direto ao ponto. Quanto vocês podem me pagar?"

"Nós não podemos ser mesquinhos com nosso salvador. Sobre moedas de bronze e prata, se não coletarmos de todos, não teremos certeza de quanto temos, mas, sobre as moedas de bronze, agora nós devemos ter por volta de 3000."

Ainz ainda não sabia quanto valor isso tinha, então, ele se ridicularizou em seu coração.  Perguntar agora seria um erro fatal, ele deveria tomar outro caminho e lentamente guiar a conversa.

'De qualquer forma, já que eu era um vendedor inútil originalmente, minhas habilidades profissionais também eram ruins.'

Embora o número parecesse muito, ele não sabia o valor do dinheiro, e então, não poderia determinar se essa quantia era apropriada. Ele absolutamente tem que evitar aceitar um valor muito baixo ou elevar para uma quantia muito alta, caso contrário, ele irá expor sua ignorância.

 Não, o fato de eles não terem dito que iriam pagar com quatro grandes vacas já foi o suficiente para que ele suspirasse de alívio.

Próximo de cair profundamente em depressão, seu estado mental rapidamente se ajeitou. Ainz se reassegurou, ele estava muito agradecido por seu corpo morto-vivo, e, ao mesmo tempo, ele aprendeu algo.

E isso era que moedas de bronze e prata eram a moeda corrente desse vilarejo. Ao mesmo tempo, ele também quis saber a relação entre essas duas moedas, mas ele não tinha confiança sobre esta informação. Primeiro, ele tinha que aprender mais sobre o valor das moedas de bronze. Não saber algo tão básico poderia se transformar em algo problemático. Mas não saber nada sobre o valor da moeda seria muito suspeito. Antes que ele quisesse saber mais sobre este mundo, ele queria continuar não chamando atenção.  Por isso, ele continuou pensando, tentando evitar uma falha maior.

"Seria problemático carregar tantas moedas, eu espero que elas possam ser trocadas por moedas com um valor maior."

"Perdoe-nos, seria ótimo se pudéssemos usar moedas de ouro para pagar o senhor. Mas... nosso vilarejo não tem nenhuma."

Ainz suprimiu a vontade de dar um grande suspiro de alívio. A resposta do chefe levou a conversa na direção em que Ainz gostaria.

Então, Ainz pensou muito sobre sua próxima pergunta:

"Então é assim. Nesse caso, eu desejo usar o dinheiro que receber para comprar produtos do vilarejo, eu quero que me dê o suficiente para esse propósito."

Ainz secretamente abriu seu baú de itens por dentro de sua túnica e retirou duas moedas de ouro de Yggdrasil. Uma das moedas tinha o contorno de uma mulher, enquanto a outra tinha a de um homem. A primeira moeda foi implementada depois do evento [A Ruína da Valquíria], era uma revisão da moeda usada pelos jogadores até o momento, com a segunda sendo a moeda mais antiga que era usada antigamente.  Embora ambas as moedas tivessem o mesmo valor, elas tinham significados diferentes para Ainz.

A moeda mais velha tinha acompanhado Ainz desde o primeiro momento em que ele começou a jogar Yggdrasil até fundar a Ainz Ooal Gown. Foi durante o auge de sua guilda que o jogo implementou a nova moeda, mas já que eles já tinham completado seus equipamentos, a moeda nova foi simplesmente colocada no baú.

Sendo um mago esquelético, usando magias para derrotar monstros no mapa, recebendo moedas de ouro que flutuavam no ar. Indo para labirintos sozinho e derrotando monstros ferozes sozinho, ganhando uma montanha de dinheiro através de grandes dificuldades. Depois que os membros de sua guilda passaram pelo labirinto, eles venderam todos os cristais de dados, ganhando estas moedas de ouro que simbolizavam sua gloriosa história.

Mas Ainz jogou fora aquelas memórias nostálgicas. Guardando a moeda velha, ele pegou a moeda nova.  Assim que ele colocou as moedas na mesa, o chefe e sua mulher abriram os olhos em surpresa.

"Is— Isto é!"

"Isto é a moeda de uma terra distante. Ela pode ser usada aqui?"

"Deve ser possível... Espere um pouco, por favor."

Ainz deu um suspiro de alívio depois de ouvir que poderia ser usada, enquanto o chefe levantou de sua cadeira, foi para outro quarto e trouxe algo que só poderia ser visto em livros de história.

Isso seria uma balança antiga. Depois teve o trabalho da mulher, ela pegou a moeda de ouro junto de um objeto redondo, tendo por volta do mesmo tamanho. Depois que ela viu o suficiente, ela colocou a moeda em um lado da balança e colocou um peso no outro.  Isto parecia um processo chamado de "pesar a moeda".  Ainz cavou em suas memórias, pensando sobre o significado das ações da mulher. Se o primeiro passo fosse comparar o tamanho da moeda deste país com a outra, então o próximo seria confirmar o conteúdo em ouro da moeda.

"Parece ter o peso de duas moedas de ouro... Por favor, posso pedir para arranhar a superfície..."

"M— Mulher, você está sendo rude demais! Por favor, perdoe-nos, minha mulher disse palavras insolentes..."

Parecia que ela pensava que a moeda era banhada a ouro. Entretanto, Ainz não estava triste nem nervoso.

"Tudo bem... Mas se for realmente de ouro puro, é melhor você me compensar com seu valor total, tudo bem?"

"N— Não precisa, desculpe-me."

A mulher do chefe se desculpou e devolveu a moeda.

"Não se preocupe com isso, eu quero saber outra coisa. O que vocês acham desta moeda? Parece uma escultura entalhada, não é?"

"Sim, parece ser muito bonita. De qual país ela é?"

"Bem... este país não existe mais."

"Oh, mesmo...."

"... Embora tenha o mesmo peso que duas moedas de ouro comuns, se juntar o trabalho de arte dela, eu deveria esperar um valor ainda maior, não é mesmo?"

"Provavelmente... mas eu não sou nenhum comerciante, e não sei como julgar um trabalho de arte apropriadamente..."

"Hahahaha, você está certo. Então se eu fosse fazer compras, esta moeda seria equivalente a duas moedas de ouro comuns, certo?"

"Bem, é claro."

"Na verdade, eu tenho várias delas. Que tipo de produtos você pode me vender? É claro, eu só comprarei a quantidade que você esteja disposto a vender, e eu não me importo de pagar o preço normal. Você pode até mesmo verificar as moedas livremente. Por favor—"

"Ainz Ooal Gown-sama!"

Ainz ficou assustado pelo grito repentino do chefe, cuja expressão tinha ficado mais séria do que anteriormente.

"... Ainz está bom."

"Então seria Ainz-sama?" O chefe do vilarejo estava muito cético no começo, mas depois de acenar com a cabeça várias vezes, ele continuou:

 "Eu tenho plena noção do que Ainz-sama está tentando dizer."

Ficando de certa forma confuso, Ainz imaginou se um grande ponto de interrogação apareceria acima de sua cabeça. Isto deve ser um mal-entendido, mas já que ele não tinha a menor ideia do que o chefe ia dizer, Ainz não sabia como reagir.

"Eu estou ciente de que Ainz-sama não quer se vender por pouco, já que é compreensível que o senhor espera uma recompensa adequada pelo seu trabalho duro. Para contratar uma pessoa tão forte quanto Ainz-sama, nós precisaríamos de muito dinheiro, mas o senhor gostaria de receber algo além das 3000 moedas de bronze, não é verdade?"

Sendo incapaz de seguir a linha de raciocínio do chefe, a mente de Ainz estava bagunçada e ele não podia deixar de ser grato por ter decidido usar a máscara. Ainz mostrou as moedas de ouro para estipular quanto ele seria capaz de comprar com elas, já que ele queria dar uma avaliada nos preços do mercado deste mundo. Como as coisas chegaram a este ponto?  Sem dar tempo para Ainz responder, o chefe continuou:

"Entretanto, assim como eu disse antes, o máximo que este vilarejo pode pagar é por volta de 3000 moedas de bronze. O senhor certamente suspeitará que tenha mais, mas eu definitivamente o asseguro de que não estamos escondendo nada de nosso salvador Ainz-sama."

O rosto do chefe estava cheio de sinceridade e não parecia que ele estava mentindo. Se ele estivesse enganando Ainz, ele só poderia se culpar por sua própria incapacidade de ler as pessoas.

"Não, nós nunca seríamos capazes de juntar a quantia adequada para pagar alguém tão poderoso quanto Ainz-sama. Se todos no vilarejo juntarem todo seu dinheiro, talvez nós possamos satisfazer Ainz-sama, mas... nosso vilarejo perdeu muitas pessoas, se pagássemos mais de 3000 moedas de bronze nós não seríamos capazes de sobreviver à próxima estação. É a mesma coisa com nossos produtos, muitos campos ficarão defasados de trabalhadores por causa de nossas perdas. Então, se déssemos nossos estoques para o senhor, nosso futuro seria incerto. Embora seja rude ao nosso salvador, mas se for remotamente possível... será que podemos lhe pagar em parcelas?"

'Hã? Poderia esta ser uma ótima oportunidade?'

Tendo um momento de iluminação, Ainz pretendeu ter um pensamento profundo. Seu objetivo estava bem na sua frente, agora, ele só poderia rezar para ter sucesso. Depois de alguns segundos, Ainz finalmente disse:

"Eu entendo. Eu não pedirei por uma recompensa."

"Hã? Po— Por quê?"

O chefe e sua mulher estavam estupefatos. Ainz gentilmente levantou sua mão, sinalizando que ainda tinha algo para dizer. Durante as negociações, deve-se considerar apropriadamente o que dizer e o que não dizer, isto era muito problemático, e ele não sabia se era possível adquirir as informações que queria sem problemas, mas ainda assim ele tinha que tentar.

"... Eu sou um Conjurador de Magias, depois de aprender magia em um lugar chamado Nazarick, eu só saí de lá há pouco tempo."

"Entendo. Então essa é a razão pela qual o senhor está vestido dessa maneira."

"Ah, er... Sim."

Ainz tocou a Máscara da Inveja, casualmente limpando sua sobrancelha.  Se todos os Magos usassem estes tipos de máscaras, como as pessoas na rua reagiriam?  A imagem das ruas de Bali cheias de gente lhe veio à mente. Ainz, que não esperava vir para este mundo, percebeu, de repente, outra coisa que ele não conseguia entender. Ele se perguntou por que eles usavam os mesmos títulos, assim como em Yggdrasil.
O título de Conjurador de Magias era muito comum. Ele incluía Eremita Sagrado, Sacerdote, Druida, Místico, Feiticeiro, Mago, Bardo, Miko, Alquimista, Santo e outras ocupações. Todas estas classes em Yggdrasil eram conhecidas como Usuárias de Magias. Se fosse o mesmo neste mundo, isso seria uma grande coincidência.

Ainz continuou observando suas reações enquanto falava:

"Embora eu tenha dito que não quero uma recompensa, como um Conjurador de Magias, eu uso várias ferramentas diferentes, e isso também inclui medo e conhecimento. E isto pode ser usado como ferramenta para conseguir dinheiro. Como eu disse antes, por eu estar me concentrando completamente em meus estudos mágicos, eu cheguei ao ponto em que não entendo o que está acontecendo nos arredores, então, eu gostaria de pegar informações com vocês. Adiante, eu espero que vocês não digam para ninguém sobre eu estar comprando informações de vocês. Eu estaria disposto a considerar isto como um substituto da minha recompensa."

Não existe tal coisa como comida de graça. Se alguém é de graça, então, tem que ter alguma pegadinha. Depois de exigir uma recompensa por salvar estas pessoas, ele de repente mudou de ideia e não queria mais uma recompensa. Isto, obviamente, faria com que algumas pessoas suspeitassem dele. Mas, enquanto o outro acreditasse que tivesse pagado um valor adequado, mesmo que fosse intangível, eles ainda seriam influenciados por isso. Em outras palavras, se o outro lado acreditar que venderam informações para Ainz como recompensa, eles suspeitariam menos e ficariam mais calmos.

De fato, o chefe e sua mulher mostraram expressões firmes e acenaram com a cabeça:

"Eu entendo, nós definitivamente não iremos contar a ninguém sobre isso."

Ainz fechou seus punhos e secretamente celebrou. Suas experiências no mundo real como vendedor foram úteis aqui.

"Isso é ótimo. Como eu não quero usar magia para restringi-los, eu irei acreditar nas suas palavras."

Ainz esticou sua mão coberta pela luva. No começo, o chefe estava atordoado por um segundo, e depois de entender a intenção, ele firmemente apertou a mão de Ainz. Ainz estava aliviado de que este mundo também tinha a tradição de apertar as mãos. Se o chefe tivesse feito um rosto de dúvida, ele teria chorado.

É claro, Ainz não confiava completamente neles. Sobre assuntos que você não quer que as pessoas bisbilhotem, no momento em que lhes fosse oferecido benefícios, eles com certeza vazariam as informações. Mesmo se um segredo fosse guardado no começo, ainda era possível que ele fosse vazado depois que a pessoa em questão mudasse de ideia. Já que não havia nada como a "melhor solução", Ainz tinha que apostar acreditando que a integridade do chefe era forte o suficiente para não espalhar a informação. Ele não podia fazer nada para prevenir isto de acontecer, e, mesmo se a informação vazasse, ele ainda poderia usar isso para barganhar na próxima vez que ele tivesse que lidar com este vilarejo.

Mas depois de olhar seus rostos de gratidão e suas atitudes sinceras, a intuição de Ainz o disse que eles provavelmente nunca o trairiam.

"Então... Você pode me dizer sobre este lugar?"

***

"... como pode ser?!"

"Eh! Tem algum problema?"

"Não, nada, eu só estava falando comigo mesmo. Desculpe por fazer sons estranhos o preocupando..."

Ainz instantaneamente continuou sua encenação. Se ele ainda tivesse seu corpo humano, ele estaria suando frio agora. O chefe disse:

"Oh, então é assim." E não tocou mais no assunto.

Ou, talvez, na mente dele, ele já via o Lançador de Magias como uma pessoa esquisita.  Isto, na verdade, seria mais vantajoso para Ainz...

"Devo preparar algo para o senhor beber?"

"Oh, não. Eu não estou com sede, por favor, não se preocupe."

A mulher do chefe já tinha saído do quarto e foi para fora— havia várias coisas para fazer. No momento, somente Ainz e o chefe estavam na casa.

As primeiras perguntas de Ainz eram sobre os países vizinhos, ele nunca tinha escutado sobre os nomes mencionados pelo chefe. Embora ele tenha se preparado psicologicamente, dizendo que nada iria o surpreender, ainda assim, ele ficou surpreso ao escutar....

No começo, Ainz constantemente imaginava que este mundo tinha sido baseado na história de Yggdrasil. Já que era possível usar a magia de Yggdrasil neste mundo, talvez fosse algo ligado a Yggdrasil. Contudo, os nomes que ele ouviu não tinham, absolutamente, nenhuma relação.

Os países vizinhos eram o Reino de Re-Estize, o Império Baharuth e a Teocracia Slane. Na mitologia nórdica e na história de Yggdrasil, estes nomes não apareciam.

Seus olhos estavam piscando constantemente e seu corpo estava tremendo. Ainz colocou suas mãos vestidas com as luvas na mesa, e mal foi capaz de manter o equilíbrio. Ele já sabia que tinha chegado a um mundo estranho e estava mentalmente preparado para isso, mas era impossível não ficar surpreso.

O impacto foi pior do que o esperado. Esta foi a primeira vez desde que seu corpo se tornou o de um morto-vivo em que ele sentiu tamanho impacto dramático.  Tentando ficar calmo, Ainz se lembrou dos nomes dos países vizinhos que acabou de escutar e suas localizações geográficas.

Começando com o mais perto, Reino de Re-Estize e Império Baharuth. Estes países eram separados pelas montanhas Azellerisia. Ao sul das montanhas havia uma grande floresta que pertencia ao reino. Este vilarejo e a cidade fortaleza próxima eram ambas localizadas na fronteira da floresta.

Estes dois países estavam lutando constantemente um contra o outro e havia conflitos quase todo ano na selva perto da cidade fortaleza.

E o país ao sul, a Teocracia de Slane. Para explicar a relação entre estes três países, em termos simples, era como desenhar um círculo e colocar um "T" no meio. Esta explicação pode ser um pouco vaga, mas deve ser fácil de entender. O Reino de Re-Estize à esquerda, o Império Baharuth à direita, e a Teocracia Slane ao sul. Parecia haver outros países, mas o chefe só sabia sobre esses três.

Sobre os acontecimentos políticos, não havia como o chefe de um vilarejo pequeno saber mais.

O que significa...

"... Eu fui um tolo."

Só porque os cavaleiros levavam o emblema do Império Baharuth, o chefe tinha assumido que eles fossem cavaleiros de Baharuth. Mas já que este lugar estava na fronteira com a Teocracia Slane, eles podiam muito bem ser cavaleiros de Slane disfarçados.

Libertar todos os cavaleiros foi um erro, ele deveria ter mantido pelo menos uma pessoa para fazer algumas perguntas. Agora era tarde demais.

Se isto realmente fosse um ataque da Teocracia Slane, então, talvez ele deva avisar o Império. Quanto ao Reino, já que os aldeões foram salvos, tudo deveria ficar bem.

Ainz estava pensando profundamente.  Seria ele o único que veio para este mundo?  Isto era impossível, as chances de outros jogadores estarem aqui deveriam ser altas. Talvez Meromero também tivesse vindo. O próximo passo seria considerar o que fazer no caso de ele encontrar outros jogadores.

Do ponto de vista de um japonês, se outras pessoas foram transportas para cá, elas deveriam se unir. Seria melhor cooperar o máximo possível um com o outro quando isso acontecesse. Enquanto não tivesse nada a ver com Ainz Ooal Gown, não importa quais concessões ele teria de fazer. O único problema seria se o outro o considerasse como inimigo.

Embora a probabilidade de isso acontecer fosse muito pequena, não era completamente impossível.  Ainz Ooal Gown sempre fez o papel dos vilões e estava dando PKs o tempo todo. Como resultado, ninguém gostava deles. Não estava claro se esse ressentimento desapareceu ou não. Talvez a outra pessoa tentasse levá-lo à justiça, guiada por raiva e ódio.

Para tentar não ser odiado, ele, primeiro, teria de evitar atitudes hostis nos arredores. Massacrar os moradores locais, especialmente pessoas inocentes, iria enfurecer outros jogadores que ainda tinham sua humanidade para perder. É claro, se ele pudesse dar uma boa razão para a outra pessoa pelos seus atos, seria outro assunto. Salvando aldeões que foram atacados, por exemplo.

Todas as suas atitudes futuras deveriam ser justificadas com motivos louváveis em vez de convenientes. Em outras palavras, é possível que na próxima vez ele tenha que fazer coisas que não quer, mas não há outra opção. Ainda assim, se o outro ainda tivesse ressentimento para com a Ainz Ooal Gown por causa do passado, portanto, lutar seria inevitável. Então, ele tem que pensar em uma contramedida para tal situação.

Sobre a força de Nazarick, se o oponente tivesse por volta de 30 jogadores de nível 100, ele deveria ser capaz de destruí-los facilmente. Já que ele também usaria os tesouros lendários de Nazarick, eles podiam ser comparados com uma fortaleza impenetrável. Se os inimigos fossem tão fortes quanto aqueles cavaleiros, então, seria fácil para repeli-los.

Mas, como se pode imaginar, lutar em uma fortaleza sem receber reforços seria muito desvantajoso. Usando os itens lendários da Ainz Ooal Gown seria fácil matá-los, mas o nível de Ainz diminuiria toda vez que ele liberasse o poder total. Se ele usasse para repelir cada ataque, chegaria o dia em que ele seria incapaz de usá-los.

Ainz sabia o quão fácil era cometer erros, ou não perceber certas coisas quando ele se concentrava somente em lutar. Mas Ainz não era uma criança, então, ele levaria em conta as piores situações possíveis antes de agir. Dessa forma, ele poderia pensar em contramedidas antes mesmo do problema acontecer.

Se ele simplesmente quisesse viver, então, ele não precisaria pensar muito. Ele poderia ser simplesmente como uma fera e viver na floresta. Mas, por causa de sua força e do orgulhoso nome que está carregando, ele não podia se permitir fazer tal coisa.

Se ele quisesse viver pacificamente com os outros, ele teria simplesmente que improvisar.

Por isso, como ele lidará com o combate no futuro se tornou algo muito importante. Ele tinha que expandir seu poderio militar apropriadamente. Depois, ele teria que juntar informações sobre este mundo, incluindo notícias sobre outros jogadores.

"... Isto deve ser suficiente."

"Há algo de errado?"

"Não, não é nada. É só que minhas previsões eram diferentes da realidade, então eu viajei. Certo, existe alguma outra coisa que você possa me falar?"

"Ah, sim, eu entendo."

O chefe mudou a conversa para falar sobre os monstros.  Este mundo era igual a Yggdrasil, no aspecto em que ambos tinham monstros. Dentro de florestas, também havia Bestas Mágicas, particularmente na área chamada "Floresta dos Reis Sábios". Também existiam Anões, Espíritos da Floresta ou Fadas, Goblins, Orcs, Ogros e outros demi-humanos. Até mesmo havia um país de demi-humanos em algum lugar.

Há aqueles chamados de "Aventureiros", que recebem recompensas por derrotar tais criaturas. Muitos dos Aventureiros também eram Conjuradores de Magia. Eles também criaram uma Guilda dos Aventureiros dentro da cidade.

Além disso, parecia haver uma forma de conseguir informações úteis na cidade fortaleza de E-Rantel.

De acordo com o chefe, E-Rantel parecia ser a maior cidade por perto, mesmo sendo incerto sobre quantas pessoas moravam lá. Se quisesse adquirir informações, aquele era o lugar.

Mesmo que a informação adquirida com o chefe fosse útil, ainda havia várias coisas das quais ele não sabia. Para esclarecer tudo, seria mais fácil simplesmente mandar alguém lá para verificar.  Finalmente, sobre a língua. Embora este parecesse ser outro mundo, era estranho como eles conseguiam entender japonês. Então, Ainz olhou cuidadosamente para a boca do chefe, e percebeu que ele não estava falando japonês.

O formato da boca e os sons resultantes, nenhum deles parecia ser japonês.  Ele devia fazer alguns experimentos sobre isto depois. Concluindo, parecia que as pessoas deste mundo uma vez comeram um tipo de comida chamada "Konjac de Tradução". Só não se tinha ideia de quem os alimentou com tal coisa. Parecia que a linguagem deste mundo era traduzida automaticamente antes que fosse transmitida para a outra pessoa.

Então, se todos eram capazes de entender uns aos outros, deve ser possível falar com outras espécies também. Como falar com gatos e cachorros. O único problema é que ninguém sabe quem fez as coisas de tal maneira. Mas, por algum motivo, o chefe do vilarejo não achou isso nem um pouco esquisito.

Como se fosse algo completamente comum.

'Em outras palavras, este é o senso comum para este mundo. Pensando calmamente sobre isto, já que era um mundo mágico, o fato de ter um senso comum completamente diferente não era tão esquisito assim.'

O senso comum que ele aprendeu durante toda sua vida antiga e o senso comum deste mundo eram diferentes. Isto era um problema fatal.

Se ele não estivesse familiarizado com o senso comum deste mundo, seria possível que ele cometesse um erro fatal. A dita "falta de noção", era, definitivamente, algo ruim.

Atualmente, Ainz não tinha tal senso comum. Ele simplesmente tinha de pensar em uma solução, mas já que ele não conseguia pensar em uma boa ideia, será que ele deveria achar alguém por aí e fazer essa pessoa falar tudo sobre o senso comum para ele? É claro que não.

Parece que só havia um jeito.

"... Parece que terei de morar em uma cidade por um tempo..."

Várias coisas irão precisar que ele aprenda sobre o senso comum deste mundo. Também era importante entender a magia deste mundo. Havia muitas coisas que ele precisava saber. Profundamente em seus pensamentos, Ainz ouviu o som de passos gentis se aproximando da fina porta de madeira pelo lado de fora. Embora os passos fossem pesados, o tempo entre eles mostrava que não se moviam rapidamente. Eram os passos de alguém que não estava com pressa.

No momento em que Ainz virou seu rosto na direção da porta, alguém bateu nela. O chefe não pôde deixar de observar o rosto de Ainz. Já que o preço por ter salvado suas vidas era explicar algumas coisas, ele não ousaria sair sem o consentimento de Ainz.

"Por favor, vá em frente. Eu queria mesmo fazer uma pausa, então não me importo se quiser sair."

"Eu sinto muitíssimo por isso."

O chefe acenou gentilmente para se desculpar, levantou-se e andou até a porta. Um aldeão apareceu na porta, ele primeiramente olhou para o chefe e depois para Ainz:

"Chefe, desculpe-me incomodá-lo enquanto o senhor está falando com sua visita, mas o funeral está pronto..."

"Oh..."

O olhar do chefe se voltou para Ainz, como se estivesse pedindo permissão.

"Não tem problema, não se preocupe comigo."

"Obrigado. Diga a todos que eu estarei lá."



Parte 2

O funeral foi feito no cemitério nos limites do vilarejo. O cemitério consistia de um muro acabado que fechava um espaço aberto, com várias pedras redondas verticais que tinham nomes escritos. O chefe leu um epitáfio para consolar as almas dos que partiram. Ele falou de deuses que não existiam em Yggdrasil e rezou para que as almas descansassem em paz.

Aparentemente eles não podiam enterrar todos os corpos devido à falta de pessoas, então, eles só enterram algumas. Da perspectiva de Ainz, enterrar alguém no mesmo dia em que morreu era um pouco antecipado. Talvez este mundo tivesse práticas religiosas desconhecidas por Ainz e enterrar alguém rapidamente fosse considerado normal.

Os aldeões estavam todos reunidos dentro do cemitério, dentre eles, Ainz viu as duas irmãs que ele salvou— Enri e Nemu Emmot. Ainz confirmou que os dois corpos ali eram dos pais delas; aparentemente, o enterro deles aconteceria logo. Ainz as observou de um local próximo enquanto segurava uma varinha de 30 centímetros por baixo de sua túnica. A varinha era feita de marfim, decorada com ouro na ponta. No cabo estavam encrustadas algumas runas, e ela tinha um cheiro divino.

O nome da varinha era Varinha da Ressurreição.

Com este item mágico, era possível trazer os mortos de volta à vida. Ainz obviamente tinha mais de uma varinha. Ele tinha até mesmo o suficiente para reviver todos do vilarejo e ainda sobraria. De acordo com o chefe, não havia magia neste mundo que pudesse reviver os mortos. Se Ainz usasse a varinha, ele poderia criar um milagre neste vilarejo. Mas depois que as preces foram concluídas e o funeral estava chegando a um fim, Ainz lentamente colocou a varinha de volta no baú.

Ele podia reviver os mortos, mas não o fez. Não foi porque ele achava que era tarefa de Deus cuidar dos espíritos dos mortos, mas sim, porque não havia motivo para tal. Considere os dois tipos de Conjuradores de Magia, aqueles que podem usar magia para matar e aqueles que podem usar para reviver outras pessoas. É fácil dizer qual provavelmente terá mais problemas. Mesmo se eles forem revividos com a condição de não contar a ninguém sobre tal, as chances de guardar este segredo eram baixas.

Todos desejavam pela habilidade de desafiar a morte, não é?  Sob outras circunstâncias, ele talvez fosse capaz de usar [Ressurreição]. Mas, no momento, ele não tinha informação o suficiente; era melhor não usar a varinha.

"Só o ato de salvar o vilarejo deve ser o suficiente para deixá-los felizes."

[Nota do tradutor: Ainz ta tipo aqueles Sacer do Ragnarok que ignorava você pedindo ress ]
[Revisor: Tu sabe qual era o preço da gema?! Não tinha nem um por favor, era “ressa ae!” e nós éramos ruins se não quiséssemos...]

Ainz sussurrou uma prece em silêncio enquanto olhava para o Cavaleiro da Morte atrás dele. O Cavaleiro da Morte era outro mistério. Dentro de Yggdrasil, seres mágicos invocados expiram a não ser que sejam chamados por métodos especiais de invocação. Este Cavaleiro da Morte não foi invocado com tais métodos. Ele já deveria ter expirado, mas não expirou.

Embora Ainz especulasse o porquê, ele não conseguia achar uma explicação devido a sua falta de informação. Enquanto Ainz estava preso em seus pensamentos, duas figuras apareceram próximo dele. Era Albedo e um ser mágico com um corpo humano que vestia um traje ninja com uma aranha negra que tinha oito pernas que pareciam lâminas afiadas.

"Uma aranha assassina com oito pernas parecidas com lâminas? Albedo, este é..."

Ainz olhou ao redor. Os aldeões parecem não ter notado. Por enquanto, vamos esquecer Albedo. Se você visse tal ser mágico, mesmo se estivesse no meio de um funeral, ainda assim é algo que você normalmente olharia. Mas então, ele se lembrou de repente que pessoas com tais trajes pertenciam ao tipo de seres mágicos que eram capazes de ficar invisíveis.

"Ele queria mostrar seus respeitos ao Ainz-sama, então eu o trouxe."

"É uma grande honra conhecer Momonga-sama—"

"— Não há necessidade para isso. Você é das tropas de reforços, não é?"

"Sim, fora minha pessoa, nós preparamos 400 servos para atacar este vilarejo."

'Atacar? Como chegou a esse ponto?' Ainz não conseguiu deixar de pensar que Sebas realmente não tem nenhum talento para enviar mensagens.

"... Não há necessidade para atacar, o problema já foi resolvido. Quem está te comandando?"

"Aura-sama e Mare-sama. Demiurge-sama e Shalltear-sama estão alertas dentro de Nazarick, e Cocytus-sama está patrulhando a área ao redor de Nazarick."

"Então é assim... Muitos de nós simplesmente atrapalhariam. Com a exceção de Aura e Mare, todos devem recuar. Quantos assassinos como você estão aqui?"

"Quinze de nós."

"Neste caso, você deve permanecer de prontidão com Aura e Mare."

Vendo o assassino acenar em concordância, Ainz levou seus olhos para o funeral. Quando os túmulos começaram a ser preenchidos com terra, as duas garotas começaram a chorar sem parar. Já que não parecia que os funerais iriam terminar tão cedo, Ainz lentamente andou em direção ao vilarejo. Albedo e o Cavaleiro da Morte o seguiram.

Embora interrompido pelos funerais, Ainz ainda assim passou muito tempo aqui aprendendo sobre coisas como senso comum. Depois de deixar a casa do chefe, o Sol já estava se pondo no céu. Parece que seu papel neste dramático resgate heroico demorou bastante tempo.

Mas ele não considerou este tempo como em vão. Como ele conseguiu aprender sobre este mundo, mais e mais perguntas sem repostas estavam se acumulando. Aprender o máximo possível era o suficiente para deixá-lo contente. Enquanto olhava para o belo pôr-do-sol, Ainz pensou sobre o que deveria fazer.

Era muito perigoso agir sem saber sobre a situação deste mundo. O melhor caminho a se tomar era primeiro coletar muita informação escondendo sua identidade e fazendo operações disfarçado. Mas, depois de resgatar este vilarejo, ele não era mais capaz de esconder sua identidade. Mesmo se todos os cavaleiros tivessem morrido, eles pertenciam a uma nação que tentaria descobrir o que aconteceu. Em seu antigo mundo, investigações científicas eram muito desenvolvidas, e, talvez, este mundo tivesse outras formas de investigação.

Mesmo se não houvesse métodos desenvolvidos de investigação, enquanto o vilarejo estiver de pé, um dia alguém irá descobrir pistas sobre Ainz. Para evitar o vazamento de informações, os aldeões poderiam ser levados para Nazarick. Contudo, o reino ao qual este vilarejo pertencia certamente recusaria. Não seria surpreendente se tal incidente fosse tratado como sequestro em massa.

Havia duas razões para dizer seu nome e deixar os cavaleiros escaparem. A primeira era que, enquanto Ainz não estivesse se escondendo em Nazarick, notícias sobre ele lentamente começariam a se espalhar. Nesse caso, seria melhor se ele fosse a pessoa que disseminasse a informação.  A segunda era para espalhar a notícia de que Ainz Ooal Gown havia salvado o vilarejo matando os cavaleiros. É claro, a intenção era fazer com que jogadores de Yggdrasil ouvissem sobre isto.

Ainz queria ter um abrigo dentro do Reino, do Império ou da Teocracia. Por um lado, se houvesse outros jogadores nestes países, pistas sobre sua existência começariam a aparecer. Pelo outro, se Ainz mobilizasse toda a Nazarick para procurar por tais pistas, não só precisaria de muito esforço, mas o risco também seria alto. Se alguém tivesse um temperamento como o de Albedo, dar a ordem errada certamente criaria um inimigo desnecessário.

Com relação à reunião de informações, aliar-se a um destes países tinha vários benefícios. Para proteger a independência da Grandiosa Tumba de Nazarick, ter o apoio de um aliado forte seria útil. Mas como ele não sabia a força destes países, ele julgou que seria melhor não se apressar para se associar com algum no momento. E também, já que Ainz não sabia quem era a pessoa mais forte deste mundo, ele não podia abaixar sua guarda. Nestes três países, poderia haver alguém mais forte que Ainz.

Tornar-se membro de um destes países pode trazer algumas desvantagens, mas também deve haver vários benefícios, não é? A pergunta é: como ele ganharia cidadania? Se a resposta fosse se tornar um escravo, então – não, obrigado. Ele também não consideraria se tornar um empregado de uma empresa cruel como Meromero. É por isso que ele tinha que revelar sua força para todas as nações, observar suas reações e ofertas em potencial, e escolher o melhor lado. Estes eram os fundamentos para procurar por um emprego.

Então, quando ele deveria imigrar? Enquanto Ainz não tivesse informação, havia a possibilidade de ele ser manipulado. Pensando sobre isto, Ainz cansadamente balançou sua cabeça. Nestas últimas horas, ele tinha usado demais seu cérebro. Ele não queria pensar mais.

"Sigh... Já chega por hoje. Nós terminamos aqui. Albedo, vamos retornar."

"Entendido."

A voz de resposta de Albedo estava muito tensa. Já que não havia perigo presente, não havia necessidade para ela ficar alerta.

Considerando isto, ele só conseguia pensar em um motivo. Ainz, usando um tom baixo, perguntou:

"Você odeia os humanos?"

"Eu não gosto deles. Humanos são frágeis e criaturas inferiores. Se eu os esmagasse como insetos, haveria uma bela vista para contemplar... embora essas duas garotas sejam exceções."

Embora a voz de Albedo fosse doce como mel, o que ela disse ainda assim era muito cruel. Considerando que Albedo tinha a aparência de uma deusa calorosa, Ainz pensou que sua fala anterior estava em grande contradição com sua aparência e começou a demonizá-la:

"É mesmo... Eu entendo como você se sente. Contudo, eu espero que um dia você se acalme um pouco, já que saber como se portar é muito importante."

Vendo Albedo acenar freneticamente com a cabeça, Ainz começou a ficar preocupado. Neste ponto, os gostos e desgostos de Albedo não causariam problemas, mas isso não era necessariamente verdade no futuro.  Saber sobre as preferências de seus subordinados era algo muito importante.

Depois de perceber o preconceito de Albedo com a humanidade, Ainz começou a olhar para o chefe do vilarejo. Cortesia o obrigava a se despedir antes de ir embora. Ele imediatamente localizou o chefe. Ele tinha uma expressão solene e estava em um canto da praça falando com vários aldeões, mas algo estava errado. O rosto do chefe mostrava uma expressão perturbada como se algo fosse acontecer.

'Alguma coisa aconteceu?'

O rosto do chefe do vilarejo acendeu com uma faísca de esperança.

"Oh, Ainz-sama. Parece que tem algumas pessoas que se parecem com soldados cavalgando e se aproximando daqui..."

"Entendo..."

O chefe encarou Ainz com um olhar preocupado, assim como os outros aldeões. Ainz gentilmente levantou sua mão, dizendo a todos para ficarem calmos:

"Deixe comigo. Todos devem se refugiar na casa do chefe; nós dois ficaremos aqui."

Um sino tocou, e os aldeões começaram a se juntar. Ao mesmo tempo, o Cavaleiro da Morte foi para perto da casa do chefe para protegê-la, e Albedo estava de prontidão próxima a Ainz, esperando suas ordens.  Para acabar com a preocupação do chefe, Ainz alegremente disse:

"Não se preocupe, já que este é um caso especial, eu o ajudarei de graça."

O chefe para de tremer e força um sorriso. Ele provavelmente já tinha se preparado mentalmente para apostar tudo em Ainz. Depois de pouco tempo, vários homens a cavalo apareceram na estrada e lentamente pararam na praça.

"O equipamento deles é diferente e parece estar casualmente organizado... Essas pessoas são mesmo soldados?" Ainz estava perplexo com o equipamento deles.

Os cavaleiros de antes tinham um emblema imperial em sua armadura e estavam armados com espadas que combinavam e armaduras completas. Mas estes, embora também estivessem usando armadura, não tinham um uniforme discernível. Alguns usavam couro, enquanto outros nem armadura usavam, expondo o colete de malha que é usado por baixo.

Alguns usavam capacetes, enquanto outros não. A única coisa em comum que tinham é que todos estavam com os rostos expostos. Todos estavam equipados com o mesmo tipo de espada, mas alguns carregavam arcos, ou talvez uma pistola, uma maça ou outras armas extras com eles.

Para explicar melhor, este grupo parecia cheio de guerreiros veteranos que estiveram em várias batalhas. Se não estivesse sendo generoso, eles pareciam com um grupo ralé de mercenários. Enfim, por volta de 20 homens chegaram à praça. Embora eles estivessem cientes sobre o Cavaleiro da Morte, eles foram mais ou menos capazes de se organizar na frente do chefe e de Ainz. Do esquadrão, um único homem emergiu e andou até Ainz.

Este parecia ser o líder deles, tendo a aparência mais corajosa e que mais chamava a atenção. Ele lentamente avaliou os arredores, olhando para o chefe, então para o Cavaleiro da Morte e então para Albedo. Ele olhou em volta por um bom tempo. Mas ao perceber que o outro lado estava estático, ele de repente penetrou Ainz com seus olhos afiados.

Tendo verificado a área, o capitão disse com uma voz imponente:

"— Eu sou um cavaleiro capitão do Reino de Re-Estize, Gazef Strolonoff. Sob as ordens do rei, eu vim com uma força punitiva para lutar contra os cavaleiros do Império e estive patrulhando por vários vilarejos."

Sua voz profunda e suave ressoou na praça e o chefe atrás de Ainz murmurou:

"Um cavaleiro capitão do Reino..."

Esta pessoa nunca foi mencionada em minha conversa com o chefe — Com um pequeno tom de culpa direcionado ao chefe, ele perguntou em voz baixa: "... Que tipo de pessoa ele é?"

"De acordo com os mercadores que passam por aqui, ele foi o campeão de um torneio no passado que foi usado para determinar o guarda pessoal do rei. Atualmente, ele é um subordinado direto do rei e comanda um grupo de soldados de elite."

"A pessoa na minha frente é tão incrível assim...?"

"... Eu não sei. É só fofoca."

Ainz cuidadosamente olhou para o cavaleiro; eles claramente tinham o mesmo emblema em seu peito. O emblema deles era muito similar aos que estavam no vilarejo. Dito isso, não havia informação o suficiente e, por isso, sua identidade não podia ser esclarecida.

Gazef olhou para o chefe:  "Você deve ser o chefe do vilarejo. Pode me dizer quem é o homem ao seu lado?"

"Não se preocupe. Olá, senhor cavaleiro capitão do Reino, eu sou Ainz Ooal Gown, um Conjurador de Magias. Por causa dos aldeões terem sido atacados por cavaleiros, eu vim salvá-los." Interrompendo o chefe que estava prestes a responder, Ainz gentilmente o saudou e se apresentou.

Gazef rapidamente desceu de seu cavalo, fazendo um som alto de sua armadura de metal, ele ficou de pé e se curvou profundamente:

"Obrigado por salvar este vilarejo, eu não tenho como agradecê-lo."

O ar tremeu um pouco.

Como cavaleiro capitão, ele provavelmente fazia parte da classe privilegiada, então, mostrar tamanho respeito para um Zé ninguém como Ainz em um mundo com claras diferenças sociais seria uma grande surpresa para qualquer um. Dito isso, neste país, ou no mundo inteiro, direitos humanos ainda tinham que ser estabelecidos. Até alguns anos atrás, alguns países ainda praticavam a escravidão.

Mesmo suas posições sendo totalmente diferentes, Gazef, ainda assim, saiu de seu cavalo para se curvar perante Ainz. Estava claro que tipo de pessoa Gazef era.  A intuição de Ainz o disse que a identidade de Gazef como cavaleiro capitão do reino não era mentira.

"... Não precisa ser tão formal. Na verdade, o propósito disto era receber uma recompensa, então, não há motivo para me agradecer."

"Oh, uma recompensa. Então, você é um aventureiro? Hmmm... entendo. Parece que você é um ótimo aventureiro... Mas, por favor, perdoe minha ignorância, eu nunca ouvi o nome do Mestre Gown antes."

"Eu sou um viajante que simplesmente estava passando, então não sou uma pessoa muita conhecida."

"Viajando, é... Perdoe-me por fazer um aventureiro tão incrível como você perder tempo, mas seria possível você me contar o que aconteceu com os homens que atacaram este vilarejo?"

"Com todo prazer, senhor cavaleiro capitão. A maioria deles estão mortos; eles não irão causar mais problemas. Preciso continuar?"

"... Mortos... Foi você quem os matou, Mestre Gown?"

Escutando o jeito que Gazef se referiu a Ainz, ele percebeu que os nomes neste mundo eram usados como no Ocidente, e não do jeito japonês. A sequência do nome seria nome + sobrenome, e não sobrenome + nome. Isso explica por que o chefe tinha uma expressão estranha quando Ainz o pediu para se referir a ele do jeito japonês. Embora não fossem conhecidos, Ainz ainda assim pediu para ser chamado pelo nome. É claro que o chefe ficaria confuso.

Percebendo seu próprio erro, Ainz ainda assim usou sua natureza vergonhosa que adquirira como um membro trabalhador da sociedade para encobrir sua gafe.

"... Isso está correto, mas também não está."

Totalmente ciente do sentido das palavras de Ainz, Gazef olhou para o Cavaleiro da Morte, do qual ele provavelmente era capaz de sentir um leve cheiro de sangue.

"Tem duas coisas que eu quero perguntar... Quem é aquele?"

"Ele é um de meus servos criados."

Gazef assobiou, então, com olhos afiados, verificou Ainz dos pés à cabeça.

"Nesse casso, o que é essa máscara?"

"Por eu ser um Conjurador de Magias, eu preciso usar isto."

"Você pode tirar?"

"Se eu o fizer, aquele cara—" Sua mão apontada para o Cavaleiro da Morte. "Se ele ficar fora de controle, seria muito problemático."

O chefe, junto dos aldeões dentro da casa, sabia muito bem sobre a força do Cavaleiro da Morte e todos mostraram uma reação de surpresa. Possivelmente tendo percebido a mudança no humor do chefe e da atmosfera, Gazef acenou pesadamente:

"Entendo, então, nesse caso, seria melhor não remover a máscara."

"Obrigado."

"Então—"

"Antes disso, desculpe interromper, mas este vilarejo acabou de ser atacado por cavaleiros do Império. Se todos carregarem suas armas e entrarem, pode fazer com que os aldeões relembrem do acontecimento recente, que são lembranças dolorosas. Se eu puder pedir, seria possível que todos colocassem as armas na praça e, consequentemente, acalmassem os corações dos aldeões?"

"O que o Mestre Gown disse está correto. Contudo, estas espadas foram confiadas a nós pelo rei; sem a ordem do rei, nós não podemos deixá-las."

"—Ainz-sama, nós ficaremos bem."

"É mesmo? Chefe... E também, senhor cavaleiro capitão, por favor, perdoe meu pedido irracional."

"Mestre Gown, sem dúvidas, tem a ideia correta. Se esta espada não tivesse sido confiada pelo rei, eu alegremente a deixaria. Então, será que podemos achar um lugar para sentarmos, e seria possível para você contar os detalhes deste incidente? Se não se importar, as horas estão passando e eu gostaria de descansar dentro do vilarejo..."

"Eu entendo. Então, vamos para minha casa—"

Enquanto o chefe estava respondendo, um cavaleiro correu apressadamente para a praça. Ofegante, ele tinha notícias urgentes para reportar.

O cavaleiro gritou alto uma situação de emergência:

"Capitão! Há várias sombras nos arredores. Eles estão se aproximando do vilarejo!"


Parte 3

"Escutem, todos."

Uma voz calma pôde ser ouvida por todos.

"A presa caiu na armadilha."

Era um homem que falava.  Ele tinha uma aparência comum; se ele estivesse em uma multidão, ele não seria notado. Suas únicas características marcantes eram seus olhos pretos que pareciam artificiais e a cicatriz em seu rosto.

"Tu deves devotar tua fé em Deus."

Todos rezaram em silêncio. Era uma reza simples para Deus. Enquanto faziam tarefas, mesmo dentro de suas fronteiras, eles tinham que tirar um tempo para rezar. Não era simples, mas eles tinham que sempre mostrar uma fé convicta e profunda em Deus.  Estes cavaleiros que deram tudo de si para a Teocracia Slane, e para Deus, tinham uma fé mais profunda do que cidadãos comuns. Essa era a razão pela qual eles conseguiam cometer atos cruéis sem se sentirem como pecadores. Depois que a reza terminou, os olhos de todos ficaram frios como gelo.

"Comece." Mal era uma frase.

Eles cercaram o vilarejo com movimentos perfeitamente coordenados, dando a impressão que este era o resultado de treinamentos constantes.

Eles eram os cavaleiros da Teocracia Slane que se especializavam em cumprir missões ilegais, sendo somente rumores, pois ninguém nunca os viu.  A Teocracia Slane tinha 6 grupos trabalhando para a sua agência de inteligência. As tarefas típicas da Bíblia da Luz Solar incluíam a aniquilação de vilarejos de demi-humanos. Embora eles tivessem várias oportunidades para lutar, seus números eram pequenos. Incluindo os sentinelas, eles eram menos de 100 homens.

Isso era porque a porta da Bíblia da Luz Solar era muito estreita.  Primeiro, uma pessoa devia ser capaz de usar magias sagradas de nível 3, assim como as magias normais de alto nível que Conjuradores de Magias eram capazes de aprender. Além disso, eles tinham que possuir capacidade física superior, resiliência e espírito, junto de uma fé profunda em sua religião. Em resumo, eles eram a elite.  Olhando os homens ao redor dele, o homem exalou suavemente. Assim que todos se dispersassem, seria difícil ter noção de seus movimentos. Mas ele confiava completamente em sua perfeita jaula.

Com o sucesso de sua tarefa ao alcance de suas mãos, o capitão da Bíblia da Luz Solar, Nigan Greed Luin, ficou com o coração mais calmo.

Aqueles dentro da Bíblia da Luz Solar não eram especialistas em missões de campo ou à paisana e, como resultado, eles perderam quatro oportunidades. Toda vez que eles seguiam Gazef e seu grupo de cavaleiros, eles tinham que estar muito alertas e evitarem ser notados. Se eles também perdessem esta oportunidade, seus dias de perseguição continuariam, sem sombra de dúvidas.

"Na próxima vez... Eu devo pedir ajudar para os outros times e passar a responsabilidade para eles."

Alguém, então, respondeu ao comentário de Nigan.

"É isso mesmo, afinal de contas, nosso forte é o extermínio."

A pessoa que respondeu era um dos membros do time que ficou para trás para proteger Nigan.

"Pensando agora, nossa tarefa desta vez é bem incomum. Isto é, claramente, uma missão importante; não seria estranho se tivéssemos a ajuda da Flor do Vento..."

"Você está certo. Embora eu não entenda a razão pela qual fomos mandados, é realmente uma ótima experiência. Infiltrar-se no território do inimigo é realmente um ótimo treinamento. Não, talvez este fosse o objetivo."

Embora ele tivesse dito aquilo, estava claro para Nigan que aceitar outra missão parecida com essa seria problemático.  Desta vez, sua missão era "Assassinar o guerreiro mais forte do Reino, aquele inigualado mesmo nos países vizinhos: Gazef Strolonoff".

Geralmente, esta tarefa não parecia apropriada para a Bíblia da Luz Solar, mas sim para a Bíblia Negra, que tinha guerreiros que possuíam um nível de força de um herói. Mas, desta vez, nada podia ser feito.

Nigan sabia a verdadeira razão pela qual o outro grupo não pôde ajudá-los, mas não lhe era permitido contar aos seus subordinados porque a informação era confidencial.

A Bíblia Negra tinha que lidar com a futura ressurreição do Rei Dragão da Ruína, e estavam, agora, protegendo o artefato divino Calamidade Sedutora, Kei Seke Koku. A Bíblia da Flor do Vento também estava usando toda sua força para perseguir o traidor que roubou o artefato divino da Princesa Miko, logo, eles não tinham homens sobrando para ajudar.

Nigan, inconscientemente, acariciou a cicatriz em seu rosto, lembrando-se vividamente da única vez em que teve de fugir como um covarde. Sua mente se lembrou do rosto da mulher que carregava a espada mágica negra que causou esta cicatriz.

Em várias circunstâncias, era possível curar qualquer ferida sem deixar cicatrizes simplesmente usando magia, mas Nigan, deliberadamente, deixou as cicatrizes como uma lembrança de sua derrota.

"... Maldita seja aquela Rosa Azul."

Nigan detestava o fato de que a Rosa Azul e Gazef eram do Reino. E também não podia perdoar o fato de Rosa Azul ser uma sacerdotisa que servia sob um deus diferente. E havia o fato de que ela atrapalhou a tentativa de Nigan de destruir um vilarejo de demi-humanos. Ela também era o tipo de pessoa que Nigan mais detestava, tanto piedosa, quanto tola.

"... Os fracos devem procurar por vários métodos para se proteger caso queiram sobreviver. Sequer saber isso, é estupidez."

Notando a raiva suprimida nos olhos artificiais de seu líder, um de seus subordinados rapidamente interrompeu:

"Ma— Mas o Reino é mesmo estúpido."

Nigan não respondeu, mas ele concordou com a opinião. Gazef era forte, então, eles tinham que enfraquecê-lo removendo seu equipamento.

O Reino foi divido em duas facções, o Rei e a Nobreza, que estavam constantemente competindo por poder político. Enquanto eles fossem capazes de se livrar de Gazef, a peça pivô do rei, os nobres seriam capazes de agir facilmente. Mesmo que essa missão tenha sido emitida devido à influência de espiões estrangeiros, não seria surpreendente se os poderosos do Reino apoiassem este assassinato. Como Gazef era uma pessoa simples, que subiu de posição graças à sua habilidade superior como espadachim, ele era odiado pelos nobres.

E foi dessa forma que a situação acabou assim. O campeão do reino, morto pelo seu próprio povo. Nigan considerava isto como um comportamento estúpido. Embora eles — as pessoas da Teocracia Slane — fossem divididos em 6 facções religiosas diferentes, eles cooperariam sempre que a situação necessitasse. Uma razão era seu respeito coletivo pelo deus de cada um. Outra era seu conhecimento sobre outras raças e seres demoníacos neste mundo que não eram humanos. Seria muito perigoso se eles não fossem unidos.

"É importante que todos sigam os mesmos ensinamentos e trilhem o mesmo caminho. Humanos não deveriam lutar uns contra os outros; nós deveríamos trabalhar juntos para criar um caminho para o futuro."

Gazef será sacrificado para alcançar este objetivo.

"Nós temos a habilidade para eliminá-lo?"

Nigan não riu perante a aflição de seu subordinado.  O alvo desta vez era o cavaleiro capitão do Reino— o guerreiro mais forte dentre os países vizinhos, Gazef Strolonoff.  Comparado a atacar um grande vilarejo de Goblins e destruir tudo, esta missão era muito mais difícil. Para diminuir a aflição de seu subordinado, Nigan disse calmamente: "Não haverá problemas. Agora mesmo, ele não tem os tesouros do Reino porque ele não recebeu permissão para usá-los. Sem tais tesouros, matá-lo não tomará muito esforço... Não, se não fosse por esta ótima oportunidade, não haveria como derrotá-lo."

O cavaleiro capitão do Reino, Gazef Strolonoff, era um dos cavaleiros mais fortes. Seu nível superior como espadachim fez dele uma figura amedrontadora, mas havia outro motivo. Ele tinha o direito de usar os cinco tesouros do Reino. No momento, a Bíblia da Luz Solar só tinha informações sobre quatro deles, mas se Gazef tivesse permissão, ele poderia equipar todos eles.

A Luva da Persistência, que o dava vigor interminável. O Amuleto da Imortalidade, que garantia regeneração. Feito de um aço muito duro, a Armadura Guardiã, que prevenia qualquer ataque de morte instantânea. E o Gume Navalha, uma espada afiada magicamente com a habilidade de cortar através de armaduras como se fossem de papel.

Até mesmo Nigan não seria capaz de ganhar de Gazef se ele tivesse as bênçãos dos tesouros, que aumentavam tanto suas capacidades ofensivas, quanto defensivas. Não, dentre todos os humanos, não deveria existir ninguém capaz de derrotá-lo. Mas, agora, ele não estava com tais tesouros, então, a vitória era certa.

"E também... Nós temos um trunfo. Esta é uma batalha que não podemos perder."

Nigan colocou uma de suas mãos em seu peito.  Neste mundo, havia três itens mágicos que eram inimaginavelmente fortes.  Um destes tesouros foi deixado pelos Oito Reis do Desejo, que governaram brevemente este mundo cinco mil anos atrás.

Outro era de uma época muito antes dos Oito Reis do Desejo serem derrotados, quando dragões ainda governavam o mundo; uma ferramenta secreta criada pela magia do mais forte Lorde dos Dragões.  O último era um tesouro deixado 600 anos atrás pelos Seis Grandes Deuses; era a base da doutrina da Teocracia Slane. Estes eram os três itens mágicos.

E em posse de Nigan, estava um tesouro que somente poucos dentro da Teocracia Slane sabiam, era um trunfo de morte certa.

Nigan olhou para a pulseira de metal em seu pulso. Vários números flutuavam, mostrando que a hora marcada tinha chegado.

"Bem, então... Comecem o ataque."

Nigan e seus subordinados começaram a lançar suas magias. Todos eles usaram suas magias de alto nível que invocavam anjos.

? ? ?

"Oh... Realmente há pessoas."

Gazef, de um quarto com pouca iluminação, espiou as silhuetas que cercavam o vilarejo. Ele percebeu três pessoas que estavam mantendo distância, lentamente se aproximando do vilarejo. Eles não estavam armados e não usavam equipamentos pesados. Mas isto não significava que eles seriam derrotados facilmente. Muitos Conjuradores de Magias não gostavam de equipamento pesado, optando por equipamentos mais leves. Este era, provavelmente, o caso destas pessoas.

Flutuando perto deles estavam seres mágicos que brilhavam fortemente e tinham asas, o que deixou óbvio que tipo de ser mágico era.

Anjos.  Anjos eram seres mágicos invocados de outro reino, e muitas pessoas acreditavam que eles eram enviados de Deus, especialmente as pessoas da Teocracia Slane. Embora não tivesse como provar se Anjos eram, ou não, enviados de Deus, o Reino ainda assim dizia que eles eram meramente seres mágicos.

E mesmo que o debate sobre os Anjos fosse um dos maiores motivos para o conflito entre o Reino e a Teocracia, Gazef não se importava muito se Anjos eram ou não enviados de Deus; ele só se importava com suas proezas em combate.  Em seu conhecimento, Anjos eram mais fortes, em comparação, a outros seres mágicos invocados com o mesmo nível de magia. Eles tinham habilidades especiais e podiam, até mesmo, usar magias. Levando em conta tudo isso, ele os considerava oponentes problemáticos.

Mas você também tinha que considerar que tipo de Anjos eles eram; nem todos os Anjos eram difíceis de lidar. Estes Anjos estavam equipados com peitorais brilhantes e tinham espadas longas e flamejantes em suas mãos. Gazef não estava familiarizado com tal tipo de Anjo.

Próximo a Gazef, que não era capaz de medir a verdadeira força dos Anjos, estava Ainz, que também observava a situação. Ainz perguntou:

"De onde os Anjos vieram? E qual o objetivo deles? Não vale a pena atacar este vilarejo, não é?"

"Mestre Gown, eu não tenho ideia... Se eles não estão atrás de riquezas, só pode ter uma razão para a presença deles."

Os dois olhares se encontraram.

"É alguma desavença contra o senhor, cavaleiro capitão?"

"Desde que eu assumi a posição de cavaleiro capitão, lidar com desavenças é algo que não consigo evitar. Mas... Isto realmente é problemático. Já que eles têm vários Conjuradores de Magias que são capazes de invocar Anjos, é bem provável que eles pertençam à Teocracia Slane... E como estão executando isto de forma suspeita, está bem claro que eles são de algum dos esquadrões especiais de inteligência... As chamadas, Seis Bíblias. Eles têm tanto a vantagem numérica, quanto a de competência."

Gazef, que estava analisando esta complicada situação, relaxou forçadamente seus músculos dos ombros. Embora ele parecesse calmo por fora, por dentro ele estava muito inquieto e cheio de raiva.  'Eles me forçaram a deixar meus tesouros sagrados para trás usando a facção dos nobres; eu devo tê-los aborrecido demais. Contudo, se aquele homem venenoso continuar no palácio, será um problema ainda maior. Esta oportunidade para descobrir o porquê de ele querer me matar deve ser um acontecimento de sorte. De qualquer forma, eu nunca pensaria que a Teocracia Slane também estivesse me vigiando.'

Gazef soltou outro "Hmmph!"

Contudo, ele não tinha homens o suficiente e estava totalmente despreparado. Normalmente, ele não teria escapatória, mas talvez ele ainda tivesse uma carta na manga.

"Aquele é um Arcanjo de Fogo? Parece um, mas... Por que um ser mágico tão parecido apareceria... Foi através de uma magia de invocação? E se esse for o caso...?"

Gazef mudou seu olhar em direção ao Ainz que estava murmurando, e perguntou com um raio de esperança:

"Mestre Gown, o senhor está querendo ser empregado?"

Não houve resposta, mas Gazef pôde perceber o humor de Ainz.

"Sobre o pagamento, eu posso garantir sua satisfação."

"Desculpe-me por recusar."

"Mesmo se você somente nos emprestar o cavaleiro invocado, seria o suficiente."

"Por favor, perdoe-me mais uma vez por recusar."

"Oh... Então, como decretado pela lei do Reino, posso submetê-lo ao recrutamento compulsório?"

"Isso é uma alternativa tola... Eu não estava planejando em dizer estas palavras, mas se você pretende usar a autoridade do Reino, então eu terei que resistir um pouco."

Os dois se olharam; o primeiro a desviar o olhar foi Gazef.

"... Ser aniquilado antes mesmo de encontrar os homens da Teocracia Slane, que aterrorizante."

"Aniquilado... Você sabe mesmo brincar. De qualquer forma, obrigado por entender minha posição neste assunto, eu sou muito grato."

Gazef fechou seus olhos, examinando cuidadosamente Ainz, que se curvava expressando sua gratidão.

Gazef não estava brincando quando disse "aniquilado". Sua intuição gritava dizendo que esse Conjurador de Magias, se quisesse resistir um pouco, resultaria em uma situação deveras perigosa.  Gazef acreditava que era melhor confiar em sua intuição do que em ideias mal formuladas, especialmente em uma situação de vida ou morte.

'Quem é ele?'

Enquanto pensava, Gazef olhou para a máscara bizarra de Ainz.

'O que diabos está debaixo desta máscara? Ele é alguém que conheço? Ou...'

"Tem algo de errado? Tem algo na minha máscara?"

"Ah, não... não é nada, eu só estava pensando que esta máscara é muito especial. Ela é capaz de ser usada para controlar um ser mágico como aquele... Nesse caso, deve ser um item muito poderoso, não é?"

"Bem, isto é um item muito caro e raro que é único neste mundo."

Se alguém tivesse um item de nível muito alto, isso significava que a habilidade da pessoa em questão também era muito alta. Por esse raciocínio, as habilidades mágicas de Ainz deveriam ser bem fortes. Sendo incapaz de solicitar a ajuda de Ainz, Gazef ficou um pouco abatido.

No fundo de seu coração, ele esperava que Ainz aceitasse o pedido, já que era um aventureiro.

"... Não tem sentido continuar com isto. Bem, então, Mestre Gown, por favor, cuide-se. Obrigado mais uma vez por salvar o vilarejo."

Gazef removeu sua luva de metal e esticou sua mão para apertar a mão de Ainz. Normalmente, Ainz deveria ter tirado educadamente sua luva, mas ele não o fez. Gazef, no entanto, não ligou e apertou fortemente a mão de Ainz, dizendo seus pensamentos:

"Eu também sou muito grato por você ter protegido os aldeões inocentes de terem sido massacrados. E também... Eu não quero pedir isso, mas eu espero que você possa proteger os aldeões novamente. Eu não tenho nada para oferecer agora, mesmo assim, eu peço que aceite meu pedido... Eu imploro."

"Bem, isto..."

"Se você alguma vez visitar a capital, eu prometo que lhe darei o que quiser. Eu juro pelo nome Gazef Strolonoff."

Gazef soltou a mão com a intenção de se ajoelhar, mas as mãos de Ainz o impediram:

"... Não precisa ir tão longe... Eu entendo, eu protegerei os aldeões. Eu juro sob o nome Ainz Ooal Gown."

Gazef ficou um pouco mais aliviado depois de escutar Ainz jurando pelo seu nome:

"Obrigado, Mestre Gown. Agora eu posso atacar sem preocupações."

"... Até lá, por favor, pegue isto."

Ainz tirou um objeto e o deu para o Gazef, que parecia feliz. Era uma escultura estranha e não parecia ter nada de especial nela. Mas—

"Enquanto for um presente seu, eu aceitarei alegremente. Então, Mestre Gown, embora me entristeça, eu estou indo."

"... Não deveríamos esperar até a noite cair antes de sair?"

"Eles têm um tipo de magia de 'visão noturna'. Atacar durante a noite seria desvantajoso para nós, mas não para eles. Além do quê... Mestre Gown precisa observar o andar da batalha."

"Eu entendo, para ter tamanha noção de planejamento, você é digno do seu título de cavaleiro capitão do reino. Eu lhe desejo sucesso, senhor cavaleiro capitão."

"E eu lhe desejo uma jornada segura de volta para casa."

O cavaleiro capitão tinha uma determinação diferente da de Ainz.  A mente de Ainz ansiava por tal determinação.

"Albedo, ordene aos servos ao redor daqui para acabarem com qualquer um que estiver de tocaia."

"Agora mesmo... Ainz-sama, o grupo do chefe do vilarejo chegará em breve."

Ainz virou na direção de Albedo e viu o chefe e dois outros aldeões correndo em sua direção.... Eles estavam ofegantes, entrando em pânico, e sua ansiedade era óbvia. O chefe imediatamente abriu sua boca para falar, como se respirar fosse perda de tempo.

"Ainz-sama, o que devemos fazer? Por que o senhor cavaleiro capitão está deixando o vilarejo, deixando-nos desprotegidos?"

A voz do chefe continha muito medo, mas havia um pouco de raiva também.

"Ele está fazendo a coisa certa, chefe-sama... O alvo do inimigo é o senhor cavaleiro capitão. Se ele ficar aqui, o vilarejo se tornará um campo de batalha. Além disso, não parece que o inimigo está disposto a deixar vocês escaparem. Ele está agindo de acordo as necessidades de vocês."

"Então é por isso que o cavaleiro capitão saiu... Então- então nós deveríamos continuar aqui?"

"Isso seria uma má ideia. Depois do senhor cavaleiro capitão, eles provavelmente virão para o vilarejo. Enquanto continuarmos dentro do cerco deles, nós não teremos lugar para correr. Contudo... Nossos oponentes provavelmente terão que usar todas as suas forças para acabar com o senhor cavaleiro capitão, dando-nos uma ótima oportunidade para fugir. É aí que iremos escapar."

Essa era a razão pela qual o cavaleiro capitão fez um alvoroço sobre sua escapada. Ele queria fazer com que o inimigo usasse toda a sua força para atacá-lo.  Depois de entender as intenções por trás das ações de Gazef, que tinha poucas chances de sobreviver, o chefe abaixou seu rosto que havia ficado vermelho. Pelo bem de criar uma oportunidade para os aldeões escaparem, ele estava disposto a entrar em um campo de batalha e sacrificar sua própria vida.  Sem entender isto, enganando-se sobre tudo e fazendo um alvoroço.  O chefe provavelmente estava envergonhado de si mesmo.

"Eu só estava pensando... não entender as boas intenções deles... Ainz-sama, o que devemos fazer?"

Até mesmo os aldeões atrás do chefe estavam mostrando remorso:

"Embora nós moremos perto da floresta, nós não temos proteções contra os ataques de demônios. Nós só fomos sortudos, mas nos enganamos e pensamos que era seguro. Nós nem mesmo pensamos em um modo para nos defendermos; como resultado, não só perdemos nossos queridos vizinhos, mas também viramos um fardo para estranhos..."

"Não há nada que você possa fazer. Eles são soldados treinados para lutar. Se vocês tivessem tentado resistir antes de minha chegada, talvez todos vocês já estivessem mortos."

Ainz tentou consolá-los, mas ele sentiu que suas palavras foram em vão. Não importando quem tentasse os consolar, não mudaria o fato de que o vilarejo estava diante de um desastre irreparável. Só se pode rezar para que o tempo cure tudo.

"Chefe, nós não temos tempo. Para honrar as intenções do senhor cavaleiro capitão, nós devemos agir rápido."

"E— Então... Ainz-sama, o que devemos fazer?"

"Eu ficarei de olho na situação, e quando eu perceber uma oportunidade para escapar, eu protegerei todo mundo enquanto vocês fogem."

"Estou sempre dando problemas para Ainz-sama, isso é realmente...."

"Não se preocupe. Eu já fiz uma promessa para o senhor cavaleiro capitão... Pelo bem de todos, junte todo mundo em uma casa grande; então, eu irei lançar minha magia defensiva na casa."


Parte 4

A empolgação do cavalo reverberava através dos cascos que trotavam. Mesmo se ele tivesse recebido treinamento como um cavalo de guerra— não, por ele ter sido treinado assim, ele estava especialmente perceptivo sobre quando estava se aproximando das terras da morte.

Só havia quatro ou cinco inimigos tentando cercar o vilarejo. Isto significava que havia uma grande distância entre eles. Se esse fosse o caso, eles não deveriam ter algum método para prevenir que nem mesmo um rato escapasse do cerco deles?

Em outras palavras, armadilhas letais poderiam ter sido colocadas nos arredores. Considerando tudo, Gazef, ainda assim, decidiu forçar sua passagem. Não, considerando a situação, esta era a única opção. Calculando a distância entre o inimigo e ele, Gazef decidiu que um combate a longa distância seria muito desvantajoso.

Defender este ponto seria mais tolo do que simplesmente atravessar o cerco. Se ele tivesse um arqueiro com ele, isto seria completamente diferente, mas, agora mesmo, ele tinha que evitar contato a longa distância com os Conjuradores de Magias. Seria maravilhoso se as casas fossem feitas de pedra ou se o vilarejo fosse uma cidade fortificada. Mas usar os chalés de madeira para se defender contra os ataques mágicos era uma ideia muito ruim. Eles poderiam muito bem pegar fogo junto com toda a construção.

Só havia uma ideia sobrando, mas somente um herege a executaria. Essa seria deixar o vilarejo se tornar um campo de batalha e forçar Ainz Ooal Gown participar do combate. Mas seguir esse plano iria destruir completamente seu motivo original de proteger o vilarejo. Esse era o motivo pelo qual Gazef estava disposto a lutar sob tais circunstâncias perigosas:

"Depois de iniciar combate com o inimigo, imediatamente atraiam o cerco deles para cá, e então, recuem rapidamente. Não percam nenhuma oportunidade."

Ao ouvir as respostas ferozes atrás dele, Gazef enrugou suas sobrancelhas. Quantos deles irão sobreviver a esta batalha? Estes homens não eram mais fortes do que outros humanos e também não nasceram com nenhum superpoder. Eles eram simplesmente homens que treinavam ao máximo sob o comando de Gazef. Perder estes homens, os frutos de um trabalho duro e meticuloso, seria uma pena.

Mesmo se ele decidisse ir de cara ao perigo, estes homens ainda o seguiriam com prazer. Gazef queria se desculpar com seus subordinados por tê-los arrastado a isto, mas depois de virar sua cabeça e olhar para seus rostos, ele engoliu suas palavras. A expressão dos soldados atrás dele mostrava que eles estavam prontos para seguir Gazef até o inferno sob quaisquer circunstâncias.

Seus subordinados sabiam muito bem que tipo de perigo os aguardava; não havia necessidade para qualquer tipo de desculpa. Eles disseram para Gazef, que estava envergonhado:

"Não se preocupe, Capitão!"

"Sim, nós viemos aqui por vontade própria. Nós juramos lutar ao lado do Capitão!"

"Deixe-nos proteger o país, as pessoas e nossos companheiros!"

Não havia nada mais para dizer.  Gazef gritou:

"Atacar! Façam-nos em pedaços!"

"Ohhhhhh!"

Gazef cavalgou velozmente, e seus subordinados o seguiram. Todo o esquadrão avançou tão rápido e forte que eles deixaram uma trilha no chão, como se uma flecha tivesse sido atirada de suas posições originais. Gazef, que estava montado, pegou seu arco e se preparou para atirar uma flecha.

Mesmo se ele estivesse cavalgando, Gazef ainda conseguiria atirar como se estivesse parado no chão. Ele soltou a flecha e ela perfurou a cabeça de um dos Lançadores de Magias na frente dele— pelo menos foi o que pareceu.

"Pah! Em vão como esperado. Talvez uma flecha mágica tivesse penetrado, mas... Você não tem o que não tem e não há motivo para chorar sobre o leite derramado."

A flecha quicou como se tivesse acertado um elmo resistente. Este grau absurdo de resistência era obviamente causado por magia. Gazef sabia que o único jeito para penetrar um escudo mágico como aquele seria usando uma arma mágica. Mas já que Gazef não tinha tal arma, ele descartou esta linha de raciocínio imediatamente e guardou seu arco. Os Conjuradores de Magias começaram a retaliar com magia. Gazef reuniu todas as suas forças mentais; ele assumiu uma postura defensiva, preparando-se para resistir.


De repente— seu cavalo relinchou alto; ele levantou suas patas dianteiras e chutou violentamente.  Tomando as rédeas, Gazef se inclinou para frente e segurou o pescoço de seu cavalo, confiando em sua agilidade para não cair. Ele foi capaz de ficar calmo apesar do acontecimento repentino, ele pensava  sobre o que poderia ter acontecido, um arrepio desceu em suas costas. Havia coisas mais importantes para pensar em sua frente. Emocionalmente agitado, Gazef estava respirando rápido, sua respiração estava caótica. Ele açoitou o cavalo no abdômen, mas ele não se moveu. Era como se alguém com mais autoridade do que a pessoa montada estivesse o ordenando.   Só havia um motivo para tal comportamento anormal.  Magia de Controle da Mente.

O cavalo tinha sido alvo de tal magia. Se Controle da Mente fosse lançado em Gazef, talvez ele resistisse; contudo, já que o alvo era um simples cavalo de guerra e não uma besta demoníaca, não havia porque se preocupar sobre ele resistir. Gazef ficou irritado consigo mesmo por não perceber que o inimigo tinha o atacado indiretamente. Ele rapidamente pulou de seu cavalo. Os subordinados atrás dele se esquivaram dele um atrás do outro por ambos os lados

"Capitão!"

Muitos de seus homens que se aproximavam diminuíram a velocidade, em uma tentativa de puxar Gazef para seus cavalos. Mas os Anjos eram mais rápidos, descendo do céu em alta velocidade. Gazef brandiu sua espada contra a do Anjo e de repente um brilho aconteceu.  O golpe com espada do homem mais forte do Reino tinha força o suficiente para dividir um homem ao meio em um único corte. Contudo, o Anjo não morreria mesmo que tivesse sofrido muito dano no ataque.

Sangue voou pelo ar, mas imediatamente se reverteu em Poder Mágico e desapareceu.

"Não precisa! Comecem o contra-ataque!"

Depois de Gazef ordenar seus homens, ele encara o Anjo que acabou de escapar com um olhar penetrante. Embora o oponente estivesse seriamente machucado, seu espírito de luta ainda estava intacto tentando encontrar uma brecha na defesa de Gazef.

"Então é assim."

Os golpes com a espada de Gazef estavam estranhos e ele sabia o porquê. Havia monstros com habilidades especiais que se não fossem atingidos por armas feitas de um material específico, o dano seria reduzido consideravelmente. Os Anjos pareciam ter tal habilidade, o que os permitia sobreviver aos golpes fortes de Gazef.  Deste modo— Gazef decidiu juntar toda sua força e sua lâmina começou a brilhar com uma luz enquanto ele se preparava para usar sua habilidade especial, [Focalizar Poder de Luta].

Vendo uma oportunidade, o Anjo brandiu sua espada vermelha flamejante. Mas—

"— Tarde demais." Aos olhos do homem mais forte do Reino, os movimentos do Anjo eram muito lentos.

A espada de Gazef se moveu.  Este ataque era muito mais poderoso do que o anterior, então, a espada de Gazef cortou facilmente através do corpo do Anjo.  Sofrendo um dano devastador, o corpo do Anjo lentamente derreteu no ar e desapareceu. Brilhando fortemente, as asas se espalharam e desapareceram, criando uma fascinante vista, como se fosse de um sonho.  Se não fosse pela situação de vida ou morte, Gazef com certeza a teria admirado. Mas, agora mesmo, ele não estava em um momento para ficar despreocupado.

Ele olhou ao redor, tentando confirmar os ataques inimigos que aconteceriam— E não conseguiu segurar um sorriso problemático.

Os Anjos tinham reforços.  E Gazef sabia muito bem que eles não eram reforços normais.

"... O que devo fazer contra magia? Caralho."

Ele xingou os Lançadores de Magia que eram capazes de criar facilmente soldados do nada. Gazef calmamente contou o número de inimigos ao redor dele, confirmando que todos os que cercavam o vilarejo estavam aqui. Com isso, o cerco no vilarejo foi desfeito.

"Agora, Mestre Gown, o resto é com você..."

Gazef sentiu satisfação tendo sido capaz de salvar a vida dos aldeões. Enquanto ele olhava intensamente nos olhos de seus inimigos, os sons de galopes de cavalos ficaram cada vez mais altos. Aqueles eram os sons de seus homens retornando depois de terem atraído os inimigos.

"Eu os disse para recuar depois de atrair o cerco... aqueles estúpidos... idiotas orgulhosos."


Usando toda sua força, Gazef avançou.

Talvez este momento na batalha fosse a única e a melhor oportunidade. Por causa da velocidade dos cavaleiros, os Conjuradores de Magias teriam que focar suas forças em impedi-los de se encontrarem com o esquadrão principal. Considerando o ritmo da batalha, os Conjuradores de Magias só tinham uma saída. Os cavalos de seus subordinados relincharam e agiram da mesma forma que o cavalo de Gazef há alguns momentos, eles levantaram suas patas dianteiras e muitos dos cavaleiros caíram dos cavalos.

Os Anjos não perderam a oportunidade para atacar.

Embora tivessem uma força similar a dos Anjos, os cavaleiros obviamente estavam em desvantagem devido à falta de habilidades especiais e a diferença em suas capacidades. Como esperado, como só havia metade do número de cavaleiros comparado ao de Anjos, eles foram lentamente forçados em um canto. Adicionando os ataques mágicos dos Conjuradores, a diferença entre as duas forças começou a crescer. Um por um, os cavaleiros iam ao chão.

Gazef não conseguia assistir à morte inevitável deles e só olhou adiante. Seu alvo era o comandante inimigo. Mesmo se ele matasse o comandante, seus oponentes não recuariam. Mas esta era a única forma de todos sobreviverem. Mais de 30 Anjos bloquearam o avanço de Gazef. Ele estava feliz vendo seu oponente aumentando sua defesa.

"Saiam do caminho—!!"

Gazef usou seu golpe secreto mortal.  Suas mãos emitiram calor que começou a se espalhar pelo seu corpo.  Gazef ultrapassou seus limites físicos, conseguindo uma força equiparada a de um herói. Neste momento, ele ativou várias habilidades de artes marciais ao mesmo tempo— um ato que poderia ser descrito como a magia de um guerreiro.  Gazef olhou para seis Anjos que voavam ao redor.

"[ Corte de Luz Sêxtuplo ]"

Esta habilidade de arte marcial criou flashes rápidos. Com um movimento, ele acertou seis inimigos.  Os que foram atingidos, foram cortados ao meio, e se tornaram em bolas de luz que se dissiparam. O resto dos Anjos inspirou em surpresa, enquanto os homens de Gazef torceram de maneira alta.  Embora sua mão doesse por ter usado sua carta na manga, algo assim não era o suficiente para incapacitá-lo.

Como se tivessem recebido ordens para pararem de aplaudir, um grande número de Anjos começou seu ataque novamente. Um deles balançou sua espada flamejante na direção de Gazef.  Justo quando o Anjo estava prestes a acertá-lo com sua espada, Gazef imediatamente ativou sua habilidade de arte marcial, e seu corpo esquivou instantaneamente com um movimento parecido de uma névoa.

O ataque de Gazef não terminou por aí.

"[ Ataque Total ]"

Com movimentos parecidos com a água corrente, todos os golpes dos Anjos foram detidos.

Usando sua habilidade única, ele atacou dois Anjos continuamente. Como um milagre, a resistência teimosa de Gazef parecia o raio de esperança da vitória para seus homens. Contudo, a Teocracia não permitiria tal coisa, e com uma voz zombadora, eles acabaram com as esperanças dos soldados.

"Que empolgante. Mas... Vamos terminar isto. Todos que perderam seus Anjos invoquem outros. Usem toda sua magia em Strolonoff." Suas emoções que ferviam se acalmaram instantaneamente.

"Nada bom."

Gazef murmurou em uma voz baixa enquanto ele acabava com outro Anjo. Não haverá nenhum aplauso mesmo que Gazef continue acabando com os Anjos. Os rostos de seus homens estavam cheios de aflição enquanto eles preparavam suas espadas para enfrentar o inimigo.

Seja em números, armas, treinamento ou habilidades.  A tropa de Gazef era inferior em todos os aspectos. A única arma deles— a esperança da vitória— tinha desaparecido.

Gazef revidou usando seus reflexos para se esquivar das armas dos inimigos. Embora ele só precisasse de um golpe para destruir um Anjo, a força principal do inimigo ainda estava muito longe.  Apesar de ele esperar que seus homens fizessem a diferença, eles eram incapazes de atravessar a defesa de um Anjo sem uma arma mágica. Eles não podiam usar habilidades similares a [Focalizar Poder de Luta], assim como eles não tinham encantamentos para armas. Mesmo se eles conseguissem causar dano aos Anjos, ainda era difícil causar feridas fatais.

Não havia esperança.

Gazef mordeu seus lábios e só pôde continuar a segurar sua espada. Ele usou vários golpes de morte instantânea em sequência; seu recorde de usos consecutivos do [Corte de Luz Sêxtuplo] estava subindo constantemente. Guerreiros como Gazef só conseguiam usar 6 habilidades de artes marciais durante uma luta. Incluindo o movimento secreto, ele pode usar 7 tipos em batalha. Ele estava, atualmente, usando suas habilidades [Fortalecimento Corporal], [Fortalecimento Mental], [Aprimoramento de Resistência Mágica], [Encantamento Mágico de Arma] e outras habilidades para atacar cinco alvos diferentes.

O motivo pelo qual ele não ativou seu limite de 7 habilidades diferentes é, porque a quantidade de concentração necessária era muito grande.

Especialmente [Corte de Luz Sêxtuplo], que precisava de três vezes mais concentração. Até mesmo para Gazef, que só tinha dois golpes finalizadores— um precisava que ele usasse toda sua energia, e o outro, usava quatro vezes mais concentração.

Se ele pudesse usar estas habilidades, ele poderia derrotar os Anjos facilmente. Mas mesmo que ele o fizesse, eles continuariam a ser invocados. Enquanto ele não derrotasse o invocador, ele teria que continuar enfrentando onda atrás de onda de Anjos. Esperar que o inimigo ficasse sem poder mágico era uma ideia, mas, até lá, Gazef já teria esgotado todas as suas energias.  Na verdade, a espada na mão de Gazef estava lentamente ficando mais pesada; seu coração estava batendo erraticamente.

[Contra-ataque Instantâneo] era uma habilidade que tornava possível seguir depois de um ataque; ela permitia que o usuário voltasse à sua postura original depois de atacar uma vez para que ele atacasse novamente. Embora fosse possível atacar de novo rapidamente, mudar a postura do corpo forçadamente criava uma grande quantidade de estresse físico.

 O [Ataque Total] permitia que o usuário acelerasse temporariamente seu estado mental, aumentando a velocidade de seus ataques. Mas o uso contínuo causava uma grande fadiga mental.  Junto do uso do [Corte de Luz Sêxtuplo], o estresse em seu corpo era imenso, mas se ele não os usasse, não haveria saída disto.

"Não importa quantos de vocês venham! Vocês, Anjos, não são nada!"

Este grito cheio de vigor amedrontou os soldados da Teocracia, mas imediatamente uma voz calma fez com que eles se recompusessem:

"Não se preocupem com ele, isso é só o rugido de uma besta enjaulada. Não há motivo para ficarem aflitos, só continuem o cansando e evitem ficar perto. Até porque, as garras desta besta são longas."

Gazef olhou para o homem com a cicatriz em seu rosto. Se ele pudesse pelo menos matar o comandante, seria possível reverter a situação. O problema era a coisa perto dele, Anjos diferentes dos que usavam espadas flamejantes, sem contar a distância que os separava e as várias camadas de barreiras de proteção à sua frente.  Ele simplesmente estava muito longe.

"A besta planeja se soltar. Mostrem-no o significado de impossível." A voz calma do homem deixou Gazef impaciente.

Mesmo que ele usasse a força do mesmo nível de um herói, para alguém como Gazef, que só tinha conhecimento de combate a curta distância, praticamente não havia chance de ganhar.  Mas— e daí? Se esta era a única forma de se livrar do comandante do inimigo, tudo que ele poderia fazer era usar sua força para se livrar. Com olhos afiados, Gazef começou a correr.

Mas ele sabia que esta seria uma tarefa difícil. Os Anjos continuaram com os golpes de suas espadas flamejantes, mas ele se esquivou de todos e contra-atacou ao mesmo tempo, somente para sentir uma dor repentina depois de derrotá-los. A dor era como se tivessem pisado em seu estômago. Seguindo em sua direção, ele viu um grupo de Conjuradores de Magias usando um tipo de magia.

"Já que vocês são sacerdotes, vocês deveriam pelo menos agir de acordo usando magias de cura, não é?" Como se para negar o sarcasmo de Gazef, ele foi atingido por uma onda de choque invisível.

Mesmo que fosse um ataque invisível, enquanto não houvesse muitos deles, Gazef estava confiante de que poderia reagir e esquivar dos ataques acompanhando os olhos dos oponentes. Mas como havia mais de 30 ataques, o melhor que ele poderia fazer era usar toda sua força para proteger sua cabeça, usando sua espada e braços como proteção.

Ele quase foi ao chão conforme seu corpo inteiro gritava em agonia, até que chegou ao ponto em que ele era incapaz de dizer de qual parte de seu corpo vinha a dor.

*A-hak! * A garganta de Gazef não aguentava o sabor do sangue, fazendo com que ele cuspisse boa parte. Tendo sido atingido por ondas de choque invisíveis, Gazef deu alguns passos para trás, engasgando, tentando evitar ser atingido pela espada do Anjo. Ele era incapaz de se esquivar da espada do inimigo, e, com sorte, ela bateu em sua armadura, mas, ainda assim, o impacto do golpe tinha atravessado. Ele, por reflexo, atacou um Anjo, mas como ele tinha perdido o equilíbrio, o Anjo esquivou facilmente.

Sem fôlego, a mão de Gazef que segurava sua espada estava tremendo.  Como se seu corpo cheio de intensa fadiga estivesse sussurrando em seus ouvidos, dizendo-o para deitar e descansar.

"Está na hora de entrar no último ato da nossa caçada. Não deixem que a besta durma, ordenem aos Anjos para continuarem o ataque."

Mesmo se Gazef quisesse recuperar seu fôlego, depois de escutar as ordens do comandante deles, os Anjos começaram a atacar sem misericórdia, um atrás do outro.  Primeiro ele iria esquivar, então, penetrar pelo lado com sua espada. Ele usaria sua forte armadura para bloquear o ataque do próximo Anjo vindo de cima. Embora Gazef quisesse retaliar, havia muitos ataques.

A fadiga acumulada roubava sua força, ele só conseguia lidar com um inimigo por vez agora. Ele praticamente não tinha mais energia para ativar suas habilidades especiais uma por uma, seus homens foram ao chão, permitindo que o inimigo se concentrasse completamente nele.  Ele era incapaz de passar pelo cerco do inimigo e sentiu a morte se aproximando lentamente.

Em um momento de descuido, ele quase caiu de joelhos, mas, sem demora, ele levantou seu espírito e continuou lutando. E, mais uma vez, a onda de choque mágica voou em direção a Gazef, atingindo-o enquanto ele lutava para se mover. A cena na frente de seus olhos balançou fortemente.

'Nada bom!'

Gazef usou toda a energia restante em seu corpo para manter o equilíbrio. Mas algo parecia estar errado, já que toda sua força começou a desaparecer.

De repente, ele sentiu a grama tocando seu rosto, mostrando que ele já tinha caído. Mesmo que ele tivesse dado o seu melhor para se levantar, seu corpo não o escutava. Neste momento, as espadas carregadas pelos Anjos significavam "Morte".

"Deem o golpe final, mas não façam isso vocês mesmo, mandem os Anjos para garantirem a morte dele."

'Acabou pra mim.'

Sua mão treinada tremia sem parar; ele nem mesmo conseguia levantar a longa espada em sua mão, mas, ainda assim, ele não desistiria.


Rangendo seus dentes, ele soltou um som afiado de rosnado.  Gazef não estava com medo da morte. Ele já tinha tirado várias vidas, então, ele estava mentalmente preparado para enfrentar o mesmo fim no campo de batalha.

Assim como ele tinha dito para Ainz anteriormente, havia pessoas que tinham desavenças com ele. Um dia, este ódio se tornaria uma espada e tomaria sua vida. Contudo, ele não poderia aceitar a situação atual. Atacar vários vilarejos, matar pessoas inocentes e desarmadas simplesmente para atraí-lo em uma armadilha. Ele absolutamente não podia morrer com este tipo de vergonha, mas, acima de tudo, ele não podia tolerar sua própria fraqueza.

"GAAAHHHHHHH! NÃO ME SUBESTIMEM—!"

Com todo seu corpo, ele soltou um grande grito. Com sangue e saliva saindo de sua boca, Gazef lentamente se levantou. Sentindo a presença amedrontadora de um homem que não deveria ter forças para dar um passo, os Anjos não deixaram de recuar.

"Hu—! Hu—!"

O simples ato de ficar de pé fez com que fosse difícil para ele respirar, sua consciência estava borrada e todo seu corpo parecia como se estivesse enterrado debaixo de uma camada grossa de lama. Mas ele não podia descansar, no momento que ele o fizesse, tudo acabaria.

Adiante, mesmo com esta quantidade de dor, não se pode dizer que ele era capaz de entender a dor dos aldeões que morreram.

"Eu sou o Cavaleiro Capitão do Reino! Para o meu amado Reino, e para proteger as pessoas deste Reino! Como eu posso perder para uns merdas que mancharam o nome deste Reino—!"

Este homem irá proteger os aldeões. Então, a única coisa que ele podia fazer era derrotar o inimigo à sua frente usando o máximo de sua habilidade.

Querer proteger o futuro das pessoas do Reino. Ele só pensava nisto.

"... É por continuar dizendo tais baboseiras que você morrerá neste lugar, Gazef Strolonoff."

Gazef olhou para o comandante inimigo, enquanto ele escutava as palavras que o ridicularizavam.

"Se você simplesmente tivesse escolhido abandonar os aldeões na fronteira, então, isso não teria acontecido. É impossível que você não saiba que sua vida vale mais do que as vidas de milhares de camponeses. Se você realmente amasse seu país, você teria abandonado os aldeões."

"Você e eu... nós nunca iremos... nos olhar igualmente!"

"O que você consegue fazer com seu corpo? Pare de resistir à toa e deite aí como um bom garoto. Eu terei um pouco de piedade com você e lhe darei uma morte indolor."

"Se você realmente acha... que eu não consigo mais agir, então, por que você não... vem aqui e corta minha cabeça fora? Comigo estando deste jeito... deve ser fácil, não é mesmo?"

"... Bem, parece que você só sabe falar. Se você ainda quer lutar, você realmente acha que tem alguma chance de ganhar?"

Gazef simplesmente olhava para frente, sua mão trêmula segurava sua espada. Nebulosamente, ele olhava para o inimigo à sua frente, nem mesmo se importando com os incansáveis Anjos ao redor dele.

"... Que perda de tempo. Que tolo. Assim que eu te matar, aqueles aldeões serão os próximos. Tudo que você fez até agora só serviu para prolongar o sofrimento deles."

"Heh, heh... hehehe..."

Gazef tinha um sorriso em seu rosto.

"... O que é tão engraçado?"

"... Você é o tolo. Naquele vilarejo... há alguém ainda mais forte do que eu. Aquele homem é incomensurável, ele será capaz de derrotar todos vocês sozinho... pensar em matar... os aldeões que ele está protegendo, é algo impossível..."


"... Mais forte do que você, o guerreiro mais forte do Reino de Re-Estize? Você realmente acha que pode me enganar com algo assim? Que estúpido."

Um sorriso pairou no rosto de Gazef. Que tipo de expressão esta pessoa fará quando encontrar aquele incomensurável homem, Ainz Ooal Gown? Essa seria a maior recompensa que Gazef poderia receber no outro mundo.

"... Anjos, matem Gazef Strolonoff."

Com aquele frio comando, incontáveis asas começaram a se mover.  Conforme Gazef corria para frente com a determinação para enfrentar a morte, uma voz pôde ser ouvida próximo dele.

'Parece que está na hora de trocar.'

O cenário na frente de Gazef mudou de pastagens cheias de sangue para o interior de uma simples casa.  Ao redor dele estavam seus homens e as expressões de preocupação dos aldeões.

"E—Este lugar é..."

"Este é o armazém magicamente protegido por Ainz-sama."

"Chefe... Me—Mestre Gown não parece estar aqui..."

"Não, ele estava aqui até alguns momentos atrás, mas parece que ele trocou de lugar com o cavaleiro capitão-sama, desaparecendo na frente de meus olhos."


'Então foi assim, a voz na minha cabeça agora era...'

Gazef relaxou seu corpo. O que aconteceria agora estava fora de seu controle. Gazef foi ao chão, os aldeões correram até ele.  As Seis Bíblias. Um oponente que o guerreiro mais forte do Reino foi incapaz de derrotar.  Mas, em sua mente, ele não acreditava que Ainz iria perder.

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