Rokka: Volume 01, Capítulo 02

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Capítulo 2 - A reunião das seis Flores

Adlet e Fremy continuaram indo até o território dos demônios atormentados. Seis horas passaram desde que os dois se encontraram pela primeira vez, o sol brilhava fortemente no céu. Eles caminhavam silenciosamente pela montanha, que tinha apenas grama e mato crescendo entre as rochas. Após confirmarem onde estavam no mapa, eles descobriram que iriam poder ver seu destino final após duas montanhas.


“Está um tanto quanto quente, huh?” Adlet perguntou para Fremy que estava andando na frente dele.


Porém, ela não respondeu.


“Você sabe alguma coisa sobre essa região, Fremy? É estranhamente quente por aqui.”


Como esperado, ela não disse nada.


“Eu nunca ouvi falar da Santa da Pólvora. O que você é capaz de fazer?”


“...”


“Se você é a Santa da Pólvora, então você não carrega bombas? Eu compartilharia as minhas com você sem nenhum problema.”


“...”
“Eu não sabia que existia uma arma de fogo capaz de matar um Kyoma. Quem fez?”


De novo e de novo, Adlet tentou iniciar uma conversa com Fremy, esperando conseguir se aproximar mais dela, nem que fosse um pouco. Mas, a cada pergunta e comentário dele, ela apenas ignorava, e aquilo estava começando a o irritar. A primeira impressão que havia tido dela era de uma garota sozinha e abandonada. Agora, tudo o que ele via, era uma garota incompreensível e sem nenhuma habilidade social.


“Responda algo. O que você pensa de mim?”


“Incapaz e despreparado. Você é um homem tolo.”


“Então você só vai responder isso...” A resposta dela cortou a vontade dele de conversar, que decidiu caminhar em silêncio também.


Será que está tudo bem com Nashetania. Eles estavam a caminho do território dos Demônios Atormentados, mas se ela, por um acaso, estivesse tentando rastreá-lo, o encontro das Seis Flores iria atrasar.


“Se você está preocupado com a Princesa, então o que acha de ir atrás dela? Sozinho, é claro.” Fremy perguntou, como se lesse os pensamentos de Adlet.


“... não, eu não estou preocupado com ela. Pelo menos não tanto quanto estou preocupado com você.”


Fremy bufou, “Eu não achei que Nashetania seria escolhida. Se você e ela foram escolhidos como heróis, então, os atuais Heróis das Seis Flores são fracos.”


“Isso não é verdade. Tudo bem, Nashetania é ingênua e não possui muita experiência, mas ela é uma incrível guerreira.”


“Ela é arrogante e não possui habilidade, muito menos experiência.”


“Como o homem mais forte do mundo, todos parecem ter menos habilidades se comparado com as minhas próprias capacidades.”


“Idiotice.”


Fremy e Adlet ficaram em silêncio novamente. Eles haviam atravessado mais uma montanha, o que significava que, depois da próxima, eles enxergariam seu destino.


Mas assim que eles se aproximaram do pé da segunda montanha, de repente, Fremy falou, “Eu tenho um pedido.” Adlet ficou surpreso com a atitude dela. “Tudo bem se eu fizer um?”


“... O que seria?


“Dado momento, nós iremos nos matar. Eu não me importo com o que você pensa, mas vai acontecer com certeza.”


“Não, não vai...” Adlet disse, mas Fremy balançou a cabeça.


“Por favor, quando o momento chegar, pegue leve comigo. Mesmo se você escolher me matar com sua espada, não me execute.”


“Que tipo de pedido é esse? O pedido que eu queria ouvir era de você pedindo para lutar ao meu lado.”


“Você pensou que iria ouvir esse pedido de mim?”


“...”


“Eu não posso morrer! Não até essas mãos destruírem o Majin.”


Depois disso, Fremy parou mais uma vez de falar. E nem mesmo Adlet conseguia dizer algo.


Eu não posso morrer! Essas palavras possuem uma forte determinação. Porém, por trás dela, Adlet conseguia sentir uma tristeza profunda, que a garota parecia não saber como expressar.


Pensando mais uma vez em Nashetania, Adlet comparava as duas. Quando ele estava com a princesa o clima era alegre e despreocupado. Mas quando ele estava com Fremy, seu coração começava a doer, como se alguém estivesse pisando nele.


“... Aquele é o Território dos Demônios Atormentados.”


Os dois finalmente alcançaram o pico da montanha. E eles podiam ver um vasto e imenso território na frente de seus olhos.


Uma floresta que começava nos pés da montanha e ia até o oceano. E uma pequena estrada atravessava o centro da floresta. Ao longe estava o oceano escuro, e logo próximo a ele, com parte dentro da água, estava a península de Balca, também conhecida como território dos Demônios Atormentados. Onde o Majin e os Kyoma dormiam.


Adlet apontou para a ponta da península.


“Nosso ponto de encontro é onde o continente e a península se conectam.”


“O seu e dos outros, você quer dizer.”


Ele não conseguia ver a península inteira da onde eles estavam. A maioria das terras estavam escondidas com grandes morros e florestas com vegetação por todos os lugares. Estranhamente, a península inteira estava tingida em um vermelho escuro.


“Essa é uma cor linda. Imagino se é a Toxina do Majin.”


O corpo do Majin liberava uma toxina única que cobria todo o território dos Demônios Atormentados. Ela não afetava nenhuma criatura viva a não ser seres humanos, que morreriam em um dia se entrassem em contato. Só havia um método de se proteger, que consistia em ser escolhido como um dos Seis Heróis pela deusa do Destino e receber sua divina proteção.


Enquanto a toxina existisse, ninguém, exceto as Seis Flores, seria capaz de se aproximar.


“Então, e agora?” Fremy falou. “Eu não quero encontrar as outras Flores.”


Adlet apontou para o pé da montanha e falou, “Eu estou curioso a respeito daquele forte.”


Havia um pequeno forte na direção que ele apontava. Metade fora destruído. Os dois desceram da montanha e chegaram na frente da construção. Apesar do lado de fora estar danificado, parecia que ainda havia pessoas dentro.


Preocupada, Fremy colocou o capuz em sua cabeça e cobriu o brasão em sua mão esquerda. Adet encontrou um soldado sentado em uma das catapultas do forte.


“Se alguma das outras Flores está dentro, eu irei fugir.”


“... entendido.”


Adlet acenou e foi conversar com o soldado. “Com licença! Tem algum herói das Seis Flores aí dentro?”


“Não, eles vieram dois dias atrás, mas já partiram. Quem são vocês?”


Ele cruzou olhares com a garota, no momento, não parecia haver problemas em entrar no local.


“Eu sou Adlet Maia, um dos Heróis das Seis Flores. Está ao meu lado é.... Não é importante.”


Tombando um pouco sua cabeça para o lado, o soldado desceu de onde estava sentado e abriu os portões. Os dois entraram no forte e Adlet mostrou seu brasão para provar sua identidade.


“Estou feliz que tenha vindo, Herói das Seis Flores. Eu tenho algo para dizer a você a qualquer custo. Poderia me acompanhar?”


“E o que seria?”


“É muito importante. Está relacionado com suas futuras batalhas.”


Adlet olhou rapidamente para Fremy. Ela também parecia interessada na informação do soldado.


“Ahh, onde estão as minhas maneiras, sou o Primeiro Soldado Raso Rowen, da armada Gwinvale. Eu sou o atual comandante deste forte.”


“Comandante? Você?” Adlet perguntou sem pensar observando a postura do homem, Adlet entendia que ele era bem forte, mas sua patente era baixa, e seu equipamento era pobre.


“Todos estão mortos. Meu comandante, e até o General. Todos que sobraram foram eu e os novatos. Mas tem algo que nós devemos defender até o último homem.”


Rowen começou a andar, Fremy e Adlet seguiram ele para mais dentro do forte. No interior, o cheiro de morte pairava no ar, tendo vários corpos de humanos e alguns de Kyoma caídos pelo chão. Os danos dentro do forte eram muito maiores do que os de fora.


“Está aqui.”


No centro do chão, havia uma pesada porta de ferro, e a abrindo, encontrava-se um quarto subterrâneo. De alguma forma, parecia que o forte havia sido feito para proteger aquele local.


Com Rowen guiando o caminho, os dois caminharam até o fundo do subterrâneo, onde cinco soldados guardavam um pequeno quarto. Um altar em uma forma que Adlet nunca havia visto antes se encontrava no centro do quarto.


“É isto que você disse estar protegendo?” Adlet perguntou enquanto apontava para o altar. Mas Rowen balançou a cabeça.


“Esta é uma réplica do que nós devemos proteger. Por favor, olhe este mapa.”


Um mapa mostrando a área ao redor do território dos Demônios Atormentados foi estendido em uma mesa.


“Gwinvale vem se preparando para o despertar do Majin por algum tempo, e, com isso, nós criamos um plano para ajudar as Seis Flores. É isso que nós estamos protegendo.”


O soldado colocou o dedo em uma parte do mapa.


“Atualmente, os Kyoma estão invadindo o continente em grande número para atacar as Seis Flores. Creio eu que você a lutou contra eles antes. Se esses Kyomas descobrirem que você entrou no território dos Demônios Atormentados, então, eles vão retornar. O objetivo deles é eliminar completamente todos os Heróis das Seis Flores. E nada mais.”


“Entendo.”


“Então, em um plano completamente secreto, o rei de Gwinvale criou um método para pedir a entrada na Península, depois que os heróis das Seis Flores tivessem adentrado o território dos Demônios Atormentados.”


Depois de dizer aquilo, o soldado apontou para a borda entre os territórios do continente.


“O rei teve ajuda da Santa do Nevoeiro, da Ilusão, e do Sal para construir uma barreira que previne os Kyomas de entrarem ou saírem da floresta. É chamada de Barreira Ilusionária do Nevoeiro.”


Um grande círculo desenhado no mapa que ia até a entrada do território dos Demônios Atormentados. Provavelmente especificando o alcance da barreira.


Os Kyoma não podiam atravessar o oceano. E mesmo se eles tentassem usar barcos, as costas marítimas eram cobertas por pedregulhos, ou seja, não havia nenhum local para um barco atracar, ou até içar velas. Também havia alguns Kyomas que podiam voar, mas esses eram poucos. Se a barreira pudesse ser erguida no tamanho mostrado no mapa, uma grande quantidade de Kyomas ficaria para fora do Território dos Demônios Atormentados.


“Este é um plano incrível. Então, como funciona essa barreira?”


“Você não vai ser capaz de entrar nem de sair. Estas são as únicas coisas que é capaz de fazer. Quando ativada, tudo dentro do perímetro da barreira vai ser envolvido por um nevoeiro. Se alguém tentar sair, ele irá se sentir confuso sobre sua localização e, antes que note, vai estar voltando. Igualmente, se alguém tentar entrar na barreira, vai sentir a mesma coisa e vai acabar errando a entrada.


“Eu não sabia que tal coisa havia sido feita.” Adlet olhou rapidamente para Fremy. E pela expressão no rosto dela, ela também não sabia sobre a barreira.


“A barreira ainda não foi ativada. Assim que nós tivermos certeza que todas as Seis Flores entraram no território, então ela será ativada.”


“Como você irá ativar?”


“Aqui.” Rowen mostrou um ponto no mapa, um pouco distante do forte.


“Existe um templo lá, onde vamos ativar. O local está envolvido por uma parede construída pela Santa do Sal, para impedir a entrada dos Kyoma.”


Enquanto ele ouvia, Adlet não podia deixar de sentir uma grande admiração por essas pessoas que haviam planejado tudo isso. Realmente, era magnifico.


Rowen continuava a explicar, apontando uma área próxima da entrada do Território dos Demônios Atormentados.


“Um dois Seis Heróis, Mora-sama, a Santa das Montanhas, está esperando lá. Quando ela passou aqui pelo forte, dois dias atrás, nós contamos para ela da barreira, e discutimos nossos planos.”


Um dos Seis Heróis estava esperando. Aquelas palavras fizeram o sangue de Fremy gelar.


“E então?”


“Quando todos os seis se reunirem, Mora vai lançar um sinal de fumaça. Assim que confirmarmos o sinal, nós vamos ir até o templo e ativar a barreira. Se nós formos atacados pelos Kyoma antes de todos os heróis se reunirem, então, nós vamos mandar um sinal de fumaça daqui se notarmos que ninguém ira conseguir sobreviver.”


“Por quê?”


“Quando nós lançarmos o sinal, nós pedimos para que um dos Seis Heróis vá em direção ao templo, e ative ele mesmo a barreira. Depois de discutirmos com Mora, essa foi a conclusão a que chegamos.”


“...”


Adlet ficou em silêncio. Pelo o que ele ouvira, a pessoa que ativasse a barreira não seria capaz de entrar no Território dos Demônios Atormentados. Em outras palavras, um dos seis teria que desistir da luta. Mesmo assim, a barreira tinha um valor grande, sendo justo o preço de ter que ficar com um Herói a menos na batalha.


“No templo há um altar igual a esse. Por favor, observe isso.”


Rowen apontou para Adlet enquanto ficavam de frente para a réplica. Era um pedestal simples, com uma espada sagrada no meio. A esquerda, havia uma pedra de laje com escritas sagradas gravadas nela.


“Ativar a barreira é fácil. Apenas enfie a espada de maneira que fique de pé no pedestal e coloque suas duas mãos no cabo dela. Então, fale, ‘Nevoeiro, levante-se’.”


“Entendido. Eu irei me lembrar, mas ativar a barreira é o seu serviço e dos soldados.”


“Entendido. Nós cumpriremos nossa missão, mesmo que custe nossas vidas.”


Adlet estendeu sua mão para o Soldado de Primeira Classe Rowen, com um sorriso, o soldado aceitou o aperto de mão.


Adlet e Fremy deixaram o forte e continuaram seu caminho até o território dos Demônios Atormentados. Iria levar em torno de três horas para eles chegarem ao local de encontro, onde Mora, a Santa das Montanhas, estava esperando.


“Nós temos um problema.” Adlet falou. Fremy estava em completo silêncio desde que ela ouviu sobre a barreira.


“Rowen disse que Mora está esperando na entrada do território. E talvez Nashetania tenha se encontrado com ela lá também. Então, parece que vai ser difícil você entrar no território sem eles notarem.”


“Não fale comigo. Estou pensando.”


Adlet deu de ombros.


“Bom, por que nós não nos encontramos com eles então? Depois disso, podemos pensar no que vamos fazer.”


“Se isso é uma piada, eu não estou rindo. Se eu encontrar as outras Flores, nós vamos nos matar.”


Para Adlet, aquilo parecia improvável. Havia apenas seis heróis, e, independente do que tinha acontecido no passado, no momento, eles não deveriam esquecer o que aconteceu e juntar suas forças? Para Adlet, não importava se eles tivessem sido vilões ou não. Para derrotar o Majin, ele estava preparado para aceitar qualquer um como seu companheiro.


“É claro que eu não vou ser morta, sem uma luta pelo menos.”


“Não se preocupe. Se nós acabarmos tendo que lutar um contra o outro, eu vou te proteger. ”


Ele disse como uma piada. Afinal de contas, ele tinha certeza que ela iria descartar e brigar com ele. Porém, a expressão de Fremy mudou levemente.


“... Adlet... Você...”


Ele sentiu como se fosse a primeira vez que ela chamava ele pelo nome.


“Você é uma pessoa gentil.”


Ela dizer aquilo o deixou com vergonha, fazendo sua face ficar um tanto quanto vermelha. Ele começava a achar que Fremy estava se abrindo para ele, mas, no próximo instante, ela o encarou de uma maneira tão fria, que fez o sangue do rapaz gelar.


“Não seja gentil comigo. Faz com que eu queira te matar.”


Ele estava para perguntar o que ela queria dizer com aquilo, mas, antes que ele o fizesse, Adlet puxou Fremy para próximo dele, ao sentir uma aura assassina atrás deles.


Uma lâmina branca surgiu do chão onde Fremy estava poucos segundos atrás. Adlet se virou e viu Nashetania na floresta.


“Adlet-san, afaste-se dela!”


Fremy se levantou e disparou seu rifle sem nenhum aviso. Mas outra lâmina surgiu do chão, indo de encontro com o projétil. Então, um cavaleiro gigante vestido com uma armadura negra saiu de dentro da floresta e avançou em direção a Fremy. Adlet, porém, entrou na frente do cavaleiro e defendeu o ataque da lança com sua espada.


“Esperem, parem! Não ataquem!” Adlet gritou, mas Nashetania e o cavaleiro gigante não escutaram.


“Eu disse para esperarem. Não conseguem me ouvir?!”


“O que diabos você está fazendo?” Nashetania gritou ao se juntar ao ataque.


Fremy mirou sua arma em Nashetania, enquanto esquivava de outra das lâminas da Santa. Ao mesmo tempo, Adlet impedia o cavaleiro de atacar Fremy pelas costas.


“Por que tão surpreso? Eu falei, não falei? Que no momento que nos encontrássemos, nós iriamos matar uns aos outros.” Fremy disse sarcasticamente.


Adlet havia entendido isso, mas ele achava que pelo menos teria algum tempo para poder conversar e explicar as coisas.


“Você está no caminho, Adlet.”


O cavaleiro gigante atacou Adlet com a lança. Por que ele sabe meu nome? Adlet pensou, mas não teve tempo para chegar a uma resposta. Ele defendeu o golpe do cavaleiro com sua espada, e ambas as armas foram empurradas para trás com a força do impacto. Mas, enquanto eles estavam recuperando o equilíbrio, Adlet jogou areia nos olhos do oponente.


Vendo ou não aquela oportunidade, naquele momento, Fremy apontou sua arma para o cavaleiro gigante. Mas Adlet jogou uma pequena pedra no pescoço de Fremy, fazendo-a errar o tiro no último segundo.


Os quatro se movimentavam caoticamente – Nashetania e o cavaleiro tentando acertar Fremy, e Fremy contra tacando sem nenhuma piedade. Enquanto isso, Adlet, desesperado, tentava parar os ataques de todos.


Ficando impaciente, Nashetania gritou, “Adlet-san, por que está nos atrapalhando?”


Adlet gritou de volta ainda mais alto, “Todos parem agora! Ela não é a inimiga. Ela é uma das Seis Flores!”


“Huh? Do que você está falando?”


Fremy e Nashetania pararam. Então, o cavaleiro se posicionou em frente à Princesa, para protegê-la. Adlet se enfiou no meio dos três.


“Olhe para a mão direita dela. Ela é um Herói das Seis Flores, não um inimigo.”


Nashetania e o cavaleiro olharam para Fremy, então, engasgaram quando notaram o brasão na mão dela. Mas, ainda assim, não abaixaram suas respectivas armas.


“O que... o que é isso, Goldof?” Nashetania perguntou ao cavaleiro gigante... Goldof.


“Eu não entendo. Eu fui certamente informado que Fremy é de fato nossa inimiga.” Goldof respondeu apontando a ponta da lança em direção a Fremy.


“Hey, gigante. Pare de manipular a Princesa! O que acha que está fazendo?” Adlet perguntou.


Goldof não respondeu, apenas encarou Adlet.


“... Você é... Adlet! Aquele que deixou a princesa para trás?!”


“E você é o cara que parece estar nervoso há um bom tempo. Responda a maldita pergunta.”


Adlet e Goldof continuaram a se encarar, mas Nashetania acalmou o cavaleiro. E, para suavizar a situação, Adlet falou calmamente e com cuidado.


“Primeiramente, eu vou perguntar para você, Nashetania. Por que está atacando Fremy? Ela é nossa companheira.”


“Você está errado Adlet-san. Por favor, afaste-se desta garota.”


“Por favor. Responda minha pergunta. Eu ainda não entendo o porquê. ”


“...Adlet-san. Você pode achar difícil de acreditar, mas essa garota é a Assassina das Seis Flores.”


Adlet olhou para o rosto de Fremy. Ela não havia nem se movido, ela apenas continuava ali, preparada para usar seu rifle, olhando venenosamente para Nashetania.


“Assassina das Seis Flores? O que você está dizendo?!”


“É uma informação certa que Goldof descobriu.” Goldof acenou em sinal de positivo como resposta ao que Nashetania disse.


“...Fremy.”


Adlet olhou para o rosto da garota mais uma vez. Provavelmente é uma mentira, ele pensou. Mas Fremy respondeu como se fosse algo extremamente obvio.


“Eles estão certos.”


“... O que... como assim?”


“Eu te disse antes. Se eu falasse para você o motivo pelo qual os outros iriam me matar, você também tentaria fazer o mesmo.” Disse Fremy, tirando a mira do Rifle da Princesa Nashetania, e mirando em Adlet.


“É mentira, certo?”


“É verdade. Eu matei Matola Wichita, Foudelka Holly, Asley Alan, e muitos outros heróis que poderiam ter sido escolhidos como uma das Seis Flores. Até mesmo Goldof e Nashetania estavam na minha lista. Porém, você não.”


Adlet lembrou de uma conversa que teve com Nashetania.


“Leura também? Você matou a Santa do Sol?”


Fremy tinha um olhar confuso.


“A Santa do Sol? Leura?... Eu não sei nada a respeito disso. Apesar de que ela era uma das que estavam na minha lista.”


“Isto é irrelevante, Adlet-san. Ela é perigosa. Por favor, venha até aqui.” Disse Nashetania, mas Adlet não tirava os olhos de Fremy.


“Por quê? Por que você matou os candidatos a Seis Flores?”


“A resposta é óbvia. Para reviver o Majin. Se eu matar todos os guerreiros mais fortes, os que sobrassem seriam apenas os mais fracos.” Ela respondeu.


Adlet não sabia o que dizer, mas, então, Goldof furiosamente falou, “Agora você entende? Aquela garota... Fremy é o inimigo.”


Nashetania e Goldof se separaram, um avançando pela direita e o outro pela esquerda. A intenção era cercar Fremy, e a atacar no meio. Porém, Adlet não conseguia se mover. O assassino das Seis Flores também era um dos heróis que tinha o brasão das Seis Flores. Se ambos eram fatos evidentes, ele se perguntava em qual ele devia acreditar.


Então, as palavras de Fremy ecoaram em sua cabeça.


“.... Não!!!” Adlet gritou, indo em defesa de Fremy.


“Adlet-san, por quê?”


Adlet estava preocupado se era o certo parar os dois, mas Fremy havia dito que não iria morrer enquanto não matasse O Majin. E ele acreditava que aquelas palavras não eram mentiras.


“Escute Nashetania, Goldof. Escutem bem. Os heróis das Seis flores não apenas são escolhidos baseados por suas forças. Mas também pela vontade de derrotar o Majin. Não importa o quão forte uma pessoa é, aqueles que se aliam ao Majin não podem ser escolhidos como um dos Seis.”


“Mas ela...”


“Fremy...você não está planejando ressuscitar o Majin, certo?”


Fremy concordou.


“E você tem alguma razão para lutar contra o Majin, e o matar, certo?”


“Sim... eu tenho.”


Adlet olhou na direção de Nashetania e abriu seus braços.


“Você entende Nashetania? Ela é definitivamente a assassina das Seis Flores. Mas as circunstâncias mudaram.”


“Você realmente acredita nisso?”


“Eu confio nela. E eu entendo isso: o desejo dela de matar o Majin é genuíno. Mesmo se antes ela era nosso inimigo, agora, ela é, sem dúvidas, nossa aliada.”


“... Mas...”


“Se você quiser lutar mais, eu irei proteger a Fremy.”


Nashetania considerou a situação por um momento. Enquanto isso, Goldof dizia, “Se me permite o comentário, seria Adlet realmente confiável, Princesa?”


“Você era o cara me atacando agora. Qual o problema?”


“Eu estou aqui para proteger a Princesa. Qualquer um que a exponha ao perigo é meu inimigo.”


“Entendo. Mas, por hora, você pode pedir a Nashetania para sessar o ataque?”


“Adlet, se dirija a ela como Princesa!!” Goldof falou, extremamente bravo.


“Como vocês dois lutarem pode ajudar em qualquer coisa? Eu entendo Adlet-san. Já que você insiste, eu acho que nada pode ser feito, Goldof, vamos confiar em Adlet.” Nashetania ordenava e, em seguida, guardava sua espada na bainha.


Relutantemente, Goldof também baixava a guarda. Adlet soltava um suspiro de alívio.


“Mas... por favor, tome cuidado,” Nashetania continuou. “Você é fácil de enganar.”


“Tudo bem. Eu sou o homem mais forte do mundo afinal de contas. Eu não serei enganado.”


“Eu me sinto extremamente incomodada com isso.” Nashetania respondeu.


Adlet olhou em direção a Fremy. “Sua preocupação de ser morta não faz mais sentido, então, também abaixe sua arma.”


“Por enquanto.” Fremy disse, abaixando o rifle.


“Fremy-san. Escute bem o que eu vou falar, eu não confio em você, mas eu confio em Adlet-san.”


“Você é uma garota ingênua, por confiar em uma cara assim.”


Apesar de ambas, Nashetania e Fremy, terem abaixado suas armas, o clima entre as duas ainda era tenso. E, ao mesmo tempo, Goldof encarava Adlet com um olhar cheio de inimizade.


A situação deixou Adlet extremamente nervoso, ao ponto de pensar se os Heróis das Seis Flores seriam realmente capazes de lutar contra o Majin.


Por hora, os quatro decidiram ir até onde Mora estava esperando. E como Fremy havia decidido se juntar a eles, Adlet devolveu a bolsa que ele tinha tomado dela. Eles estavam caminhando pela floresta, Nashetania e Goldof próximos um do outro, Adlet um pouco longe deles, e Fremy mais distante ainda. Era como se aquela distância representasse a distância entre os corações dos quatro.


“Hey, Fremy.”


“O quê?”


“Tendo ajudado você lá trás, não acha que você deveria me dar pelo menos um agradecimento?”


“Não tem motivos para agradecer você.”


Adlet deu de ombros para as palavras frias de Fremy. Então, Nashetania sussurrou para Adlet, para que a outra garota não ouvisse. “... Adlet-san.”


“Qual o problema?” Adlet perguntou, mas ela apenas respondeu com um olhar frio. “Perdoe-me por ter lhe deixado lá atrás, mas eu não tive escolha. Eu achei que seria ruim se Fremy tivesse fugido.”


O olhar da princesa ficou mais frio ainda. Adlet se encolheu um pouco.


“Só foi um dia e meio. Não precisa ficar tão brava.”


“Por que você está falando assim?” Nashetania escondeu a boca com sua mão. Havia um sorriso malicioso no rosto dela, mas o que era diferente nela agora eram os olhos, eles estavam carregados de negatividade.


“Seja qual for o motivo que você escolheu o lado dela, não é uma situação que você pode simplesmente dar uma desculpa meia boca! Fremy-san é muito linda. Estou com ciúmes.”


“... Ei!”


“Certo, certo, eu sei. Provavelmente todo homem no mundo ama o tipo de garota que os faz querer protegê-la do perigo, huh?”


“A respeito disso ...”


“Tá, por que vocês não arranjam um quarto logo de uma vez?! Hmpft.” Após falar sarcasticamente, ela se distanciou de Adlet.


“... você é mesmo uma princesa?”


“Sempre me perguntam isso, e sim, eu sou.” Nashetania virou o rosto.


Qual o problema dela?


O clima entre eles era pesado. Fremy ignorando intencionalmente a todos, e Goldof encarando Adlet irritado por falar com Nashetania. Então, Adlet se perguntou se este tipo de clima continuaria por todo o caminho, até eles chegarem onde Mora estava esperando, o que o fez ficar desanimado.


Mas porque será que Goldof fica me encarando? Adlet se aproximou do gigante e tentou falar com ele. “Com toda a confusão de antes, nós não tivemos tempo de nos apresentar, mas, de agora em diante, espero que possamos nos dar bem. Eu sou o homem mais forte do mundo, Adlet Maia.”


“Ah.” O tom de voz de Goldof estava cheio de malicia.


“O assassino das Seis Flores, Fremy. Você a estava perseguindo, certo?”


“Sim.”


“Eu entendo que você não se sente satisfeito com a situação, mas tente se segurar por hora. Pelo menos, entenda a circunstância na qual nos encontramos.”


“O que você quer dizer? Eu apenas sigo as ordens da Princesa.”


Estranho. Não parece que ele está bravo com Fremy. Então, por qual motivo ele parece me odiar?


“Por acaso eu fiz algo de ruim no torneio? Talvez, eu machuquei o seu mestre? Você acha que eu deveria me desculpar por algo?”


“Na verdade, não, nada que você precise se desculpar.”


Nada do que ele tinha falado parecia ser a razão. Então, por quê?! Enquanto ele ponderava, Goldof sussurrou, para que Nashetania não escutasse.


“... Adlet. Como você conseguiu se aproximar da princesa?”


O cérebro de Adlet deu um estalo, quando ele ouviu aquelas palavras. Então, ele olhou da Princesa para Goldof, comparando o rosto deles.


“Por quê? Você está preocupado de eu e ela virarmos amigos?”


“Preo... Preocupado? Não...”


“Relaxa. Não é o que você está pensando. Se você se preocupar com coisas bobas, ela vai tirar sarro de você.”


“...Uh, do que você está falando? Não seja um idiota.”


Ele era uma pessoa simples. Parecia que o fato de Nashetania e ele estarem virando amigos era o único motivo pelo qual Goldof não estava feliz. Apesar de ele não poder julgar pela aparência, Adlet achava que o cavaleiro tinha aproximadamente 16 anos de idade. Dentro de sua cabeça, ele ainda era, provavelmente, uma criança.


“Faça o seu melhor para proteger a princesa. Enquanto nós viajávamos juntos ela disse um monte de coisas, mas parece que ela tem muita confiança em você e sua força. Você é o único que pode protegê-la.” Adlet disse.


“Naturalmente, só eu posso.”


Apesar de Adlet ter dito aquelas palavras como um elogio, a expressão de Goldof parecia estar mais calma. Ele era fácil de lidar, e, nesse aspecto, era completamente diferente de Nashetania ou Fremy.


“.... Mas o inimigo não está vindo.” Balbuciou Goldof


Isto é verdade, pensou Adlet.


Tudo estava calmo demais. É estranho, nós conseguirmos jogar papo fora desta maneira, mesmo estando tão próximos do território dos Demônios Atormentados?  E aquele fato só fazia o clima ficar cada vez mais tenso.


Naquele momento, Fremy, que estava andando em total silêncio disse, “Interessante.”


Os três, olhando para trás, viram Fremy observando os céus.


“Kyomas voadores estão acima de nós por algum tempo já.”


Adlet tirou o telescópio de um de seus bolsos e olhou na direção que Fremy apontava. Realmente, havia um certo número de Kyomas no céu.


“São apenas alguns poucos, nada com que precisemos nos preocupar.” Falou Nashetania.


“Se eu me lembro bem, aquele local é...” Adlet mediu a distância entre eles e os Kyomas de olho e comparou com o mapa mental que ele tinha da área. “Isto é ruim. Lá é onde o templo da Barreira Ilusionária do Nevoeiro está.”


Tensão percorreu todos os quatro. O Soldado de Primeira Classe Rowen disse que, assim que estivessem dentro da barreira, os Kyomas não seriam capazes de se aproximar dos Heróis. Mesmo assim, a situação ainda os deixava preocupados. Adlet olhou para Fremy. “Você consegue acertar eles daqui?”


“Isto seria complicado. Eu teria que me aproximar um pouco.”


“... Eles derrubaram algo.” Goldof falou.


Os Kyoma pareciam estar expelindo algo de suas bocas. E, no instante seguinte, um forte rugido, junto de uma fumaça, foi se espalhando pelos céus.


“Adlet-san. O que diabos foi isso?” Nashetania perguntou.


“Bombas… Os Kyoma estão soltando bombas no templo.”


“Bombas? Não seja ridículo.”


Adlet estava tão chocado quanto ela estava. Ele sabia que existiam Kyomas inteligentes, mas ele nunca considerou a possibilidade de um deles ter a habilidade e os materiais para fazer explosivos.


Nashetania olhou para Fremy e disse. “Você é a Santa da Pólvora, isto está relacionado com você?”


“Eu não sei nada a respeito disso.”


“De qualquer forma, vamos!”


Os quatro correram velozmente pela estrada. O templo estava a quinze minutos de distância se eles corressem a toda velocidade. Mas após dispararem por 5 minutos, eles viram uma linha de Kyomas bloqueando o caminho. Eles não haviam encontrado nenhum inimigo quando passaram por aquela área anteriormente. Então, obviamente, os Kyomas planejavam mantê-los na floresta.


“Vamos atravessar a formação deles! Goldof!”


Em resposta a Princesa, Goldof se abaixou, fazendo seu corpo ficar o menor possível. Então, como um projétil gigante ele saltou em direção a um dos Kyomas. Girando sua lança, ele colocou todo o peso na arma e a estocou na cabeça do Kyoma que parecia um urso, mas tinha cabeça de um inseto. O Kyoma provavelmente pesava dez vezes mais que Goldof, mesmo assim saiu voando dez metros para trás com o impacto do golpe.


Goldof tentou avançar pela abertura que tinha feito, mas um Kyoma com cabeça de tigre gritou, “Chee-egaram. Peg... peguem eles!” Apesar de suas palavras serem difíceis de entender, elas eram definitivamente da língua humana.


Todos os Kyomas cercaram Goldof, que estava à frente dos outros heróis


Você é muito apressado. Adlet pensou, pois, como o Kyoma tigre gesticulou, os outros os cercarem por todos os lados. Esses Kyomas eram diferentes daqueles que eles encontraram antes. Se eles entendiam a linguagem humana, eles tinham a inteligência para criar uma tática de flanquear. Eles deviam estar vivos por um bom tempo já.


Goldof abriu caminho no meio dos Kyomas que estavam atacando por todos os lados, e Nashetania, ao mesmo tempo em que protegia as costas do cavaleiro, também dava o golpe final nos Kyomas que ele derrubava. Adlet e Fremy também estavam sendo atacados por todos os lados, fazendo Adlet jogar no chão sua caixa de metal e começar a lutar também.


A batalha se tornou caótica, impedindo os heróis de sair do círculo de Kyomas e poderem ir até o templo.


“Adlet-san. Vá para o templo. Nós damos um jeito aqui.” Nashetania disse enquanto bloqueava o ataque de um Kyoma lobo.


“Ah, certo. Acho que nos salvar de uma situação difícil é minha função afinal de contas. Hey, Fremy, Goldof, observem. Eu sou o homem mais forte do mundo.”


“Chega disso. Só vá logo de uma vez!”


Ele não estava apenas perdendo tempo, ele estava pensando numa maneira de sair daquela confusão.


“Nashetania, Goldof, Fremy! Ataquem na direção do templo com tudo o que vocês têm!”


Nashetania e Goldof confirmaram com a cabeça. E, apesar de Fremy não ter dado nenhum sinal, pelo menos parecia que ela tinha entendido o comando.


Goldof atacou com a lança derrubando um Kyoma. Então, Nashetania invocou uma lâmina, empalando o Kyoma de trás. E Fremy matou com um tiro o Kyoma que estava na frente de Adlet.


“Contamos com você!”


“Pode deixar.”


Vendo que Nashetania e os outros estavam segurando os Kyomas restantes, Adlet não precisou passar mais nenhum comando. Pois nenhum Kyoma parecia estar seguindo ele.


Após correr a toda velocidade por um tempo de dez minutos, o som da batalha diminuiu. E, alguns minutos depois, a floresta se abriu, revelando um templo.


“Finalmente.”


Adlet parou e observou o templo. Parecia que os Kyomas que haviam bombardeado o templo, já tinham partido. Entretanto, o cheiro de pólvora ainda era forte no ar.


O templo era inesperadamente pequeno, do tamanho de uma casa comum. Mas a parede de pedra que ficava envolta era artisticamente bem-feita.


A construção estava completamente cercada por 20 pilares. Eles eram provavelmente as defesas da Santa do Sal, feitas para afastar os Kyomas. Fora do perímetro, havia vários tipos de pegadas de diferentes Kyomas, mas dentro da área protegida pelos pilares, não havia nem menos uma. Como esperado, os Kyomas não conseguiam atravessar os pilares de sal.


Partes dos pilares estavam chamuscados por causa das explosões, e havia marcas de queimado dentro do templo, mas não parecia que nenhuma das bombas tinha feito um dano muito grande.


Provavelmente não há nenhuma vítima. Ele pensou ao mesmo tempo que encontrou uma mulher caída próxima a um dos pilares de sal.


“Hey, tudo bem?”


Adlet correu até ela. A mulher estava vestindo a roupa de uma sacerdotisa Shinto, e as costas dela estavam terrivelmente queimadas.


“Aguente aí, eu vou te ajudar.” Adlet disse, erguendo-a em uma posição sentada. “Não se preocupe! Seus ferimentos não são profundos!” Ele falou enquanto procurava em um dos seus bolsos por medicamentos.


“Rá-pido...” a mulher murmurou, apontando para o templo.


“Está tudo bem agora! Não se mova.”


“Rápido... corra, você não vai conseguir a tempo... por favor, tudo o que...”


Adlet cerrava os dentes. Sem medicamentos, havia pouco que ele podia fazer por ela. Eu devia ter trazido a caixa da metal. Lá havia bandagens e gaze para queimaduras


“Eu estou bem... Mesmo parecendo tão mal assim... Eu sou uma Santa.”


“Não morra.”


Adlet gentilmente a deitou no chão, então, passou pelos pilares de sal e ficou de frente com o templo.


A porta do templo estava trancada com uma fechadura forte. Adlet colocou sua espada no buraco da chave e tentou quebrar o mecanismo, mas a fechadura nem sequer rangeu.


“Merda, não tem ninguém dentro, e está fechada. Você aí!” Adlet gritou para a mulher. “A chave!”


A mulher sacudiu a cabeça. Adlet, então, pegou um adesivo explosivo de um dos seus bolsos, prende-o na fechadura e o ativou.


Com a explosão, a fechadura explodiu. E, logo em seguida, dois soldados surgiram de dentro do templo. Vestidos dos pés à cabeça com armaduras, espadas cravadas por todo o corpo de ambos os homens, os dois avançaram para cima de Adlet.


“O que é isto?”


Os soldados vieram até ele em linha reta, mas eles não estavam se movimentando muito rápido. Ele não precisava ir tão longe e usar uma de suas armas secretas, ele apenas acertou eles na cabeça com o cabo da espada. E, no momento que o elmo deles caiu, Adlet viu que eles não tinham cabeças.


“Mas que diabos?”


Ele tentou perguntar à Sacerdotisa o que estava acontecendo, mas, naquele momento, uma risada aguda invadiu o local.


“Akakyakyakyakya.” A mulher ferida ria enquanto seu corpo se contorcia e recurvava para trás. Um chifre surgiu em sua testa, e a face dela virou a de um hediondo macaco.


Adlet sabia o que ela era. Ela era um Kyoma Transmorfo. Seu mestre havia dito que havia alguns poucos Kyomas que podiam se transformar em humanos ou animais, eles realmente existiam.


“Você!”


O Kyoma Transmorfo fugiu imediatamente. Ele começou a persegui-lo, mas logo parou. Investigar o estado do templo, era prioridade principal. Mas, então, quando ele seguiu em direção ao templo, uma sensação de pavor o atingiu.


“Mas o quê...?”


Foi como se seu corpo inteiro tivesse sido jogado embaixo de água congelada, o ar do local ficou mais frio.


Então, lentamente, um nevoeiro surgiu do chão. Subindo dos seus pés até seu peitoral, então, seguindo para a sua cabeça, e, em um piscar de olhos, cobriu tudo completamente.


Adlet lembrou das palavras do Soldado de Primeira Classe Rowen: Assim que a barreira for ativada, a floresta será inteiramente coberta em um nevoeiro.


O corpo inteiro de Adlet começou a tremer, tanto sua mentem quanto seu corpo, sentia o perigo se aproximar.


Após a barreira ser ativada, ninguém mais vai ser capaz de entrar.


Adlet adentrou o pequeno templo e olhou para o altar localizado no centro da estrutura.


E aqueles dentro, não serão capazes de sair. Teria o mesmo efeito em ambos, humanos e Kyomas.


Rowen havia dito que se alguém colocasse a mão na pedra mística e cravasse a espada sagrada no pedestal, então, a barreira iria ativar.


E Adlet estava olhando diretamente para a espada cravada no pedestal.


“... eu não movi,” Adlet sussurrou. “Quem foi? Quem ativou a barreira?”


Adlet correu para fora do templo enquanto gritava. Ele então assoprou a flauta que atraia Kyomas e olhou pela área com o telescópio.


“Adlet-san!”


Depois de algum tempo, Nashetania apareceu, a face dela ficando vermelha, e sua expressão endurecendo enquanto corria em direção a Adlet. Goldof e Fremy, logo atrás.


“O que aconteceu? Por que você ativou a barreira?” Ela gritou. Era a primeira vez que ele a ouvia brava.


Embasbacado, Adlet respondia, ”... não, não fui eu. Alguém ativou a barreira, então sumiu no mesmo instante.”


“Isso é mentira.”


“Eu não estou mentindo. Em um piscar de olhos, eles realmente sumiram em um piscar de olhos.”


Os lábios de Nashetania estavam tremendo e Goldof olhou para ele com um olhar espantado. Até mesmo Fremy estava assustada.


Isso não pode estar acontecendo. Eles estavam presos?


“De qualquer forma, todos para dentro.” Adlet disse, e todos correram para dentro do templo.


Nashetania encarou estupefata para a espada no pedestal. Então, ela colocou a mão na espada e, depois disso, checou tanto o pedestal quanto a lâmina.


“A barreira foi ativada. Não pode ser. Quem fez isso?” Disse Nashetania, forçando as palavras pelos seus lábios.


“Desculpe, mas não tenho ideia do que aconteceu.” Adlet falou, balançando a cabeça.


“De qualquer forma, nós temos que desativar a barreira.” comentou Goldof. ”Com licença.” Ele, então, aproximou-se do altar e removeu a espada. Entretanto, eles não notavam nenhuma diferença no nevoeiro que envolvia a floresta.


“Não funcionou? Princesa, você sabe como desativar a barreira?”


“Eu também não sei. Mas provave...”


“Passe a espada para cá, deixe-me tentar algo.” Adlet falou abruptamente.


“Você sabe de algo?”


“As últimas Seis Flores criaram uma barreira similar. Eles devem ter desativado a barreira assim.”


Adlet passou a lâmina em sua mão, cortando a pele, e pingou o sangue que estava na espada no pedestal.


“Barreira desativar.” Adlet disse, mas nada aconteceu.


Em seguida Nashetania pegou a espada. “Barreira dissipar! Barreira desativar!  Parar!  Nevoeiro pare!  Eu sou o mestre da barreira.”


Um após o outro, ela tentou os possíveis comandos, mas, no final, a barreira não desativou. Então, esperada de cansar e estressada, ela começou a bater no pedestal com o seu Florete, rachando a espada sagrada, e quebrando a lajota em que a espada ficava cravada.


“Acalme-se Nashetania. Não há motivo para se descontrolar.” Fremy disse com uma voz indiferente. “Rowen deve estar próximo, com certeza ele deve estar vindo para cá ao ver as explosões.”


“.... Certo, certo. Desculpe-me.” Nashetania parecia estar com vergonha, mas em seguida ela comandou, “Goldof, defenda o templo. Você também Fremy.”


E então, ela e Adlet saíram à procura de Rowen.


#


Eles procuraram por uns 30 minutos, mas não encontraram nenhum vestígio do soldado de primeira classe. Então, eles voltaram para o templo. Ou Rowen e seus soldados não vieram para onde os Heróis estavam, ou eles foram todos mortos.


“O que nós deveríamos fazer? Com as coisas indo desse jeito, a Santa Mora ficará isolada.”


“Mais importante, nós não poderemos sair daqui.”


Os quatro olharam um para o outro e discutiram maneiras para tentar resolver a situação em que eles se encontravam, mas nenhuma boa ideia surgiu.


“O que é essa confusão?” Alguém disse ne frente do templo.


O grupo olhou para ver uma garotinha de frente com a porta quebrada. Ela tinha uma estranha aparência. Tinha em torno de 13 ou 14 anos, usava um vestido aberto com babados, e um chapéu de bobo da corte. Junto a isso, ela segurava um pedaço de uma planta Setaria [1], e tinha um cantil de água pendurado diagonalmente numa fivela do seu ombro até a cintura. Parecia que ela havia se perdido no meio de um piquenique de família.


“Hm, você, gigante.” A garota disse olhando para Goldof.


“Vejo que achou o Assassino das Seis Flores, huh? E ali definitivamente é a Princesa de Piena.” Disse, olhando para Nashetania. Ela falava calmamente, como se não tivesse nenhuma ideia da situação em que eles se encontravam. “Vocês foram escolhidos como uma das Seis Flores?”


“Quem é você?” Adlet perguntou.


A garota sorriu e disse, “Um prazer te conhecer, pessoa com cintos esquisitos. Santa do Pântano, Chamo Rosso. E Chamo foi escolhida como uma das Seis Flores.” Ela, então, levantou parte do vestido, mostrando o brasão das Seis Flores que se encontrava na sua coxa.


“Uma criança...?” Adlet murmurou.


Chamo Rosso, a Santa do Pântano. Não existia um guerreiro que não havia escutado aquele nome. Ele até mesmo ouvira que o poder dela superava facilmente o de Nashetania. E ela só não era a mais forte guerreira daquela era, mas, tirando apenas a Santa da Flor Única, ela também era conhecida como a guerreira mais forte de toda história. Porém, Adlet não sabia que tipo de poder ela tinha, e muito menos achou que ela seria uma menininha.


“Quem é você?” Chamo Perguntou.


“Eu? Sou Adlet Maia, o homem mais forte do mundo. Assim como você, eu também fui escolhido como uma das Seis Flores.”


“Mais forte do mundo? Não seria Chamo?” A garota respondeu.


“Parece que é comum dizer isso hoje em dia, mas, na verdade, você não é. A pessoa mais forte do mundo realmente sou eu.”


“Eu não entendo o que você está dizendo.” Chamo pendeu o pescoço um pouco para o lado.


Brincando, Adlet disse, “Perdoe-me. Eu acabei tomando o seu título de mais forte do mundo. Bom... ser o segundo já é incrível o suficiente, então, você deveria ficar feliz.”


“Hoey.” Chamo fez um estranho som e cruzou os braços enquanto pensava. Então, após alguns segundos, ela bateu as mãos uma na outra e disse, “Ah, entendi. Ele é um idiota.”


“Ele é um pouco estranho, mas é confiável. Não se preocupe.” Nashetania falou, entrando no meio da conversa dos dois.


Foi então que Adlet percebeu Fremy atrás dele. Até então, sua face estava inexpressiva, mas, agora, ela ficava cada vez mais pálida. E seus lábios tremiam levemente.


Chamo olhou para ela e disse, “Quando tempo, Fremy. Por que está aqui?”


Adlet estava pronto para perguntar se elas se conheciam, mas Fremy começou a tremer em medo.


“Então, Fremy, nós conversaremos mais tarde. Agora, digam, o que diabos aconteceu aqui?”


Enquanto Chamo brincava com a Setaria em sua mão, um sorriso misterioso aparecia em seu rosto.


#


Nashetania e Adlet revezaram em explicar o que havia acontecido para Chamo. A menina não havia parado no forte que Rowen estava, mas ela parecia saber um pouco sobre a Barreira Ilusionária do Nevoeiro. Porém, ela também havia dito que não sabia o suficiente para pensar em uma maneira de desativá-la.


Enquanto eles falavam, Adlet, às vezes, olhava para Fremy. Ela estava parada quase que petrificada na outra extremidade do templo. Ele nem havia tentado perguntar qual a conexão entre as duas.


“Hmmm. Entendo agora. Temos um pequeno problema.”


Pequeno? Adlet pensou.


“ Bom, tudo bem. Mas, por hora. Não deveríamos matar Fremy?” Chamo falou como se fosse a coisa mais natural no mundo. E, em reflexo, Fremy sacou seu rifle.


“Espere!” Adlet rapidamente entrou na frente das duas.


Chamo olhou para ele com uma expressão confusa. “Por que você está interferindo?”


“Eu que deveria perguntar, o que você está pensando!? Nós acabamos de explicar que Fremy é uma de nós.”


“Você diz coisas estranhas. Ela é a assassina das Seis Flores. Então é obvio que foi ela que ativou a barreira.”


Chamo levou a Setaria até a boca, mas Nashetania segurou em seu pulso.


“Por favor, espere Chamo-san. Quando a barreira foi ativada, Fremy estava conosco. Ela não poderia ter ativado.”


“Ah, certo. Mas ela ainda é a Assassina, então, deixe-me.”


“Não!”


Chamou encarou Nashetania com olhos banhados em fúria. “Por que você está dando comandos para Chamo? Por acaso você é alguém importante? A princesa de algum lugar ou algo do gênero?”


“Sim, de fato eu sou!” Disse a Princesa, com uma voz imperativa.


“.... Pensando nisso, realmente, você é. Então, o que nós deveríamos fazer a respeito disso?” Disse Chamo com um sorriso amargo.


“Chamo, aconteceu algo entre você e Fremy?” Adlet perguntou, mas quem respondeu não foi a menina, mas Goldof, que, até aquele momento, tinha ficado em silêncio.


“Chamo lutou contra Fremy no passado.”


“Como assim?”


Continuando da onde Goldof havia falado, chamo começou a falar. “Foi um ano e meio atrás. Fremy estava mirando sua arma para Chamo. A mascote de Chamo a protegeu, mas foi por pouco. Então, Chamo e Fremy lutaram, mas Fremy acabou fugindo. Foi a primeira vez que Chamo não eliminou alguém que ela queria matar. Então, Chamo está extremamente brava.” Uma aura assassina emanava do corpo dela.


“Todo esse tempo Chamo estava pensando que deve matar Fremy. Então tudo bem em matar ela.”


Adlet balançou sua cabeça negativamente, e Nashetania não soltou o pulso de Chamo. Um clima turbulento envolvia os heróis.


“Chamo-san. Por favor, espero um pouco. Primeiro nós deveríamos dar um jeito no problema da barreira.” Disse Nashetania.


“Você e o gigante vão ter que dar um jeito na barreira sozinhos. Enquanto isso, Chamo vai dar um jeito na Fremy.”


“Nashetania está certa, Chamo. Com nós cinco aqui, isso significa que Mora foi na nossa frente sozinha. Pelo bem dela, derrubar a barreira é a prioridade.”


Adlet e a Princesa continuaram a tentar a persuadir Chamo a não matar Fremy, mas então, outra voz veio da entrada do templo. “Não precisam se preocupar comigo.”


Todos olharam na direção da voz para ver uma mulher alta parada na entrada. Ela parecia estar na casa dos 20 anos. Seus olhos vibrantes e sua postura demonstrava seriedade. Cabelos negros escorriam pelas suas costas e ela vestia uma roupa de Sacerdotisa azul. E, em seus braços, duas luvas de aço que pareciam servir tanto para o ataque quanto para se defender.


Apenas parada daquela forma, Adlet já sabia que ela era uma guerreira excepcional.


“Já faz um bom tempo, princesa Nashetania, Chamo. E eu suponho que o rapaz ali, é Goldof-dono. Como vão vocês?” A mulher andou até o centro do templo. “Eu sou a Santa das Montanhas, Mora Chester. Eu também trabalho como a líder de todos os templos. Estarei contando com todos vocês.”


Mesmo após a aparição de Mora. Nashetania não soltou o pulso de Fremy. Porém, a mulher mais velha se aproximou, entrou entre as duas e as separou.


“Parece que temos algum tipo de disputa. Chamo, não é o momento para ser mesquinha.”


“... Mora-obachan, Chamo não fez nada de errado.”


“É verdade? Eu vou ouvir suas desculpas depois. Por hora, fique quieta.”


Devido à intervenção de Mora, Chamo relutantemente ficou quieta. O que fez Adlet se sentir aliviado, já que uma pessoa como Mora havia parecido. E agora, com a chegada da Santa das Montanhas, todos os Seis Heróis estavam reunidos.


“Agora, vamos conversar sobre o verdadeiro motivo? Por que a barreira foi ativada?”


“Temo que tenhamos caído em uma armadilha do inimigo.” Nashetania respondeu.


“Provavelmente. Os Kyomas incrivelmente viraram nossa própria arma contra a gente.”


“Sim, realmente... jovem?” Então. como se ela tivesse notado algo, ela olhou para a face de cada um deles. “Parece que temos um intruso entre nós. Quem é?”


Todos, exceto Mora estavam confusos.


“Um segundo. Como assim?”


“É óbvio, não temos uma pessoa a mais aqui?”


O que ela está falando? Adlet pensou, quando uma outra voz veio da entrada do templo.


“Meow? [2] Parece uma multidão. Por acaso todos os membros estão aqui?”


Um homem estranho entrou no templo. Ele tinha um cabelo despenteado que cobria seus olhos e uma aparência desleixada, fazendo difícil para Adlet saber sua idade. Se alguém tirasse as lâminas encurvadas penduradas em sua cintura, ele iria parecer uma pessoa extremamente comum. E, como se fosse algum tipo de piada, uma cauda de cato estava presa na parte de trás de suas calças


O homem olhou ao redor com um sorriso brincalhão.


“Meow, tem um monte de mulheres bonitas no grupo. Começo a me sentir motivado.”


“.... Quem é você?” Nashetania perguntou.


Mas, em vez do homem responder, Mora disse, “Eu irei apresentá-lo. Eu o encontrei pela primeira vez ontem. Este é Hans Humpty. Ele é uma das Seis Flores.”


Mas que diabos ela está falando? Todos os heróis já não estavam aqui?


“Parece que alguém trouxe uma pessoa que não foi escolhida como um dos seis. Qual de vocês não é uma das Seis Flores?”


Adlet não conseguia pensar. Tudo o que ele sabia é que eles estavam numa estranha e absurda situação. Ambos, Nashetania e Goldof, ficaram parados, completamente embasbacados. Até mesmo Fremy, que era tão fria, e Chamo tão indiferente, estavam intrigadas, incapazes de processar a informação.


“... Todos mostrem seus brasões.” Disse Adlet mostrando a marca em sua mão direita.


Então, Fremy mostrou também sua mão com a marca. Depois, Nashetania abaixou sua armadura no peitoral e mostrou a marca no meio da entrada de suas clavículas. Em seguida Chamo ergueu a saia mostrando a coxa com o brasão das seis flores.


“O que... o que você está fazendo?” Mora estava espantada.


“Goldof, e você? Eu ainda não vi sua marca.” Adlet falou. Em resposta, Goldof retirou a armadura de seu ombro direito, e mostrou o bíceps. A marca das Seis Flores estava perfeitamente desenhada em seu ombro.


Olhando para os cinco brasões, Mora e Hans congelaram ao entender a situação que estava acontecendo.


“Mora-san, Hans-san, por favor, mostrem suas respectivas marcas para nós.”


“Meow, meow, o que é isso?” Hans tirou sua camisa e, com seu peitoral exposto, ele mostrou o brasão das seis flores no lado esquerdo, próximo à área do coração.


“... Mora-san, sua vez.”


“Impossível, o que é isso? O que está acontecendo?”


O olhar de todos foi para Mora. Ele desbotoou sua roupa, virou de costas, e, no meio de suas escapulas estava, para o espanto de todos, o brasão das Seis Flores.


“São sete?” Uma assustada Nashetania murmurou.


Mora falou firme, “Olhem bem. É impossível ter Sete Heróis das Seis Flores.”


Os sete confirmaram a marca um dos outros. E, em cada comparação, tamanho, brilho, formato, etc., não encontraram nenhuma diferença, todos os brasões eram idênticos.


Todos ali estavam sem palavras, completamente sem ideia do que estava acontecendo.


“... seria impossível, sete pessoas serem escolhidas como heróis?” Adlet perguntou.


“.... Jovem. No passado, a Santa da Única Flor dividiu o poder dela em seis partes, e o deixou para as futuras gerações.” Mora respondeu. “Cada herói herda uma dessas partes, por isso, há apenas Seis Heróis. ”


“Então, em outras palavras, o que diabos está acontecendo?”


“Só existem Seis heróis, mais ou menos é impossível.”


“Mas tem sete pessoas aqui no momento.” Fremy disse.


“Certo, tem sete pessoas. Mas o que isso significa?” Ninguém respondeu à pergunta de Mora.


“Meohahahaha.” Após algum tempo, uma risada ressoou pelo templo. Era Hans que estava rindo.


“O que é tão engraçado?”


“Meow. Não é algo que você tenha que pensar muito. Basicamente, alguém aqui é um impostor.” Hans falou.


“Então, o ponto é, porque tem um impostor aqui.” Mora disse.


“Um de nós é inimigo, meow?”


Adlet estava em silêncio. Talvez esse não fosse exatamente o caso.


“Talvez, a deusa do destino achou que seis não eram o suficiente, então, ela adicionou outro, seria isso impossível?” Nashetania disse, porém, mesmo ela tinha dúvidas.


“Mas, se esse fosse o caso, nós não teríamos sido avisados de alguma forma? E, mesmo se tivéssemos, nós não saberíamos se a deusa havida falada ou não, meow.”


Enquanto Hans falava, ele olhava para a face de cada um deles. Um suor gelado estava se formando até mesmo em sua cabeça. Adlet e os outros também se encaravam. Mas, assim como Adlet e Hans, todas as suas faces demonstravam confusão e medo.


Um deles era o inimigo, mas, pela expressão de todos, ninguém tinha nenhuma ideia de quem era.


#


Eu sinto como se fosse estourar em gargalhadas, aquele disfarçado no meio dos sete pensou. Tentando se conter com toda a sua força de vontade e manter a expressão de susto, enquanto observava diretamente os outros Seis Heróis.


Havia sido o plano desde o começo, infiltrar-se, e tudo se desenrolou perfeitamente, assim como havia previsto. Com o brasão falso, ninguém tinha desconfiado. Então, atraindo os seis para dentro da barreira sem nenhuma dificuldade e os prendendo na floresta. Exatamente como no cenário hipotético, o plano havia sido um sucesso.


As coisas se desenrolaram facilmente, e os Seis estavam cada vez mais desconfiados um dos outros.


Então, daqui em diante, continuando a disfarçar sua identidade verdadeira, seu plano seria matar as Seis Flores, uma por uma. E, pelo visto, seria extremamente fácil. O primeiro alvo seria Adlet Maia. Ele seria a primeira pessoa a ser morta.

Notas:
[1] - Setaria parviflora Um tipo de planta com vários pequenos “pelinhos” na sua ponta. Da para ter uma boa ideia do que é na foto da personagem em questão.
[2] - é comum personagens de mangá e animes imitarem gatos ao falar.



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